Capítulo 43

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Anitta narrando

Os olhos claros de Th nunca me tranquilizaram tanto como nesses últimos dias. Nós conversamos bastante sobre tudo que aconteceu e ele me convenceu, depois de tanta insistência, a ter uma conversa com Marcelo pra resolvermos essa história de vez. Não que não tivesse resolvido, mas se ele veio me procurar é porque tem alguma ponta solta e eu queria me livrar desta logo.

Hoje eu iria jantar com o loirinho. Estávamos dando passos importantes na nossa relação as vezes conturbada, outras vezes tranquila. Nos últimos dias eu me limitei apenas a visitá-lo, mas não dormi por lá, por mais que fosse tentador.
Eu queria que fôssemos devagar, não tinha porque atropelar as coisas e sentir o gostinho de cada momento com ele tendo tempo para apreciar isso era muito melhor.

Eu me olhava no espelho pela 45º vez para verificar se tudo em mim estava impecável. Eu sabia que mesmo que tivesse algo fora do lugar ou desajeitado, Th ia gostar do mesmo jeito, mas se estivesse tudo conforme o planejado então ele ia gostar mais ainda.

O vestido branco acabava pouco abaixo da metade de minhas coxas e eu já podia ver mentalmente o loirinho praguejando a minha roupa, ri com tal pensamento.
Os saltos combinavam perfeitamente com o vestido, a bolsa era de mão e discreta, e a maquiagem não era nada extravagante ou além do normal, a cor mais forte era a dor batom que era um marsala autêntico.

Passei perfume e saí do quarto animada. Assim que terminei de descer as escadas dei de cara com Ian que me olhou torto e cruzou os braços. Tava pra nascer alguém mais ciumento e marrento que esse meu irmão.

- Onde vai?
- Vai me dar horário pra voltar papai? -provoquei pra ver a cara de poucos amigos dele-
- Não brinque comigo Anitta -eu ri e dei um beijinho em dua bochecha- Sua mulher não está precisando de atenção não?
- Ela tem toda a minha atenção
- E o que faz aqui?
- Vim te botar rédeas
- Me respeite homem, eu sou a pessoa mais certa dentro dessa família -ouvi a campanhia tocar- E agora euzinha vou me retirar, tenha uma boa noite irmão -joguei um beijo no ar e ele me olhou irritado e bufou em seguida-

Assim que abri a porta Th me deu um sorriso caloroso e me puxou pela cintura colando nossos lábios, não deu tempo nem de pensar em intensificar o beijo, pois ouvimos um raspar de garganta e eu praguejei meu irmão por atrapalhar esse momento.
Th me soltou de leve e deu uma olhada debochada para Ian.

- O que é florzinha? -o loirinho perguntou-
- Se não cuidar direito da minha irmã, eu faço de você um belo picadinho de carne

Th riu antes de me puxar de novo e fechar a porta sem responder meu irmão. Esses dois eram uma comédia eu devo admitir.

O restaurante que fomos era magnífico, tanto em quesito estrutura e decoração como em atendimento.
Eu estava feliz por estarmos caminhando tão bem.

Eu continuava com os treinos, nem sempre com Th apesar dele ainda ser meu protetor. Aliás, ainda queria falar com ele sobre isso, eu queria que ele fosse meu parceiro, não meu segurança pessoal. Já me preparava psicologicamente pro "não" que eu ia receber. Sabia que na cabeça dele a forma mais ágil de me proteger era sendo meu segurança pessoal, mas eu queria poder separar as coisas.

Minhas lojas começariam a ser inauguradas na semana seguinte e eu viajaria muito nos próximos dias pra poder estar presente em cada um destes eventos.
Ainda não tinha comentado isso com Th, é claro que ele sabia que eu havia assinado um contrato e que abriria lojas em outros países, mas não edtava ciente de que eu ia para cada um deles.

Tínhamos combinado de ligar para Marcelo amanhã, o loirinho disse que estava mantendo ele afastado de mim assim como meus irmãos fizeram uma época e eu fiquei um pouco aflita com tudo. Podia parecer tempo perdido, mas encarar o cara que teve sua filha morta quando estava na minha proteção é uma sensação devastadora. Eu sabia que precisava fazer isso, por mim e por todos a minha volta, e era isso que ainda me mantinha agarrada com força nessa escolha.

Nosso jantar tinha sido maravilhoso, eu poderia fazer isso com ele sempre.
Não preciso dizer que depois do jantar nós fomos pro apartamento dele e mesmo que eu afirmasse pra mim mesma que queria ir devagar, eu sabia que essa noite eu não escapava de dormir lá.

- Esqueci minha bolsa no carro -disse assim que ele fechou a porta do apartamento-
- Depois você pega -falou naturalmente-
- Meu celular está lá Th, se alguém precisar falar comi... -fui interrompida-
- É só ligarem pra mim, todo mundo que é necessário sabe que você está comigo -disse se aproximando-

Suas mãos pousaram na minha cintura e antes de colar nossos lábios seu olhos observaram os meus.
O beijo foi lento e tranquilo, como se nada no mundo fosse capaz de acabar com aquele momento. Quando paramos o beijo, Th pegou na minha mão e começou a me guiar atravessando a sala mas parou no meio do caminho.
O mesmo olhou para os lados e para frente de novo me guiando para o lado. Tinha algo de errado.

- Alguém entrou aqui -disse baixo-

Ele pegou sua arma e foi até a varanda para verificar se tinha alguém, além de olhar para todos os lados dali.

- Eu quero que fique aqui ta bem? -disse me olhando- Eu já volto

Eu permaneci inicialmente por medo de acabar atrapalhando Th caso alguém realmente estivesse ali, mas lodo depois tirei a adaga que eu mantinha na parte interna da coxa e me vi no corredor a procura de Th.
Ouvi o barulho de algo estilhaçando e apressei meus passos chegando até a porta do quarto do loirinho.
Não havia ninguém além dele, soltei a adaga em cima da prateleira acoplada na parede e fui em sua direção.

- O que houve? -perguntei vendo agora pedaços de vidro próximos da parede-
- Eles entraram na minha casa, eu disse que não queria mais nenhum contato com aquela gente -Th proferiu bravo-
- Quem entrou?
- CIA
- O que eles queriam?
- É uma boa pergunta -disse pegando o celular e discando um número-

Os olhos de Th não tinham se encontrado com os meus ainda, ele estava impaciente e olhava para os lados do quarto até o teto enquanto esperava alguém atendê-lo. Por má sorte, teve que ligar uma segunda vez, foi quando seus olhos repousaram sobre a adaga que eu havia deixado na prateleira de vidro e ele se voltou pra mim estreitando os olhos mas sem pronunciar uma palavra se quer.

- Eu não estou ligando para ajudar vocês, estou ligando para dizer que a próxima vez que invadirem minha casa eu os mato, um a um -disse firme e após uns segundos me deu as costas indo pra varanda-

Caprichos do coraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora