07 × Granada ×

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|Naomi Rylee|

Cada parte do meu corpo parecia queimar. Êxtase. Meus pulmões estavam falhos e, por um momento, jurei perder minha consciência. Pedacinho por pedacinho, as palavras de Hoseok foram capazes de curar cada cicatriz, cada desavença, cada insegurança. Quebrar todas as minhas defesas. Amolecer meus espinhos. Espantar a escuridão, o medo, o terror.

Jung Hoseok era a felicidade.

Mas era uma felicidade que eu não tinha o direito de ter.

-Eu não posso ser egoísta com você. – Murmurei.

Eu levantei e corri.

Corri o mais rápido que meus pés com salto poderiam deixar. Aliás, não me importei com a dor dos machucados e continuei correndo. Você não pode fazer isso, Hoseok. Não pode me fazer ter borboletas no estômago e palpitação no coração e felicidade repentina. Não de novo.

-Naomi!

Eu corri mais rápido e mais forte. O vento batia no meu rosto e parecia congelá-lo. Eu deveria congelar meu coração novamente e ficar longe da lareira aconchegante que era Hoseok.

Granada.

Só parei quando cheguei em uma parte afastada de um parque, longe das pessoas. Coloquei a mão nos joelhos para recuperar o fôlego e percebi que chorava. Minhas bochechas estavam molhadas por lágrimas desesperadas que eu segurei por tempo demais.

Eu desabei.

Meus joelhos cederam e encontraram a terra fria. Eu apoiei minhas mãos no chão e segurei a terra entre meus dedos, como se isso pudesse descarregar a ansiedade do momento.

"Eu sou completamente apaixonado por você"

Céus, como eu deixei as coisas chegarem a esse ponto? Eu nunca devia ter voltado pra cá. Meu coração dói, Hoseok, mas é porque eu sei que não posso te ter. Dói, porque eu sei que você é o único que pode me mostrar o que é felicidade de verdade e eu quero isso. Quero felicidade. Quero você.

Mas, se sacrificar a minha felicidade significa preservar a sua, como isso pode ser uma coisa ruim?

-Naomi? – Escutei uma voz diferente dessa vez. E, no momento em que levanto minha cabeça para ver quem é, vejo Soo Young. Seu rosto expressa preocupação e um leve "o que diabos você está fazendo aqui?" e isso era péssimo.

Péssimo. Soo Young não podia me ver assim.

Frágil. Sozinha. Assustada. Quebrada.

Linda, sexy, confiante e poderosa. Naomi, você consegue. Você consegue. Pare de se machucar, Naomi.

-Soo.

No momento em que sua mão se aproximou das minhas costas, apaguei.

*

18:00 – 14 de setembro de 2017

Acordei com a cabeça doendo. Pisquei algumas vezes para que a vista se ajustasse com a luminosidade do quarto e logo percebi estar em uma cama de hospital.

Merda.

Era a última coisa que eu precisava. Cortinas de um verdinho muito claro e sutil envolviam o meu redor e havia soro aplicado no meu braço esquerdo, coisa que me dava aflição e impossibilitava meus movimentos. Onde estava Soo? Me lembrava apenas de ter apagado pouco depois de encontrá-la. E Hoseok, o que acontecera com ele?

Meus pensamentos foram interrompidos quando o médico escancarou a cortina e encontrou-me sentada.

-Srta. Rylee, que bom que acordou. – Disse. – Está se sentindo melhor?

-Estou, doutor. Obrigada.

-Certo. – Seu semblante ficou sério. Eu sabia o que era. – Srta. Rylee... você está ciente de que seu corpo está se deteriorando por conta de uma doença?

Ah.

O lembrete foi como uma faca direito no coração. Queimava, ardia, e marcava cada centímetro da minha pele como se não me deixasse esquecer que eu estava fadada a um destino miserável; que não poderia amar, porque, caso contrário, meu amor ficaria de coração partido quando eu não estivesse mais aqui. Não poderia ter filhos, pois sequer há tempo para uma gestação, e meu corpo não aguentaria de qualquer maneira. Que não poderei viajar para mais lugares, conhecer novas pessoas, conquistar novos méritos...

Não havia futuro para mim.

-Estou mais do que ciente. – Sorri, porém, sem qualquer felicidade. – Havia mais alguém aqui? Uma amiga minha, talvez... o nome dela é Choi Soo Young.

-Ela foi até a cafeteria. Acho que volta logo, senhorita.

Assenti.

-Não conte a ela. – Pedi.

-Tem certeza? – Questionou. – Ela é sua amiga. Tem o direito de saber.

-Isso faz parte de alguma política de médico-paciente, não? Não quero que conte. Só vai trazer mais sofrimento para ela e para mim. – Falei. – Por favor.

O médico concordou e me entregou o laudo de uma tomografia computadorizada que haviam feito enquanto eu estava inconsciente. Elas comprovavam que o tumor maligno no meu cérebro continuava a se espalhar e já tinha atingido mais partes de massa cerebral.

-Eu não sou o médico responsável pelo seu caso, senhorita, mas sou oncologista e, portanto, posso afirmar com segurança – Começou. – Ao que parece, a sua doença progrediu. As tremedeiras e fraquezas pelo corpo que a senhorita sentem são decorrentes dessa progressão.

Engoli em seco, apreensiva. Um bolo se formava na minha garganta e eu me sentia oca por dentro. Triste. Morta.

-Quanto tempo? – Perguntei, com a voz falhando.

-No máximo, quatro meses.

Só quatro meses. Cento e vinte dias. O que eu poderia fazer nesse tempo? A cada dia que passava a doença progredia mais e mais e logo eu não poderia me mexer, nem enxergar ou comer. Era deplorável.

Senti lágrimas quentes correrem pelo meu rosto com eloquência. A cada vez que eu limpava meus olhos, afim de pará-las, vinham com mais força. Tão teimosas quanto eu. O médico me deixou sozinha, respeitando a minha privacidade. Agradeci mentalmente por isso. Estava suficientemente farta de gente vendo o meu sofrimento, a minha dor.

Eu odiava ser frágil e vulnerável.

Odiava estar com medo.

E eu estava terrivelmente assustada, ainda que quisesse negar.

* * *

Oi gente, como vão?

To tristinha pq não comentaram nem votaram no cap anterior...

Mas, e aí? O que acharam da revelação da Naomi?

E o que vcs acham que vem por aí?

Votem por favorrr! <3 xoxo

Remember Me → J-HopeOnde histórias criam vida. Descubra agora