disfarçando

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e foi depois daquele quase-beijo que eu percebi como não seria tão fácil assim ficar com sofi; cheguei inclusive a duvidar se era aquilo mesmo que eu queria.

talvez fosse melhor esquecer aquela história. fingir que não fiquei mexida por causa dela, até que realmente não precisasse mais fingir e aquilo tudo não passasse de uma mera lembrança. até porque, não tinha como negar, que era precipitado e insano demais.

mas todas aquelas coincidências entre a gente... os poucos momentos que passamos juntas já ocupavam todos meus pensamentos e lembranças! aqueles olhos... e aquele sorriso? puta que pariu... que mulher!

nós continuávamos nos falando por telefone, eu quase sempre ia na cafeteria vê-la. mas de repente algo tinha mudado, alguma coisa não fazia sentido.

talvez assim como eu, sofi também tenha tentado deixar essa história pra lá.

eram muitos "talvez".

ela era muito ocupada. tinha sua mãe, os treinos e as apresentações de dança, o trabalho. nos intervalos dessas coisas ela precisava viver, né? sair com os amigos, essas coisas. por mais que eu quisesse muito, eu não ia tomar seu tempo.

e por falar em amigos, eu também estava ocupada com os preparativos da festa surpresa de hugo. o que era quase uma missão impossível, porque ele sempre descobria.

- amiga nem adianta, eu sei que você e o ítalo estão tramando uma festinha pro bebê aqui. - a voz com leve prepotência ressoou através do telefone.

hugo era leonino mas com ascendente em câncer, agora imagina... era o que o universo tinha me reservado como melhor amigo. fazer o quê?

[te amo amigo.]

- claro que não... - usei o tom mais indiferente que pude. - eu desisti de tentar te surpreender...

- ai, falando assim me magoa... - consegui visualizar ele colocando a mão no peito fingindo alguma comoção; revirei os olhos involuntariamente.

- a gente pede umas pizzas e compra bebida, todo mundo feliz. - sugeri a ideia mais fraca, fazendo pouco caso.

- e joga verdade ou desafio! - disse hugo de forma debochada, se referindo a vez que eu perdi o bv. - vou chamar a nataly...

- cala a boca, viado!! - gargalhamos.

- amiga você não gostou mesmo dela? vocês formam um casal bonitinho, ela é a sapatão mais cobiçada da faculdade do it.

- it a coisa. - eu tinha que soltar essa.

- it a coisa linda. - hugo riu. - não me enrola, eu sei que eu fui meio egoísta em viver falando do meu relacionamento e nem perguntei como você tá... - senti um leve pesar no seu suspiro.

ele não prestou muita atenção de fato, mas tudo bem. não tinha nada certo mesmo.

- ai amigo, não precisa pedir desculpa.

- mas me conta, como tá esse coraçãozinho? deixou alguma novaiorquina apaixonada pra trás foi isso? porque quando você despensa alguém é que já tem outra dominando esses pensamentos.

céu e mar (romance lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora