capitulo - Sete

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- É

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- É. Exatamente como disseram. Dirigindo o rabecão dele.


Emory sacudiu a cabeça.


- Ele é gato mesmo. Que desperdício.


Elas voltaram a jogar bola, mas quando case Watt fez o arremesso seguinte, começou a chover de


novo. Trinta segundos depois, fomos pegos no meio de uma tempestade, a mais forte do dia.


Fiquei lá de pé deixando a chuva acabar comigo. Meu cabelo molhado caía sobre os olhos,


bloqueando o resto da escola, do time.


O mau presságio não era apenas um rabecão. Era Um garoto.


Por alguns minutos, eu tinha me permitido ter esperanças. De que talvez esse ano não seria


como todos os outros anos, de que alguma coisa fosse mudar. De que eu teria alguém com


quem conversar, alguém que realmente me entendesse.


Mas tudo que tive foi um dia bom na quadra, e isso nunca tinha sido o suficiente.

Um buraco no céu

rango frito, purê de batata com molho, vagem e pão - o prato, frio e raivoso sobre o fogão


onde Amma tinha deixado. Normalmente ela mantinha meu jantar quente até que eu chegasse


do treino, mas hoje não. Eu estava muito encrencado. Amma estava furiosa, sentada à mesa


comendo balinhas de canela e rabiscando nas palavras cruzadas do New York Times. Meu pai


assinava escondido a edição de domingo porque as palavras cruzadas do The Stars and


Stripes tinham muitos erros de ortografia e as do Readers Digest eram pequenas demais. Não


sei como ele conseguia fazer sem que Carlton Eaton percebesse, pois ele teria feito a cidade


inteira saber que éramos bons demais para o The Stars and Stripes. Mas não havia nada que


meu pai não fizesse por Amma.


Ela deslizou o prato na minha direção, olhando para mim sem olhar para mim. Enfiei purê de


batata e frango frios na boca. Não havia nada que Amma odiasse mais do que comida deixada


no prato. Tentei manter distância da ponta do seu lápis especial número dois, usado apenas


para palavras cruzadas e mantido tão apontado que poderia ferir a ponto de sangrar. Hoje, era


possível.


Escutei o barulho ininterrupto da chuva no telhado. Não havia nenhum outro som na cozinha.


Amma bateu o lápis na mesa.


- Oito letras. Confinar ou provocar dor devido a um erro cometido.

Ela me lançou outro olhar. Enchi a boca de purê de batata. Eu sabia o que estava a caminho.


Nove horizontal.


- C-A-S-T-I-G-A-R. O que quer dizer punir. O que quer dizer que se não consegue chegar na


escola na hora, não vai sair dessa casa.


Fiquei pensando sobre quem tinha ligado para informá-la de que eu chegara atrasada, ou o


mais provável, quem não tinha ligado. Ela apontou o lápis apesar de ele estar ainda de ponta


fina, enfiando-o no velho apontador automático na bancada. Ela ainda estava claramente "não-


olhando" para mim, o que era bem pior do que me olhar nos olhos.


Andei até onde ela estava apontando o lápis e passei meu braço em torno dela, dando-lhe um


bom aperto.


- Pare com isso, Amma. Não fique zangada. Estava chovendo forte de manhã. Você não ia


querer que corrêssemos na chuva, não é?


Ela ergueu uma sobrancelha, mas a expressão se amenizou.


- Bem, parece que vai continuar chovendo de agora até o dia em que você cortar esse


cabelo, então é melhor você pensar em um jeito de chegar à escola antes que o sinal toque.


- Sim, senhora. - Apertei-a mais uma vez e voltei para meu purê frio.


- Você nunca vai acreditar no que aconteceu hoje. Tem um garoto novo na nossa turma. -


Não sei por que eu disse aquilo. Acho que ainda estava na minha cabeça.


- Acha que não sei sobre Tristan Duchannes?


Engasguei com o pão. Tristan Duchannes. Podia rimar com rain. O modo como Amma falou fez


parecer que a palavra tinha uma sílaba a mais. Du-kay-yane.


- É esse o nome dele? Tristan?
Amma empurrou um copo de achocolatado em minha direção.


- É e não, e não é da sua conta. Você não devia se meter com coisas das quais não sabe nada,


Morgana Campbell.

Amma sempre falava em código e nunca oferecia mais do que isso. Eu não ia à casa dela em


Waders Creek desde que era criança, mas sabia que a maioria das pessoas da cidade ia.


Amma era a leitora de tarô mais respeitada num perímetro de 160 quilômetros de dakota,


assim como a mãe dela antes dela e a avó dela antes da mãe. Seis gerações de videntes. dakota


estava cheia de batistas tementes a Deus, metodistas e pentecostais, mas eles não conseguiam


resistir à atração das cartas, da possibilidade de mudar o curso do próprio destino. Porque era


isso que eles acreditavam que uma poderosa vidente podia fazer. E Amma era uma grande força com qual contar.

Apenas Um Minuto - Anjos e humanosOnde histórias criam vida. Descubra agora