Twenty Four

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 Ravenna estava na cozinha quando eu saí do escritório. Ela parecia tão normal, assim como nos outros dias, assim como quando nos amávamos, e saber que ela tinha ido ver Richard estava acabando com meu coração tão devagar que eu mal conseguia me manter em pé na frente dela sem ter vontade de chorar como um bebe. Eu vi aquele cara destruir a vida da minha irmã de maneira drástica, e estava vendo ele fazer isso de novo, enquanto eu não podia fazer muita coisa.

− Ei, o que houve? – Ela perguntou percebendo meu estado catatônico. – Quer alguma coisa?

Meu pensamento quis responder que sim, que eu queria que ela me contasse a verdade, que mandasse Richard se foder e simplesmente me contasse a verdade.

− Não. – Minha voz saiu até mesmo áspera, o que não era para acontecer. – Eu só... Droga, minha irmã se meteu em uma confusão no serviço e eu estou preocupado com ela.

Eu não estava mentindo, no final das contas. Eu só estava omitindo. Não dava para simplesmente jogar Ravenna contra a parede – num sentido não sexual – e começar a perguntar porque ela estava encontrando Richard.

− Tenho certeza de que você vai conseguir ajudá-la. – Ravenna sorriu e começou a mexer no armário preparando um achocolatado para tomar.

− Rav. – Chamei sua atenção me lembrando dos pecados. – Você ficou sem me dizer um pecado se não estou enganado. A inveja, não é? Quem era a pessoa com inveja?

Observei a mocinha mudar a expressão, mas mesmo assim parecer muito concentrada no que estava fazendo. Simplesmente não conseguia ver nela alguém que estava ajudando Richard, não, isso não estava certo. A menos que... A menos que as manchas com as quais ela estava aparecendo sejam de agressão.

− Você não precisa ajudar sua irmã? – Ela perguntou como quem não queria me responder e passou por mim beijando minha bochecha. – Quando você voltar, conversaremos. Sobre os pecados e tudo mais.

Respirei fundo vendo a moça se afastar, e ir para o quarto com um copo de achocolatado em mãos. Eu não estava mais conseguindo engolir tudo aquilo, estava confuso, estava com raiva, eu não queria saber o que era, mas eu tinha a sensação que aquela operação, ia acabar mal para mim.

[...]

Bati na porta de minha irmã completamente afobado. Eu estava conseguindo pensar direito, não estava conseguindo me controlar, e eu precisava mesmo me controlar naquele momento. Rose sempre foi a pessoa mais calma que eu conhecia, e eu não era como ela, quando algo ameaçava minha família eu simplesmente ia para cima, e ver que ela talvez estivesse se afundando de novo num poço onde ela não teria mais volta, estava me matando por dentro.

− Elliot? – Ela parecia surpresa assim que abriu a porta.

Eu sorri de lado e não esperei que Rose falasse mais nada, apenas entrei na casa me esquivando dela e olhando ao redor.

− Está tudo bem aqui? – Eu perguntei a olhando com mais atenção enquanto a mesma fechava a porta com calma, porém sem tirar os olhos de mim.

− Aconteceu algo? Está tudo bem com Ravenna? – Ela perguntou num tom de voz preocupado.

Aquilo estava sendo fácil e simples demais, Rose sempre foi muito boa em esconder as coisas. No entanto, a pergunta também tinha um pouco de medo ou receio, eu não sabia dizer o que era. Balancei a cabeça e me virei na direção do sofá, era melhor que eu estivesse sentado caso fosse falar algo. Porém assim que me virei, vi no braço do sofá algumas roupas, a maior parte grande demais para ser de minha irmã.

− Tem hospede? – Apontei para as roupas e depois a olhei esperando uma resposta.

− Estou ajudando a vizinhança com a campanha do agasalho. Estamos juntando roupas desde antes do natal. – Ela sorriu empurrando as rodas da cadeira até perto de mim, aquela era uma ótima desculpa, se eu caísse nela. – Sabe como é, aliás, se tiver roupas em casa que você não use mais, pode trazer.

Os Pecados de RavennaOnde histórias criam vida. Descubra agora