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 Apesar de ser longe, conseguimos chegar no lugar. Eu já estava me perguntando se Duane não tinha errado o endereço, mas quando vi a casa abandonada na beira da estrada, em divisa com o próximo estado, eu percebi que ele tinha acertado.

– Será que ele veio mesmo se esconder por aqui? – Duane me encarou enquanto descíamos do carro. – Sabe, por segurança falei com alguns outros policiais e pedi que se eu não aparecesse no emprego amanhã eles podiam vir aqui.

– Não tem problema, é uma medida de segurança já que a investigação é particular. – Retirei um revolver do coldre e apontei para a porta enquanto nos aproximávamos já em posição de defesa. – Está um pouco silencioso para que ele esteja em casa.

– Vá lá bater na porta dele, diga que quer vender biscoitos. – Até naquele momento ele conseguia fazer piadinhas.

Com passos lentos nos aproximamos da porta e ficamos um de cada lado. Não havia barulho nenhum do lado de dentro, mas acreditando que não poderia ser pego com uma casa tão afastada, talvez Richard estivesse dormindo tranquilamente, sem nenhuma preocupação. Enquanto Ravenna e Rose dormiam todos os dias com a sombra dos acontecimentos na cabeça. Inacreditável.

Indiquei que Duane podia ir na frente, e considerando que um possível assassino podia estar lá dentro, nós dois combinamos que não iriamos simplesmente bater na porta e dizer que tínhamos um mandado, íamos entrar com tudo, se algo desse errado, usaríamos o mandado a nosso favor.

Assim que a porta foi arrombada, entramos apontando as armas para os lados, procurando por alguma pista de Richard mas o local estava escuro, e empoeirado, parecia realmente apenas uma casa abandonada. Alguns móveis estavam virados, aquilo não era antigo ou a poeira também já teria coberto os móveis, e eles estavam sem sinais de pó algum. Os móveis foram virados e colocados fora do local de maneira proposital, acumulados em um canto. Duane foi na frente pelo corredor que se estendia depois da sala de entrada e tomando cuidado para onde apontava a arma, ele examinou cada cômodo sendo seguido por mim. No final, entramos no último quarto antes de uma cozinha. Nós olhamos um para o outro, e eu apenas acenei com a cabeça indicando que iria ficar por ali enquanto ele seguia para a parte dos fundos.

O quarto estava limpo, bem mais limpo do que a sala. Alguém estava usando o local para dormir ali, ou algo parecido. Em cima do criado-mudo parecia ter um quadro, e eu tentei andar até lá olhando para os lados do quarto tendo certeza de que poderia abaixar a arma. Antes que eu pudesse alcançar o quadro, uma tábua onde eu pisei fez um som diferente das demais e eu fui obrigado a testar algumas vezes até ver que aquela tábua estava solta. Me abaixei levantando a tábua solta com dificuldade de onde pegar, e colocando a arma do meu lado, no chão.

Quando levantei a tábua, fui obrigado a retirar do meu bolso, uma lanterninha pequena já que a visão naquele buraquinho estava complicada. Meu coração disparou um pouco em ver com clareza que lá dentro estavam pelo menos um par de brincos e uma aliança. O par de brincos me era familiar me lembrava dele como se estivesse pego na mesma peça no dia anterior. Foi o presente de bodas de prata que mamãe havia ganhado de meu pai, um pouco antes de morrer. Não podia negar que meu coração tinha disparado em encontrar aquelas joias novamente.

– Elliot! – Era a voz de Duane. – Elliot, está sentindo esse cheiro?

Me levantei farejando o ar, e saindo do transe que eu tinha entrado antes, percebi um forte cheiro de madeira queimada começar a infestar a casa. Peguei minha arma e guardei as coisas que tinha achado no compartimento secreto no bolso, olhei para o criado mudo e percebi que era uma foto, de Ravenna com os cabelos cinzas/prateados de costas, pintando um quadro. Pintando um quadro de Richard?

Os Pecados de RavennaOnde histórias criam vida. Descubra agora