o bilhete

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me informei sobre as horas com um rapaz que vinha na minha direção; ainda eram 10:47 da manhã. pelos meus cálculos dava pra passear pelo bairro até a hora do almoço; começando pela feirinha.

aos sábados sempre tinha exposição de pets para adoção, pequenas apresentações artísticas e venda de itens artesanais, ou pelo menos costumava ter... quando eu passava ali com minha mãe tempos atrás.

nós gostávamos muito, costumava ser nosso programa favorito... ficar horas lá dentro olhando de tudo um pouco comprar algumas coisas, comer nas barraquinhas na área de trás próximo ao palco onde algumas pessoas se apresentavam e assisti-las; as danças era minha parte preferida.

nos poucos passos até a entrada da feira notei que tudo na rua e afins parecia um pouco diferente... detalhes novos nas calçadas, alguns bares e lanchonetes preenchiam mais a extensão da avenida e tinha bastante movimento, pessoas de todas as idades e jeitos, indo e vindo de todo lado.

então em alguns milésimos de segundo me bateu certo incômodo e não me senti a vontade passando por ali.

"talvez não tenha sido tão boa idéia sair do quarto hoje."

me sentia um pouco despersa, talvez por estar sozinha. mas logo me deparei com a faixada da feirinha local que descrevia as "atrações" do final de semana.

não que eu fosse dependente, mas estava na hora de aprender a andar e fazer as coisas sozinha.

da entrada dava pra ver que várias pessoas transitavam por entre as barracas... parei perto de uma que vendia alguns artesanatos em forma de pássaros de várias espécies, pequenos vasos e coisas para trabalho manual, como pincéis, argila, entre outros...

avistei caixas e gaiolas de tamanhos diversos com alguns filhotes de cachorro dentro, eles ficavam em um lugar estratégico, no centro da feira, onde todos podiam vê-los com mais facilidade.

as "gaiolas" eram abertas na parte superior então os filhotes colocavam a cabeça pra fora, farejando as pessoas (geralmente crianças), uns choravam, outros latiam, e aquilo tudo me fez rir.

"as coisas não mudaram tanto assim, vai..."

"...e convenhamos... mudanças são boas..."

" ...as novas janelas de vidro do café por exemplo?! ótima vista aquela... e as flores..."

"e cara... você só passou 7 meses fora, não 7 anos. nada deve ter mudado tão drasticamente assim, relaxa!!!"

costumava tentar acalmar a mim mesma em momentos como esse. a propósito, eu tinha mudado um pouco também e tudo iria ficar bem, certo? certo!

[talvez]

me aproximei dos filhotes, me curvando pra analisar melhor. tinha uma grande variedade: marrons, pretos, cor de creme, brancos, gorduchos, magrelos, quietos, bagunceiros, etc. sempre os acariciava e alguns lambiam minha mão me fazendo sorrir.

havia também uma caixa grande com uma gata e seus filhotes pouco crecidos dentro e não deu pra controlar a vontade de pegá-los no colo, um por um. eram brancos com tons de cinza espalhados pelo corpo, igual a mãe, que ficou "atenta" enquanto eu paparicava cada um dos filhotes. estavam com olhos entre abertos ainda e com carinha de sono, uns amores... os cachorros latiam incessantemente, então logo voltei a atenção para eles também, essas criaturinhas passavam um aconchego enorme a mim, me sentia em paz...

céu e mar (romance lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora