🍁 ATAIMADO 🍁

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A manhã começou comigo preparando o café para ambos. Connor, ainda estava se recuperando, tentava controlar essa ressaca pós transformação. Seu irmão não suspeitava das suas escapadas noturnas e seus pais então, nem sonhavam que isso poderia acontecer além da ficção. Ele fica vulnerável demais situação. Darcy, permaneceu tolerante a sua presença, mas não gostava que o mesmo se aproximasse de mim.

As caminhadas durante as tardes ajudavam a diminuir o cansaço e as dores no corpo. Connor nesse meio tempo, evitava ao máximo ir aos treinos por conta disso. A transformação exige muito do seu corpo. Descobri como ele usa suas habilidades para fins acadêmicos. O garoto prodígio tem os seus segredos para se manter invicto nos esportes.

- Odeia isso? - questiono enquanto, andamos pelo condomínio.

- Seja mais especifico. Odeio várias coisas - diz, colocando sua mão envolta do meu ombro.

- Ser um lobisomem. Não é ruim, não me leve a mal, mas você sente falta de algo que não pode ter mais? - a noite estrelada envolvia o condomínio quando Connor, o garoto prodígio, compartilhou uma revelação intrigante.

- Sim e não. Odeio por ter essa condição. Quem não odiaria ouvir e sentir que seus ossos estão sendo quebrados todas as vezes? - me apertou - Se eu não tivesse sido imprudente, talvez...Talvez, eu não seria mordido. A viagem foi cancelada depois do ataque. Os professores ficaram com medo depois do ocorrido - ele fala com um pesar na voz - Não te contaram? - pergunta.

- Não, sobre o que?

- Sobre o ataque. Achei que fosse morrer naquele acampamento. Os paramédicos disseram que foi um milagre eu ter sobrevivido. Ele matou três pessoas antes de me encontrar. Henry, Stacy e o nosso guia irlandês - o guizo era o sinal de que Darcy estava por perto - Surreal, é a palavra que usaria para descrever aquela noite. O cheiro dele queimava meu nariz - Connor, ficou aflito.

- Como você sabe que era ele e não ela que te atacou naquela noite? - estava escuro demais para ele distinguir o sexo do animal. Eu no lugar dele, teria me preocupado com os dentes do que com o órgão genital da criatura.

- Por que ele tinha um pênis. Por algum motivo, algumas partes humanas continua depois da transformação. Não era como de um cão. Parecia com o nosso - enquanto contava, fiquei imaginando como seria. Afinal nunca vi a criatura e sua forma intrigava a todos.

- Bizarro... - continuei imaginado e o mesmo me repreendeu por isso.

- Não tente imaginar. Isso vai te deixar mais perturbado - disse, tossindo - A maioria das pessoas conseguiram se esconder nos ônibus e as outras, se espalharam pela floresta. Os policiais alegaram que foi ataque de urso, mas quem morreu e o quem sobreviveu ao ataque, sabe que não era um urso. Todos escutaram os gritos e não puderam fazer nada a respeito. Depois que furei o olho dele, consegui correr até a estrada da rodovia e pedi ajuda. O casal, dono do posto de gasolina me acolheu e fizeram os primeiros socorros até a equipe dos paramédicos chegarem no local - ouvi fofocas sobre essa noite, mas nada tão explicito.

- Você ficou na casa deles até amanhecer? - indaguei.

- Sim , fiquei. Mas a esposa dele gritava: le loup-garou, le loup-garou l'a infecté. Na época não entendia o significado, mas depois da primeira lua cheia liguei os pontos - Connor, fazia um esforço enorme para me contar.

- Lobisomem - disse.

- Sim, eles sabiam da criatura e avisaram sobre os ataques que aconteciam antes da gente acampar dias atrás. Mas não levaram em consideração. Um dos guias disseram que isso aconteceu na época de acasalamentos e que nesse período, eles ficavam mais arredios pela disputa de território e por conta das fêmeas. Todos, inclusive eu, acreditei nessa versão. E até hoje todos acham que foi um urso e não um lobisomem - murmurou ele, sua voz carregada de resignação.

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