Capítulo 28

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Th narrando

Mais de dois meses e eu ainda não havia coletado nem metade das informações que precisava sobre meu pai.
Estávamos perto de pegar o tal traficante, se tudo desse certo em menos de um mês estaríamos interrogando ele.

Antônio entrou na sala de treino e esperou em silêncio que eu parasse para ouvir o que tinha a dizer. Dei o último golpe no saco de pancadas e me virei para ele.

- O que houve?
- Obtivemos informações que você se ausentou da agência para fazer um serviço com os irmãos Fell
- É crime?
- Não estou brincando Alvarez
- Eu também não. Anitta é minha protegida, eu escolhi minha escolta dedo a dedo para fazer a proteção dela enquanto eu estiver ausente. Fizeram uma cilada para os meus e eu não gostei nenhum pouco, então é o seguinte, se eu precisar sair daqui pra salvar Anitta, eu vou sair -falei firme olhando bem nos olhos dele- Espero que tenha ficado claro.

Me virei e voltei a treinar sem me preocupar com o que Antônio faria ou falaria a seguir.

Quando topei entrar aqui por esse período eu deixei bem claro que tinha uma protegida e que a hora que ela precisasse de mim eu sairia de onde estivesse para ajudá-la. Não era negociável, era um fato.

Bobiei por dois segundos e minha cabeça voltou no dia que a beijei na cozinha. Maldita hora que a vi levantar e rebolar aquela raba até a cozinha. Eu observei toda a sala antes de ir atrás dela para ter certeza de que ela estivesse sozinha. Eu sabia bem o que queria e sabia que ela também queria o mesmo, eu observei seus movimentos por muito tempo para não vacilar. E quando decidi beijá-la ela simplesmente me afastou.
Eu entendi depois, mas na hora estava tão cego de vontade de tocá-la que eu nem estava raciocinando no resultado que isso poderia dar. Os lábios macios e quentes dela me envolveram. Achei que ela fosse me empurrar antes que eu a colocasse em cima da bancada, mas ela não o fez. O meio de suas pernas era o espaço perfeito para que eu me encaixasse.
Maldita! Era como se ela tivesse sido feita pra mim.
Lembro da minha mão puxando uma de suas pernas mais para cima e para mim tornando o contato ainda maior entro nós. As minhas mãos se encaixam perfeitamente em sua cintura.

Dei um chute no saco de pancadas e retornei com um murro.
Eu precisava parar de pensar nela ou enlouqueceria. Apaixonado nem era a palavra certa para o meu estado. Eu amava Anitta, a amava e a deixei.
Eu sou um grande filho da puta mesmo.
Ela se declarou apaixonada por mim na cozinha da minha casa, com a minha camiseta, comigo entre suas pernas e eu não abri a porra da boca pra dizer o que eu já sentia fazia tempo mas camuflava porque sou um babaca.

Ela tinha razão de ter me pedido pra não ligar mais pra ela. E eu tinha mais razão ainda quando disse que não sou bom para ela, porque cada vez que paro pra pensar me sinto ainda pior. Não seria uma boa companhia.

Parei o saco de pancadas e saí da sala indo para meu quarto. Eu precisava de um banho e precisava saber de Ane.

O dia que armaram para ela eu entrei na sala mas ela já não estava consciente depois da pancada na cabeça. Me praguejei por ter deixado tal coisa acontecer, mas o filho da puta que o fez aproveitou que estávamos todos ocupados cuidando de outros caras e adentrou a sala dela. Eu a levei para o hospital.
Sentir seu cheiro e tê-la tão próxima de mim mesmo que não da forma que eu realmente queria, me quebrava.
Antes de ir embora dei uma beijo em sua testa e acariciei seu rosto.

Eu confesso que minha vontade era ficar ali com ela, mas eu não poderia fazer isso. Ela me odiaria por sair de sua vida e de repente voltar assim do nada, como quem não tem culpa no cartório e eu me odiaria por fazer isso com ela.

Eu me lembro bem da conversa que tive com Ian

*Lembrança on*

- Achei que fosse sumir para resolver seus problemas -Ian me olhou cruzando os braços e esperando uma explicação como um pai espera de um filho depois que o mesmo apronta-
- Eu disse uma vez que nunca deixaria nada de ruim acontecer com Anitta, ela estar aqui foi uma grande irresponsabilidade de minha parte
- Não é disso que se trata não é? -estreitou os olhos para mim- Você a ama Th, você ama minha irmã -afirmou e soltou os braços passando as mãos na cabeça e andando de um lado para o outro do corredor-

Eu não respondi nada, mas era evidente que sim. Estava praticamente estampado na minha testa, não precisava de palavras para afirmar o óbvio.

- Tipo entrega total? Ela te ganhou dessa forma? -ele parecia não acreditar e eu continuava apenas o observando, como eu disse, não precisava de confirmação para o óbvio- Eu não acredito, eu paguei a vida inteira pra ver esse momento mas não com minha irmã, você é um filho da puta.
- É, eu sou sim -disse olhando o relógio- Deu minha hora, até mais ver Ian
- Vai deixá-la?
- Como você mesmo disse, eu sou um filho da puta -disse me virando e começando a andar- Não comente com Anitta que estive aqui, ela está seguindo bem sem mim

*Lembrança off*

Saí do hospital sem dizer mais nada e antes de voltar para a agência passei em meu apartamento, tomei um banho e pensei bem nas táticas do meu jogo. Eu tinha que descobrir o que precisava para terminar o que fui fazer na CIA.
Não demoraria muito para que eu conseguisse o que queria se pegasse firme nisso e eu o faria acontecesse o que acontecesse.

Caprichos do coraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora