Uma semana mais tarde, minha casa tinha ficado com o clima bem melhor do que estava antes. Ravenna até chegava a sorrir com mais frequência agora. Eu precisava ir verificar o endereço que havia conseguido com Duane da última vez que estivemos na boate, mas considerando o caso bem delicado, ele resolveu fazer o pedido de um mandado, quem quer que vivesse naquele lugar daquele endereço teria que nos deixar entrar. Isso se vivia alguém, pois, eu não me surpreenderia em achar, um galpão ou uma casa que estivessem abandonados, já que aquilo indicava ser o endereço de quem era sócio da Luxúria, e ele poderia simplesmente ter dado o nome de qualquer lugar como se fosse sua casa.
Com uma bandeja de biscoitos eu empurrei a porta do quarto de Ravenna enquanto uma música tocava enchendo o local de harmonia, e ela pintava. O quadro que estava fazendo para mim, estava quase pronto, e o cabelo que antes era roxo estava começando a ficar esverdeado, ou branco, não sabia exatamente o que era, só sabia que a cor estava indo embora. Assim como a barreira que ela tinha construído entre ela mesma e o mundo.
– Espero ter novidades de Duane, não aguento mais ficar em casa esperando notícias sobre seu caso enquanto ele fica no departamento paquerando sem fazer seu serviço. – Coloquei a bandeja de biscoitos em um banquinho próximo da tela de pintura indicando que era hora de parar e dar um tempo para o lanche. – Posso falar com Rose para retocar seu cabelo.
– E fazer uma análise sobre mim? – Colocando um biscoito na boca, ela me encarou com o rosto brincalhão, eu até gostava daquele lado dela, estava aparecendo com mais frequência, e isso indicava que ela se sentia confortável comigo. – Sabe, eu precisava te dizer uma coisa.
A encarei com seriedade, tinha até receio quando ela dizia que precisava me dizer algo, e se me desse uma pista? Minha mente precisava estar pronta para absorver cada detalhe.
– Pode dizer, sabe que pode me dizer qualquer coisa.
E, ela sabia que podia, só que eu era o que não sabia se ela confiaria em mim para me dizer qualquer coisa.
– Enquanto eu estava com Richard, ele demonstrou algumas vezes, um pouco de ira. – Ira? – Sabe, a ira é um pecado. Um pecado forte. Eu e ele brigávamos às vezes porque eu não queria abaixar a cabeça para nada do que ele fazia ou queria fazer que eu achasse ruim, então ele ficava naquele estado nervoso comigo, e ficávamos alguns dias sem nos ver.
– Ele bateu em você em algum momento? – Era difícil saber. Ravenna e minha irmã, eram bem diferentes, mas tinham namorado a mesma pessoa, se aquele crápula tinha sido capaz de bater em minha irmã, de deteriorar sua vida e sua mente como tinha feito, talvez não tenha sido assim tão diferente com a senhorita Tucker, que até mesmo um assassinato por ele, era capaz de aguentar ser acusada.
– Ele não era nem doido. – Ela sorriu. Sorriu fraco, mas de uma maneira sincera, o que me acalmou um pouco. – Uma vez me deu um tapa fraco, no rosto, e eu chutei seu saco com tanta força que ele achou que tinha ficado aleijado. Desde então nunca mais ele ousou bater em mim, o jogo era mais psicológico, sinto muito se com sua irmã foi diferente. – Seus dedos sujos de tinta tentaram pegar mais um biscoito e eu bati em sua mão.
Com um sorriso no rosto peguei o biscoito que ela queria e coloquei entre seus dentes observando o movimento de sua boca. Na semana que se passou parece que tínhamos entrado em uma trégua, não haviam mais provocações, ou momentos não recomendáveis, segundo minha mente, mas isso não quer dizer que eu não me sentia atraído. Talvez o caso dela estivesse criando uma áurea de adrenalina envolta da mocinha que era mais nova que eu, mas de alguma maneira naquele momento eu podia afirmar que me sentia atraído por Ravenna.
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Os Pecados de Ravenna
Tajemnica / ThrillerGula, avareza, inveja, ira, soberba, luxúria e preguiça. Tantos pecados, e apenas uma história. Alguém que matou, e alguém que se arrependeu. Se você acreditasse no seu sexto sentido, o seguiria mesmo que isso arriscasse o futuro de...