Hoje era o grande dia, e apesar de já passar das dez da manhã, eu estava estranhando Rose não ter batido na minha porta ainda. Ela fez um discurso no telefone sobre dar um dia de princesa a Ravenna, e que era pra eu deixar porque mesmo podendo ir embora a moça tinha escolhido ficar em minha casa, mas ela não precisava de tudo aquilo para me convencer. Se algo fizesse Ravenna sorrir já seria de grande valor pra mim.
A verdade era que eu estava bem ferrado, talvez, só talvez, toda vez que eu vejo aquela menina eu tenho vontade de beijar seus lábios até que fiquemos sem ar. Qualquer envolvimento com a senhorita Tucker poderia comprometer o caso, e a minha investigação. Além do mais, Amélia me mataria, apesar de demonstrar certa simpatia pelo meu apreço com a menina, mas mesmo assim ela me mataria.
O barulho da campainha me indicou que agora sim o dia estava começando, porque eu podia dizer exatamente quem era sem precisar abrir a porta.
– Irmãozinho! – Me afastei depois de abrir a porta, dando espaço suficiente para que Rose pudesse entrar. – Tudo bem querido? É o grande dia.
– Pois é. – Fui para a cozinha procurando algum aperitivo nos armários, estava na hora de fazer as compras do mês. – Devo preparar o almoço?
– Claramente, não quero Ravenna na cozinha hoje. – Fiquei observando enquanto Rose procurava alguma coisa na sacola que tinha em suas pernas. – Nós vamos torrar os cabelos, não entre naquele quarto até eu dizer que pode entrar, entendeu?
Minha irmã tirou da sacola uma chapinha e apontou para mim como se fosse uma arma, eu até tomaria cuidado se o apetrecho estivesse plugado na tomada, mas claramente aquilo era só para me fazer sorrir.
– Só não façam algo que possam se arrepender depois. – Dei de ombros rindo e vendo minha maninha fazer o mesmo.
Parece que Ravenna ia ser a bonequinha particular de Rose por um dia, ela estava querendo isso desde o começo, eu sabia que estava.
[...]
Depois do almoço, que eu comi sozinho, a curiosidade estava me corroendo. Rose tinha vindo na cozinha pego o almoço e simplesmente se trancado no quarto de Ravenna novamente, eu escutava risadas e gargalhadas quando passava pela porta, e quando batia na porta apenas escutava um "cai fora seu estupido" da minha própria irmã. De qualquer maneira se eu estava risadas, significava que Ravenna estava sorrindo e isso já me deixava em paz comigo mesmo.
Conforme o dia foi passando, eu simplesmente não conseguia me aguentar mais, a única coisa que salvou foi o fato da temperatura baixa ter subido, e o clima não estar exatamente frio. Mas era natal, sempre neva no natal. Depois das cinco da tarde eu comecei a me arrumar, tomei um banho, retirei o terno do saco, passei alguns minutos na frente do espelho tentando colocar a porcaria da gravata borboleta em seu devido lugar e depois dei uma de Narciso, me admirando naquele espelho.
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Os Pecados de Ravenna
Tajemnica / ThrillerGula, avareza, inveja, ira, soberba, luxúria e preguiça. Tantos pecados, e apenas uma história. Alguém que matou, e alguém que se arrependeu. Se você acreditasse no seu sexto sentido, o seguiria mesmo que isso arriscasse o futuro de...