01 × Reencontro ×

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|Naomi Rylee|

19:53

O barulho do secador de cabelo ficava irritante depois de horas sentada em uma cadeira. Encarei-me no espelho, observando a maquiagem sutil que levou mais tempo do que deveria para ser completada, e continuei aguardando ansiosamente o fim da produção do meu cabelo.

Soo Young falava coisas que certamente deveriam ser importantes, mas tudo o que eu conseguia pensar era em como estava com fome, e que meu jantar estava atrasado. Aliás, eu me atrasaria também se o babyliss demorasse muito.

— Salmão com molho de maracujá acompanhado de aspargos, para a Srta. Rylee.

Meus lábios se curvaram em um sorriso simplista quando o garçom trouxe minha refeição, a qual degustei com muito apreço, tentando inutilmente ignorar os fios de cabelo que iam em minha boca.

— Vai demorar muito aí, Alej? – Perguntei ao cabeleireiro. Olhei as horas, 20:07. Eu definitivamente me atrasaria.

— Está quase pronto, senhorita.

Murmurei um "tudo bem" e desisti de apressá-lo. Continuei a comer, sentindo meu estômago implorar por mais, mesmo sabendo que isso seria impossível. Ao menos eu poderia comer mais tarde, no evento.

Trabalhar como atriz coadjuvante em um vídeo de música nunca tinha sido tão legal. Eu adorava essa indústria, e ser capaz de comparecer ao VMA's era, pelo menos, surreal. Imagine quantos artistas maravilhosos estariam lá? Sorri mentalmente com essa constatação. Quem sabe eu pudesse tirar uma foto com a Beyoncé.

— Acabei!

Quase levantei as mãos ao céu e gritei "aleluia!", mas achei que isso seria indelicado da minha parte, então fiquei quieta. Deixei o prato de lado e dei uma analisada no espelho. Eu estava bonita. Dirigi-me ao provador e coloquei o vestido preto que caía perfeitamente no meu corpo. Sim, eu estava bonita, mas não sorria.

Fazia tempo que eu não sabia o que era felicidade. Aquela genuína, verdadeira, que aquecia a sua alma.

— Você está deslumbrante, Naomi. – Escutei Soo dizer. Agradeci sorrindo novamente.

Essa era a coisa boa em ser atriz: as pessoas simplesmente não notavam se você estava sendo verdadeira ou não. Era fácil esconder e manipular meus próprios sentimentos e deixar todos pensarem que eu estava bem, que tudo era um mar de rosas e que eu era feliz.

Isso era bom. Esconder é sempre mais fácil do que explicar porque você está sofrendo. Linda, sexy, confiante e poderosa. Enquanto eu fosse essas quatro coisas, tudo estaria bem.

Retoquei o batom nude, coloquei os saltos e peguei minha bolsa. Olhei no relógio novamente; 20:15. Tudo bem, apenas quinze minutos de atraso são perdoáveis, não? Afinal, o red carpet duraria uma hora. Eu tinha tempo.

Entrei na limousine e mal percebi quando o carro começou a se movimentar, a caminho do local do evento. Fiquei perdida em pensamentos, observando as luzes coloridas que iluminavam uma Califórnia noturna. O carro chegou. Eu desci, escutando gritos e sentindo flashes de luz na minha cara. Era realmente desconfortável, mas eu me sentia um pouco melhor em saber que haviam fãs que gostavam de mim ali.

Fiz uma pose. Click, click. Mais fotos, mais flashes. Conversei com a apresentadora da MTV. Falei com mais alguns jornalistas, incluindo o cara da Good Morning America. Finalmente, me dirigi ao interior, caçando meu assento em meio a centenas de plaquinhas.

Os saltos doíam pra caramba, mas fiz o meu melhor para ignorar. Eu sempre ignoro a dor. É isso que atrizes fazem.

Tive que andar pra caramba para conseguir alcançar a segunda fileira, mas finalmente cheguei, e procurei meu nome com afinco. Aquele lugar estava cheio! Céus, eu sentia que não podia respirar. Chequei as horas, 20:57. Já havia passado tanto tempo assim? Pelo menos estava mais perto de acabar.

Não, não poderia pensar assim.

Senti um olhar sobre mim, mas era diferente daqueles que eu já havia recebido. Um calor se alastrou pelo meu corpo, correntes elétricas minimamente perceptíveis. O que diabos estava acontecendo?

Minha pergunta foi respondida quando virei a cabeça e encontrei meu olhar com ele.

Ele.

Aquele que eu nunca seria capaz de esquecer, mesmo que seis anos tivessem se passado. Aquele rosto. Aqueles olhos.

— Hoseok? – Murmurei, querendo ter certeza de que minha mente não estava me pregando peças.

— Naomi? – Ele perguntou no mesmo tom.

Aquela voz.

Aquele ser.

Aquele mesmo sentimento que consumiu cada parte do meu corpo.

Alguém me puxou para sentar, à medida que as luzes se apagavam e dois apresentadores entravam em um palco iluminado, representando o começo da premiação. E eu estava ali, em choque, encarando o nada. Apenas um pensamento tomava minha mente.

JungHoseok era a felicidade.

* * *

Oi gente! Fiquei muito muuito feliz com todos os comentários e votos do prólogo e resolvi postar o primeiro capítulo de uma vez :D espero que gostem!

Continuem comentando o que acharam e não se esqueçam de votar.

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P.S.: A imagem no começo do capítulo é como eu imagino a Naomi (Michelle Phan) mas vocês podem imaginar diferente, sem problemas ;)

Remember Me → J-HopeOnde histórias criam vida. Descubra agora