Capítulo 15

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Th narrando

- Droga! -soquei a parede de fora da casa e logo depois escorei a cabeça ali-

Nunca pensei me ver nessa situação. Era difícil me desprender de Anitta nessa altura da história, mas eu o faria. Faria porque precisava me resolver, mesmo sabendo que eu posso não tê-la mais.

Subi na moto e sai dali o mais rápido que pude antes que eu adentrasse aquela maldita casa e jogasse Ane contra uma parede para agarra-la.

Retornei pra minha casa mas ao abrir a porta e entrar no lugar minha cabeça recobrou os momentos com ela.
Maldição. Atirei o capacete longe tentando controlar a raiva que me tomava.
Subi as escadas e fui tomar um banho gelado pra ver se esfriava a cabeça.
Logo depois la estava eu, montando a escolta de Anitta. Eu prestava atenção em cada detalhe pois se algo falhasse a culpa seria minha, e eu não me perdoaria.
Claro que eu me manteria sempre informado de cada passo que ela desse, apenas não estaria com ela, não conversaria com ela e nem tocaria ela.
Quando terminei de montar a escolta, mandei o anexo diretamente para o clube, com exigências claras: Imprima duas cópias e dê aos irmãos Fell até amanhã de manhã.

Avisei todos os que escolhi e disse que desde já deveriam estar a escoltando. João seria meu informante, o conhecia a anos e já tinha o ajudado muito, era sua vez de ajudar.
Pedi para que ele mantesse em sigilo o fato de que eu estava atento as movimentações de Anitta. Qualquer apuro que ela passasse eu poderia ajudar.

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O whisky descia rasgando na minha garganta. Eu analisava cada foto de cada agente da CIA como se fosse meu último feito, e talvez fosse mesmo. Não tinha garantia nenhuma de que voltaria vivo desse abismo, mas eu precisava vingar a morte de meu pai e botar a CIA pra correr. Estudei cada um deles minunciosamente. Eu entraria no seu meio afim de pegar o bandido que mandou matar meu pai mas iria além disso, no entanto, ninguém precisava saber dessa parte.

Preparei algo pra comer, o que raramente acontecia e passei a noite estudando as minhas estratégias.

Quando os raios de sol começaram invadir a casa eu me levantei e fui tomar um banho quente, logo em seguida dormi.

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Acordei com um barulho estridente de alguma coisa caindo no chão. Levantei rapidamente e peguei minha arma, desci as escadas devagar depois de olhar a sala de cima e confirmar que não tinha ninguém ali, pelo menos até onde dava pra ver.
Ouvi cochichos vindos da cozinha e me virei rapidamente adentrando a mesma com a arma nas mãos.

- Droga Antônia -bufei abaixando a arma quando vi ela abaixada catando pedaços de vidro-
- Desculpe querido, não quis assusta-lo -disse com ternura-
- Tudo bem Antônia, desculpe minha grosseria. -coloquei a arma na cintura e dei a mão para que ela se levantasse- Vai ter que tomar mais cuidado ao vir aqui.
- Se meteu em encrenca menino?
- Não, ainda -me sentei- Mas, provavelmente estou entrando numa encrenca gigantesca, e é por isso que vamos reorganizar os dias para que você possa vir aqui dar uma ajeitada nas coisas, não vou te colocar em perigo, fique tranquila.
- Não tô nem ai com isso menino, eu já curti tanto da vida, sou uma senhora e o que me resta é viver o pouco que me sobra com as pessoas que eu gosto, você é uma delas, se fizer alguma coisa que te prejudique eu mesma te bato garoto, onde já se viu? -disse indignada e eu ri-
- Quanto a isso, prefiro acreditar que tudo ficará bem no final
- E cadê Anitta? É uma moça tão simpática e bonita, achei que te colocaria nos trilhos
- Ela tentou Antônia, mas eu a decepcionei. Preciso resolver algumas coisas minhas e não poderia deixar isso interferir na proteção dela.
- Você gosta dela não é? -me olhou terna-

Meus pensamentos voaram até Anitta e vários momentos me atingiram na boca do estômago. Olhei para Antônia expulsando tais lembranças.

- Isso não importa agora. A deixei lá, livre para seguir a vida como bem entender. Não vou prendê-la a mim, nem sei se voltarei. Vou tomar um banho e já desço -disse me levantando e saindo dali-

Passei na sala pra confirmar se a porta estava fechada e olhei rapidamente em volta pra ver quais as chances de alguém entrar ali. Eu estava para ficar paranóico.
Balancei a cabeça com força e subi as escadas.

Após o banho recebi uma ligação de João.

- Fala garoto -disse ao atender-
- iae Th, tenho novidades cara
- Diga
- Anitta tirou a semana de folga, disse que ia criar novos modelos e viajou para a chácara da família.
- Droga! Você está com ela certo?
- Sim, a escolta está exatamente como você exigiu.
Ela está bem fisicamente Th, mas parece desanimada.
- Certo, eu... -bufei-
- Não sabe o que fazer não é?
- Não com ela.. Continue me passando as informações e qualquer deslize me avise imediatamente ok?
- ok.

Desliguei a chamada e me vi perdido.
Ane acabava comigo mesmo de longe, eu podia contar nos dedos quantos anos faziam que eu não ficava tão desconfigurado dessa forma.

Sentei na beirada da cama e apoiei os cotovelos nas pernas, passei as mãos no rosto tentando manter o foco e me vi novamente em lembranças do que podia nunca mais se repetir. Começou a passar pela minha cabeça como eu poderia perdê-la, como ela poderia seguir em frente e achar qualquer cara por ai que tenha o tempo que ela merece.
Eu estava tentando esquecer e afastar de mim cada pensamento, mas não é uma missão tão fácil quando quem te sabota é sua própria mente.

Ouvi batidas na porta e logo a voz de Antônia se fez presente.

- Eu fiz uma lasanha, venha comer meu filho.

Caprichos do coraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora