11 × Sofrimento ×

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|Naomi Rylee|

Os minutos se passaram. Dois. Cinco. Talvez dez. Eu continuava chorando copiosamente e dizendo para Hoseok me largar e ir embora da minha vida de uma vez, mesmo sabendo que ele não faria isso. Ele era apaixonado por mim tanto quanto eu era por ele.

Aos poucos, fui relaxando. Sentia o seu afago no meu cabelo e isso trazia em mim a paz que eu tanto necessitava. Mas também me dava medo, pois agora ele sabia que algo estava errado e não me deixaria em paz até descobrir. Logo, outras pessoas descobririam também. Lydia. Meus pais. Meus amigos.

Mais sofrimento. Mais dor. Mais corações partidos.

Era tudo o que eu queria evitar.

-Naomi...

Eu o cortei antes que pudesse terminar.

-Nós conversamos depois do almoço, tudo bem?

Não tinha ideia de que horas eram, e apesar de estar sem nenhuma vontade de comer, sabia que teria de fazê-lo afim de encarar o que viria a seguir. Hoseok concordou.

Eu me levantei, um pouco melhor. Tomei duas pílulas que ficavam do lado da minha cama e dirigi-me a cozinha, onde minha mãe terminava o almoço.

-Vamos comer. – Ela disse com um sorriso terno.

Na mesa estávamos eu, Hoseok, minha mãe e meu pai, que fazia perguntas constrangedoras para Hoseok e o ameaçava de morte caso ele não cuidasse da filhinha dele. Era engraçado de se ver o quando meu namorado estava assustado com isso, porque, bem, o general Roger Rylee não era alguém com quem se mexer.

Comemos em um silêncio confortável. Quando a refeição acabou, nos despedimos dos meus pais e rumamos a minha casa. O clima dentro do carro estava mais tenso do que nunca e eu sentia que iria explodir. Adentramos meu apartamento com passos lentos e indiquei para que ele sentasse no sofá, finalmente começando a falar.

-Hoseok, eu vou contar tudo pra você, porque sei que quer saber o que está acontecendo comigo. Porque sei que você se importa comigo.

Ele abriu o sorriso mais bonito que eu já tinha visto na vida.

-Eu senti a sua falta. – Disse, simplista. – Deus, tanto! Eu nunca senti tanta dor na vida como no dia que tive que ir embora. – Continuei, sentindo meus olhos arderem novamente. – Quando eu me mudei para os Estados Unidos, as coisas foram difíceis. Me adaptar, e tal. Mas eu consegui um contrato em uma emissora e comecei minha carreira de atriz.

Ele me encarava atentamente.

-Eu estava feliz pela oportunidade, claro. Eu sempre quis atuar. Mas eu já não sabia mais o que era ser feliz. Não tinha o coração aquecido. Nunca entendi ou senti o amor, até o momento em que nos reencontramos.

Senti o ar sair dos meus pulmões.

-Hoseok. – Minhas sobrancelhas se levantaram, em um sinal claro de que eu voltaria a chorar. Meu tom de voz indicava que vinha coisa ruim por aí, e ele percebeu, visto que franziu as sobrancelhas. – Eu estou doente.

Tic tac. Tic tac. O som do relógio batendo era insuportável e parecia encravar navalhas no meu corpo enquanto eu esperava qualquer reação vinda dele.

-Doente...? – Perguntou, com a voz fanha.

Assenti.

-Comecei a me sentir muito mal pouco depois do meu aniversário de vinte anos. Fui no médico, sem ninguém saber, e fiz muitos exames. Descobri que estava com um tipo raro de tumor maligno.

-Onde? – Ele questionou, e eu sabia bem o que ele queria dizer. – Onde, Mi?!

-No cérebro.

Mais silêncio. Parecia me torturar, tirando a minha pele, tira por tira. Céus, por que diabos eu estava fazendo uma coisa dessas? Me perdoe, Hoseok. Eu nunca quis te trazer dor.

Depois de quase um minuto, ele suspira e dirige um sorriso para mim. Aquele mero gesto que é capaz de dissipar todas as coisas ruins da minha vida como num passe de mágica.

-Vai ficar tudo bem, Mi. Vamos te tratar. A tecnologia da Coréia é invejável, sabia?

Quis gritar que não. Que não havia cura; e que eu provavelmente morreria daqui alguns meses. Que eu tinha que tomar cada vez mais pílulas, as quais, às vezes, me deixavam tão dopada que eu não conseguia sair da cama pelo resto do dia.

Mas não o fiz.

Ele era a personificação da esperança. Então, ao menos uma vez, quis ter esperança também.

-Não conte para ninguém. – Eu disse.

-Por quê?

-Não quero que ninguém saiba, Hoseok. Por favor. Isso só vai trazer mais dor para todo mundo.

-Dor? – Questionou. – Você esteve sofrendo sozinha esse tempo todo, Mi... e ainda se preocupa com a dor dos outros? – Seu corpo se aproxima do meu, e no segundo em que percebo, ele está me abraçando novamente, suas mãos em minhas costas. – Foi por isso que se esforçou tanto para me afastar?

Assenti timidamente.

-Eu me importo demais para te ver sofrer com a minha dor. A minha doença. – Falo, sentindo as náuseas acometerem o meu corpo.

-Naomi. – Ele me chama, e percebo a seriedade em sua voz. – Eu passei anos querendo te reencontrar para poder dizer o que eu sentia. E agora que eu sou correspondido, não vou te largar de jeito nenhum.

Meu coração se aquece. O abraço de volta, sentindo suas costas musculosas por debaixo do tecido da camiseta, inalando seu cheiro suavemente amadeirado. Essa deve ser a sensação de felicidade. Tê-lo ao meu lado.

-Você sabe que suas fãs nunca aceitariam um namoro, né? – Disse.

-Eu sei. Mas não precisamos necessariamente assumir... digo...aish, que droga. Me perdoe, Mi. As coisas são um pouco mais complicadas aqui. Queria ser digno de te dar o que você merece.

O calei com um beijo. O gosto dos lábios de Hoseok era suave e docinho, exatamente como imaginei durante anos. Era como estar no paraíso, sem necessariamente estar morta.

Concluí que, quando eu morresse, o paraíso não poderia nem sequer se comparar a estar com Hoseok na terra. Ele era a fonte mais genuína de felicidade que eu poderia presenciar.

-Você me faz feliz, Hoseokkie. E faz com que eu me sinta viva, como nunca antes. Isso já basta.

Ele sorriu e me beijou de novo. Novamente, não existia qualquer outro lugar que eu gostaria de estar.

***
MANO PROTEJAM MEUS BEBES AI
O que estão achando, gente?

Remember Me → J-HopeOnde histórias criam vida. Descubra agora