Capítulo 61

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Anitta narrando

Assim que o carro estacionou eu me inclinei rumo a janela para observar o lugar

- A curiosidade matou o gato meu amor, não quero perder você também -Th brincou dando um sorriso e eu lhe mostrei a língua rapidamente como protesto-
- Nunca viemos aqui, onde estamos? -indaguei soltando o cinto de segurança e o olhando-
- Desça e veja você mesma Anitta -e rapidamente abriu a porta saindo do carro-

Homem abusado!

Claro que eu não ficaria ali dentro indignada com seus mistérios, abri a porta do carro e fiz o que o loirinho havia feito segundos antes.

Se eu conseguisse descrever esse lugar e a vista que eu estava tendo, eu nem diria que estava próxima a minha cidade natal. Era tão lindo que parecia ter saído do fundo de um filme.

A casa era afastada de tudo e de todos, sua estrutura era toda composta por madeira e janelas e portas de vidro. Em volta a paisagem verde era de surpreender, no chão a grama verdinha e saudável indicava um cuidado extremo, em volta havia tantos ipês roxos, brancos, rosas e amarelos que o chão nas laterais da casa parecia ter saído de uma pintura de tantas pétalas espalhadas com o vento. Mais atrás havia outros tipos de árvore, tantas árvores que eu me sentia quase dentro de uma floresta.

- Imagino que tenha gostado -loirinho pronunciou depois do meu meio século de silêncio enquanto alcançava minha cintura e me abraçava por trás-
- É lindo demais Th -eu sorri ainda admirando cada detalhe e senti um beijo no meu ombro-
- Vem, vamos entrar -disse se desvencilhando de mim e segurando apenas minha mão-

Assim que coloquei os pés para dentro da casa percebi que ela era tão linda quanto a paisagem fora dela.
As paredes e o piso eram revestidos de madeira, as luminárias traziam certa rusticidade ao lugar, a sala era composta por um sofá enorme em formato de L num tom acinzentado que era a coisa mais fofa, na parede a frente não havia nenhuma tv, esta tinha sido substituída por uma lareira,o que me indicava que lá fazia frio. Me senti aliaviada por ser a louca que anda preparada para qualquer situação, mesmo que isso indique encher uma bolsa de roupas para apenas um dia.
As pedras em volta da lareira a tornava bem mais bonita do que já parecia. No canto da sala havia uma estante lotada de livros. Meus olhos percorreram com rapidez essa parte para conseguir assimilar quais os gêneros ali postos. Do outro lado um jarro de vidro lotado de flores me chamou a atenção. Era tudo tão delicado e ao mesmo tempo tão inesperado.
Não esperei Th me guiar pela casa para alcançar os outros cômodos, era uma pessoa curiosa em alguns aspectos.

Ouvi os passos do loiro atrás de mim, mas não me importei com ele me observando, estava embasbacada demais com a beleza daquele lugar.

Poderia negar, mas nem de longe eu conseguiria convencer alguém a acreditar que eu não era "amante" de belos lugares. Eu amava as paisagens, bem como amava as estruturas.

Apesar de ser design de roupa, eu tinha uma afeição por qualquer coisa que fosse bela ou que pudesse ser construída de forma tão única.

Me virei para Th resgatando agora seu olhar intenso. Eu diria que suas íris estavam tão azuis quanto o marfim do meu vestido, mas seria demais. Mesmo assim, a intensidade de seu olhar ainda me prendia de uma forma inexplicável.
Um pequeno sorriso brotou no canto de sua boca e eu esperei que ele se aproximasse como sempre fazia.

Th segurou meu rosto com ambas as mãos e me olhou com cuidado como se quisesse gravar na memória cada pedacinho do meu rosto.
Antes que eu pudesse falar algo seus lábios alcançaram os meus dando início a um beijo tranquilo.

Se fosse em outra ocasião, eu provavelmente já estaria sentada no balcão da cozinha com Th entre minhas pernas me fazendo perder a sanidade, mas hoje não. Hoje a calmaria estava entre nós dois e chegava a ser engraçado.

Caprichos do coraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora