🍁 NOTURNO 🍁

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Estava em um sono profundo quando, de repente, me vejo imerso em um pesadelo aterrorizante. Eu estava em um lugar escuro e nem tão desconhecido, com sombras sinistras dançando ao meu redor. A sensação de medo e opressão me envolvia enquanto tentava desesperadamente encontrar uma saída. A ambientação era obra da entidade e ele, adorava induzir ilusões nada convenientes. 

- Você não se cansa, não é? Um supermercado dentro da floresta! - digo, com a voz trêmula. Falo consigo mesmo em meio à escuridão, sua voz ecoando vazia pelo espaço sombrio. Me sinto completamente perdido e vulnerável.

De repente, uma figura sombria emerge das trevas, seus olhos brilhando com uma intensidade assustadora. Era a entidade que me perseguia nos piores pesadelos, uma criatura sem rosto, cuja presença causava arrepios na espinha.

- Vincent... Você não pode escapar de mim. Eu estive esperando por você - com uma voz sussurrante. A entidade sempre teve uma voz sinistra, suas palavras ecoando na minha mente como um presságio sombrio. Um frio intenso percorre minha espinha enquanto tento recuar.

- O que você quer de mim? Por favor, me deixe em paz! - com crescente pânico. Imploro com desespero, minha voz tremendo de medo enquanto me afastava da entidade. O terror aperta meu peito ao mesmo tempo em que a criatura se aproxima lentamente.

A entidade avança em minha direção, suas mãos estendidas como garras afiadas, pronto para me envolver em sua escuridão infinita. Tento correr, mas os  meus pés ficam presos ao chão, incapazes de escapar do destino sombrio.

- Você é meu, Vincent. Seu medo me alimenta. Em breve, você será consumido pela escuridão - a entidade ri com uma risada arrepiante, seus olhos brilhando com uma intensidade maligna. Ele se aproxima cada vez mais de mim, seu toque gelado envolvendo-o como uma névoa negra.

Grito em desespero enquanto a entidade se fecha sobre mim, minha mente dominada pelo horror de meu pior pesadelo. Luto contra as garras da escuridão, clamando por uma luz que parece cada vez mais distante em meio à escuridão.

A entidade sorri de forma malévola diante da resistência, suas feições distorcidas pela escuridão continuam me  envolvendo e drenando minhas energia.

- Você não pode escapar de mim, Vincent. Não dessa vez. A escuridão está próxima, e eu esperei décadas por esta oportunidade. Nada pode detê-la agora -  fala com confiança, sua voz ecoa como um sussurro sinistro. Ele parece mais poderoso do que nunca, determinado a consumir um pouco da luz que ainda me resta.

Sinto um arrepio percorrer minha espinha ao ouvir as palavras da entidade, recupero a coragem diante do perigo iminente. Olho nos olhos vazios da criatura e digo com determinação.

- Você pode ter esperado décadas, mas eu também estive observando. Não sou mais aquela criança indefesa. Eu sei das suas intenções, e eu não vou deixar - respondo com bravura, meu tom de voz ecoando no vazio do pesadelo. Me agarro na esperança de que ela possa ser suficiente para resistir à entidade. Às vezes uma amiga e às vezes, meu principal inimigo.

A entidade recua ligeiramente diante da ameaça, seus olhos brilhando com uma intensidade sinistra.

- Você é apenas um mortal, Vincent. Você não pode me deter. Sou tão antigo quanto o sistema solar. Eu sou a escuridão que reside dentro de você e de todos os outros. Você não pode escapar - a entidade ri, sua presença envolve uma sombra densa. Ele parece desafiador diante da minha bravura.  

- Talvez eu não possa te deter sozinho, mas eu não estou tão sozinho quanto imagina. A criatura está do meu lado, e sabemos o seu que você o teme. Posso te conter nos meus sonhos, mas na vida real, Connor te devora - falo com convicção, minha voz ressoando no pesadelo como um desafio. Agarrando na esperança de que, com a ajuda da criatura, eu possa sobressair à escuridão que me rodeia. 

A entidade estremece de raiva diante da ameaça, suas feições distorcidas pelo ódio que a consome.

- Como você se atreve a desafiar a escuridão? Você é insignificante, Vincent, e a criatura ao seu lado não pode me deter. Eu sou poderoso demais para ser contido por um simples mortal. A criatura obedece apenas o seu instinto e nada mais - a entidade fala com fúria, sua voz ecoando no pesadelo como um rugido de desafio. Parece determinado a mostrar sua força diante da minha bravura.

- Você pode ser poderoso, mas não em um corpo humano. Sabe disso. Para uma entidade tão ancestral, você até que é burro. Se eu morrer, você não terá mais um corpo - a entidade parece vacilar por um momento, seus olhos brilhando com uma intensidade sombria. 

- Eu não sei por que a criatura tem uma obsessão por você, Vincent. E isso não importa. O que importa é que eu vou destruir tudo no meu caminho, incluindo você - seu tom sombrio, ecoando como um presságio de desastre no pesadelo. Ele parece mais ameaçador do que nunca, determinado a trazer ruína a tudo o que está em seu caminho.

- Eu não vou deixar você destruir tudo. Eu vou lutar até o fim para proteger o que é importante para mim - falo com convicção, minha voz ressoando no pesadelo como um juramento de coragem e esperança. A entidade ameaça a me consumir novamente. 

- Vincent, preciso te avisar sobre algo preocupante - diz

- O que é?

- Seus próximos sonhos serão como um dreno para sua energia. Cada vez que você adormecer, vou sugar sua vitalidade. Quanto mais forte eu ficar, mais fraco você ficará - estava absorto quando a entidade pronunciou as palavras que me fizeram gelar.

- Não ousaria? - meus olhos se arregalaram, uma mistura de choque e temor pintando em meu rosto.

- Ambos sabemos o quão capaz eu sou. Não resista. É inevitável - a ideia de que meus próprios sonhos se tornariam uma armadilha, drenando minha energia, era inquietante e deixava um gosto amargo de medo. Ele mal podia acreditar que algo assim pudesse acontecer.

- Vai se foder!

O cenário como sempre mesclava entre dois ambientes. A escuridão da floresta e as prateleiras intermináveis do supermercado. Corro desesperadamente, cada passo ecoando na terra úmida da floresta e nos corredores vazios do supermercado. Os corvos, convocados pela entidade, mergulham do céu em uma investida feroz a favor dela. Suas garras afiadas arranham e picam a escuridão, causando ferimentos profundos na figura sombria. A entidade grita de dor e raiva enquanto os corvos a atacam implacavelmente. Seu corpo começa a se contorcer e se transformar, assumindo formas distorcidas e grotescas.

Continuo assistindo horrorizado enquanto a entidade se transforma em algo além da minha compreensão, uma aberração de sombras e dor. De repente, a criatura bizarra volta seu olhar sinistro, eu era sua presa final. Ele avança com uma velocidade sobrenatural, determinado a consumir minha energia vital. Ao me preparar para o confronto iminente, meu coração martela incansavelmente. Mas antes que a criatura possa prosseguir, uma figura surge da escuridão.

É Darcy, meu fiel gato, agora transformado em uma sombra tão horrenda quanto a própria entidade. Seus olhos brilham com uma intensidade selvagem enquanto ele se lança sobre a entidade. A entidade recua diante da feroz investida de Darcy, seus movimentos hesitantes pela primeira vez. Ele se debate para se afastar de Darcy.

Observo com espanto enquanto a batalha se desenrola diante de meus olhos, uma luta entre a luz e a escuridão, entre o bem e o mal. Por um breve momento, o tempo parece congelar enquanto testemunho a coragem do meu leal companheiro. E então, com um último rugido furioso, Darcy afasta a entidade, forçando-o a recuar na escuridão da floresta.

Me aproximo de Darcy com gratidão e admiração, meu coração transborda. Darcy, volta a ser o gatinho comum de sempre. Sua forma tão bizarra quanto a entidade, me trouxe paz. Talvez, seja sua verdadeira forma. O que ele é, não me importa. Sua proteção é mais que bem vinda. Afinal, ele nunca foi um gato comum. Eu sabia que, graças à coragem dele, conseguiria escapar da escuridão. Enquanto a floresta volta ao seu silêncio sombrio e o supermercado retoma sua quietude, abraço Darcy com ternura, sabendo que juntos eles enfrentaremos os desafios que o destino nos reserva.

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