Capitulo - Três

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Comi mais uma garfada de ovo e terminei o café da manhã dos campeões: ovos, geleia congelada e bacon, tudo esmagado entre as torradas num sanduíche

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Comi mais uma garfada de ovo e terminei o café da manhã dos campeões: ovos, geleia
congelada e bacon, tudo esmagado entre as torradas num sanduíche. Enquanto enfiava isso na
boca, olhei pelo corredor por puro hábito. A porta do escritório do meu pai já estava fechada.
Meu pai escrevia à noite e dormia no sofá velho do escritório de dia. Era assim desde que
minha mãe morreu em Setembro  passado. Ele podia muito bem ser um vampiro; era isso que minha
tia Ana  tinha dito depois de ter passado uns dias conosco naquela primavera. Eu
provavelmente tinha perdido a oportunidade de vê-lo até o dia seguinte. Aquela porta não se
abria depois que era fechada.
Ouvi uma buzina na rua, (Lizzy) Peguei minha mochila preta caindo aos pedaços e corri pela
porta na chuva. Podia muito bem ser tanto sete da noite quanto sete horas da manhã, de tão
escuro que o céu estava. O tempo estava estranho havia alguns dias.
O carro de lizzy, o Lata-Velha, estava na rua, o motor fazendo barulho, a música em alto
volume. Eu ia para a escola com Lizzy  todo dia desde o jardim de infância, quando nos
tornamos melhores amigos depois de ele me dar metade do seu Pingente De Ying yang Só depois
descobri que tinha caído no chão. Apesar de nós dois termos tirado carteira nesse inverno.

quem tinha um carro, se é que podíamos chamar aquilo de carro.
Pelo menos o motor do Lata-Velha estava superando o som da tempestade.
Amma ficou na varanda com os braços cruzados em uma postura reprovadora.
— Não toque música alta Aqui, Lizzy Lawson White,  Não pense que não vou ligar para
sua mãe e contar a ela o que você ficou fazendo no porão o verão inteiro quando tinha 9 anos.
Lizzy fez uma careta. Poucas pessoas o chamavam pelo nome real; só a mãe dela e Amma.
— Sim, senhora.
A porta de tela da varanda bateu. Ela riu, cantando pneu no asfalto molhado ao se afastar do
meio-fio. Como se estivéssemos fugindo, era assim que dirigíamos quase sempre. Só que
nunca fugíamos.
— O que você fez no meu porão quando tinha 9 anos?
— O que eu não fiz no seu porão quando eu tinha 9 anos? — Lizzy abaixou a música, e eu achei
bom, porque ela era péssima e ela ia perguntar se eu tinha gostado, como fazia todo dia. O grande problema da banda dela, Quem
Matou Lincoln, era que nenhum integrante sabia tocar um instrumento e nem cantar. Mas ele só
falava sobre tocar bateria e mudar para Nova York depois da formatura e sobre os contratos
de gravação que provavelmente jamais aconteceriam. E quando digo provavelmente, quero
dizer que ela tinha mais chance de fazer uma cesta de três pontos vendado e bêbado do
estacionamento do ginásio.
Lizzy não ia para a faculdade, mas ela ainda estava um passo à minha frente. Ela que sabia o que
queria fazer, mesmo sendo algo improvável. Tudo que eu tinha era uma caixa de sapatos cheia
de livretos de faculdades que eu não podia mostrar para meu pai. Eu não me importava com
qual faculdade fosse, desde que fosse pelo menos a uns 1.500 quilômetros de Dakota do sul,
Eu não queria terminar como meu pai, morando na mesma casa, na mesma cidade pequena em
que cresci, com as mesmas pessoas que nunca sonharam em sair daqui.
Ao nosso redor casas vitorianas velhas e encharcadas ladeavam a rua, quase iguais ao dia em
que tinham sido construídas há mais de 100 anos. Minha rua se chamava Cotton Bend porque
essas velhas casas costumavam ter na parte de trás quilômetros de campos de plantação de
algodão. Agora davam para a autoestrada 7, que era provavelmente a única coisa que tinha
mudado aqui

Peguei um donut velho da caixa que estava no chão do carro.
— Você fez upload de uma música esquisita no meu iPod ontem à noite?
— Que música? O que acha dessa aqui? — Lizzy aumentou o som da mais recente faixa demo
da banda.
— Acho que precisa ser trabalhada. Como todas suas outras músicas. —
Era a mais ou menos mesma coisa que eu dizia todo dia.
— É, seu rosto vai precisar ser trabalhado depois que eu der umas porradas em você. — Era
mais ou menos a mesma coisa que ela dizia todo dia.
Dei uma olhada na minha lista de músicas.
— A tal música, acho que o nome era algo do tipo "Anjos e humanos".
— Não sei do que está falando. — Não estava lá. A música havia sumido, mas eu acabara de
ouvi-la naquela manhã. E sabia que não tinha imaginado porque ela ainda estava na minha
cabeça.
— Se você quer ouvir uma música, vou botar uma nova. — Lizzy olhou  para baixo para
encontrar a música.
— Ei, Garota, olhe para frente.
Mas ela não ergueu o olhar, e com o canto do meu olho, vi um estranho carro passar na frente
do nosso...

Apenas Um Minuto - Anjos e humanosOnde histórias criam vida. Descubra agora