Dona Sally colocava mais um pouco de vinho na taça do marido enquanto Kate cortava a carne. Levantei pra poder pegar mais um pouco de purê e Heath estendeu o prato.
—— Vamos tentar ser racionais e práticos.—— Heath me respondeu. Entreguei seu prato e voltei a sentar.—— Você já viu o que bebês fazem? Só comem, fazem côco e choram, aí choram quando fazem côco e fazem côco quando choram.
—— Querido, filhos são a coisa mais importante de uma relação.—— Sua mãe falou.
—— Pra que filhos se a gente pode viver sem eles?
—— Você não gostaria de pézinhos correndo pela casa?—— Perguntei.
—— Sinceramente? Já conversamos sobre isso. Quem sabe daqui dez anos?
—— Eu nem sei se vou estar viva amanhã, e você quer que eu espere dez anos?
—— Sn, tudo bem.—— O Senhor Kim me olhou.—— Vocês dois são jovens, belos e cheios de vida.
—— Eu já tenho trinta e cinco anos, senhor.
—— Nem parece, você poderia ser minha irmã mais nova.—— Kate brincou.
—— Trinta e cinco...—— Sally me olhou atentamente.—— Daqui um tempo será difícil ter filhos, sabe, menopausa...
—— Mãe!—— Kate repreendeu.
—— Não vamos ter filhos agora.
—— Precisamos de herdeiros, Heath.
—— Mas não agora.
—— Vamos ter de qualquer jeito, por que não apressar as coisas?
—— Sn,—— Ele largou os talheres, respirou fundo e me encarou.—— um filho não é um gato, muito menos um cachorro. Pra ter um bebê, você tem que ter certeza que é isso mesmo o que quer. É uma responsabilidade maior do que ser mãe de pet!
—— Eu sei e estou disposta.
—— Mas eu não. Não agora.
Sem falar nada, levantei bruscamente e saí em direção ao banheiro. Antes que eu pudesse pensar em fechar a porta, Heath ficou entre ela, entrando também.
—— Quero ficar sozinha!
—— Não fique brava, vamos voltar pra mesa.
—— Como pode falar que não quer ter filhos!? Você não quer ter filhos ou não quer ter filhos comigo!?
—— Sn, eu simplesmente não quero filhos agora. Não tem nada a ver com você!—— Ele tentou explicar.—— Se coloque no meu lugar, por favor. E se eu quisesse ter filhos e você não? Por que tem que ser diferente?
Eu respirei fundo. Contragosto, sou obrigada a concordar. Não é justo forçar a barra.
—— Tudo bem.—— Heath ficou me encarando esperando algo a mais. Revirei os olhos e resmunguei:—— tem razão.
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—— O que? Não ouvi.
—— Eu disse que você tem razão!
—— Obrigado.—— Ele riu baixinho.
—— Não foi um elogio.
—— Vamos falar sobre isso mais pra frente, tudo bem?—— Ele segurou meu rosto, beijando minha testa.—— Por favor?
—— Não vou esperar pra sempre.
—— Eu nem quero. Me desculpe, vamos voltar pra mesa?—— Eu assenti. Não me dei por vencida. Ainda vou convencê-lo!
Eu vou ter um filho desse homem!
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