13 × Lembre-se de mim ×

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|Naomi Rylee|

10:43 – 05 de novembro de 2017

Era o dia da nossa viagem para Jeju e eu não poderia estar mais animada. Essas duas semanas desde o dia que Hoseok descobriu que eu estava doente foram as melhores de toda a minha vida desde que nos reencontramos.

Eu pensava que ele ia ser do tipo super protetor e não me deixaria fazer nada. Óbvio que ele sugeriu que eu largasse o trabalho no começo, mesmo que eu tivesse apenas fazendo o documentário; mas eu neguei de prontidão. Esses esforços não eram o que consumiam o meu corpo, era o tumor, que se alastrava e comprometia minhas funções.

Até agora eu não tinha ficado cega, o que era um bom sinal. Mas muitas vezes acordava com a visão embaçada e ela demorava cada vez mais para voltar. Era como se eu fosse uma míope; a diferença era que óculos não resolveriam nada.

Meus braços e pernas doíam de vez em quando e formigavam na maior parte do tempo. Às vezes eu deixava coisas caírem e, como resultado, quatro copos se foram na minha casa.

As pílulas já não faziam quase nenhum efeito. E eu tinha passado para três comprimidos por dia.

E apesar de todas essas dificuldades, eu estava feliz. Pois eu iria viajar com Hoseok e nada poderia atrapalhar esse momento.

-Você tem certeza que pode viajar de avião? – Ele me perguntou pela décima vez, e eu assenti com um sorriso, como em todas as outras vezes. Ver sua preocupação comigo não fez com que eu me sentisse mal, pelo contrário.

-Meu anjo, você precisa entender que eu posso morrer a qualquer momento. Então um avião não vai mudar isso.

-Eu sei. – Ele abaixou a cabeça.

-Ei. – O chamei, fazendo me encarar. – Vai dar tudo certo. A gente vai curtir essa viagem pra caramba!

Ele sorriu e me abraçou, trazendo novamente aquele conforto para o meu corpo. Acho que o abraço dele era meu lugar favorito no mundo inteiro.

Estávamos na fila "VIP" da primeira classe, que era um pouco mais distante das outras, e eu agradeci por isso – haviam muitas ARMY's no aeroporto que de alguma forma descobriram que J-Hope iria viajar e não paravam de tirar fotos. Óbvio que eu não seria reconhecida porque meu rosto estava bem coberto, mas eu me preocupava com a carreira do meu namorado.

-Você tem certeza que está tudo bem nos fotografarem? Vão sair muitas especulações.

-Não tem problema. Não se preocupe com isso, jagiya.

Sorri pelo apelido carinhoso e deixei todos os problemas de lado, como sempre.

A viagem de avião durou apenas uma hora, pois pegamos um voo sem conexões, e logo estávamos na maravilhosa ilha de Jeju. Eu já tinha tirado fotos da paisagem de cima, da janela do avião, e estava pronta para tirar muitas mais e gravar vídeos para usar no documentário. Uma última viagem, pensei.

Então descemos e finalmente iríamos aproveitar o passeio.

Primeiramente visitamos o Hallim Park, uma espécie de jardim botânico que tinha paisagens de tirar o fôlego. Fomos a Jeongbang Waterfall, uma cachoeira, e eu bati o pé até Hoseok me deixar fazer bungee-jumping. Óbvio que ele foi também, e eu ri do seu desespero o tempo inteiro.

Visitamos o Teddy Bear Museum e paramos para almoçar as três da tarde, em um restaurante de frutos do mar. Eu comi de tudo o que tinha direito.

Nós agíamos como aquele casal coreano de doramas, em que o menino coloca comida na colher da menina apenas porque ela gosta de tal coisa. Eu amava camarão e Hobi dava todos para mim, a medida que eu fazia o mesmo com os pedaços de lula que ele tanto amava.

Ver as bochechas dele vermelhinhas de vergonha e felicidade me deixavam tão grata. Tão grata por tê-lo em minha vida nos melhores e piores momentos e por estar com ele, ali.

Depois do almoço, visitamos a caverna de Manjanggul, que era uma coisa de tirar o fôlego. A imensidão daquela ilha tão pequena fazia qualquer pessoa refletir sobre a vida e parar de se achar o centro do universo. Eu, com certeza, o fiz.

Fizemos compras e andamos mais pela cidade; quando o sol estava se pondo, resolvemos ir para o nosso hotel. Ele ficava bem perto das falésias de Jusangjeolli e eu dei muitos beijinhos no rosto de Hoseok quando vi que ele tinha feito aquela escolha. Foi a única coisa da viagem que eu não cuidei e pude ver que a surpresa tinha sido boa.

-Você é a melhor pessoa desse muito inteiro. – Eu disse, enquanto minhas pernas estavam enlaçadas em sua cintura e ele me carregava pelo quarto. Um sorriso bobo se instalou em seu rosto e não saiu mais.

-Você que é.

-Hoseokkie, obrigada. – Falei. – Você é a melhor pessoa que eu já conheci. Meu melhor amigo, meu melhor namorado... você é único, Jung.

-Eu que tenho que te agradecer por ser a melhor pessoa do meu mundo. E saiba... – Pude ver que ele engoliu em seco, talvez ponderando o que fosse falar. – ...não importa o que aconteça, o meu coração sempre pertencerá a você.

-E o meu, a você. – Respondi, sorrindo.

Saí de seu enlaço e fui até a sacada, sentindo-o vir logo atrás de mim. Escorei-me ali e senti a brisa do mar acariciar minha face. O vento era mais fresquinho naquela parte e refrescava nossos corpos cansados.

A paisagem era magnífica.

Não tinha outra palavra para defini-la. Parecia o próprio paraíso, e eu desejei que ele fosse tão bonito quanto.

-É esplêndido. – Comentei, exasperada.

Senti Hoseok envolver minha cintura com os dois braços e descansar o queixo em meu ombro, apreciando a mesma vista que eu. Nossas respirações estavam calmas e nossas mentes, serenas.

-Não mais que você.

Eu senti meu corpo inteiro queimar quando essas simples palavras saíram de sua boca e o calor havia subitamente voltado. Não melhorou muito quando ele começou a dar selares leves no meu pescoço, fazendo-me instintivamente fechar os olhos e aproveitar o carinho.

Os selares viraram pequenas mordidas e eu só sentia meu corpo implorar por mais. Mais, mais e mais. Eu queria Hoseok por completo. E era a maior certeza da minha vida.

Me virei para si de supetão, assustando-o de leve. Dei uma risadinha por sua reação que logo foi substituída por um beijo voraz e quente. Nós dois queríamos aquilo mais do que tudo.

Reuni todo o ar dos meus pulmões quando soltei:

-Hoseok, lembre-se de mim.


 ***

alguém segura essa marimba

Remember Me → J-HopeOnde histórias criam vida. Descubra agora