a dança

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acordei preguiçosamente devido ao barulhinho de chuva que vinha de fora, nenhuma notificação no celular.

"não acredito que vou ficar paranóica com celular e suas notificações, de novo..."

bati levemente a mão em meu rosto e cocei os olhos. sentei na cama e olhei pela janela de vidro, o chuva quase silenciosa, o céu fechado tornavam aquela manhã de domingo meio deprê, pensei. voltei a deitar, o clima estava perfeito para virar parte da cama. mas levantei subitamente falando pra mim mesma:

-AS APRESENTAÇÕES DE DANÇA SÃO HOJE!!!

eu precisava ir lá pra conferir... foi difícil devido o frio, mas tomei um banho, me arrumei e saí...

não queria ficar gastando o dinheiro que meu pai havia dado então não aluguei bicicleta. fui até a feira, que não era tão longe da pousada, a pé mesmo... algumas pessoas iam na mesma direção, umas iam até pro mesmo local.

cecília havia me dito que era melhor levar o guarda-chuva, parecia até minha mãe falando, sorri com a semelhança e foi melhor de fato. chovia pouco, mas chovia e ninguém podia saber se ia "piorar" ou não...

cheguei na feirinha em pouco menos de 20 minutos, tinha passado pelo café antes, só que não tive muita vontade de entrar ou mesmo olhar para lá.

[vergonha é uma merda mesmo]

"na volta quem sabe?!"

as barracas na entrada da feira estavam mais vazias, tudo tinha um aspecto bem mais calmo e silencioso comparado ao dia anterior, porém adentrando um pouco dava pra ouvir alguém testando o som e pessoas conversando enquanto tomavam café nas pequenas barracas de alimentação, já era um pouco tarde pra café, mas era domingo, então qual o problema não é mesmo?

demorei perceber que a chuva havia parado por completo porque o céu continuou fechado com nuvens densas, o que certamente trazia um clima abafado e melancólico ao ambiente.

procurei um lugar pra sentar, escolhi um não muito próximo ao palco, alguns jovens já estavam esperando e depois de mim ainda chegaram mais algumas pessoas.

enquanto as apresentações não começavam, fiquei pensando em como sempre adorei essa coisa de darem espaço para artistas "amadores" se expressarem, apesar de não ser muito boa com nada da área musical, sempre dei muita importância e admirava quem tinha o talento para tal arte; eu só fazia alguns rabiscos, às vezes coloridos, e escrevia o que vinha na cabeça.

lembrei-me ainda da vez em que chorei ao ouvir uma jovem tocar uma música, altoral, no piano. era uma melodia leve e ritmada que me trazia paz... minha mãe me olhava incrédula devido minha reação, não que ela não estivesse chorando também, mas eu não costumava ser muito sensível a essas coisas, gostava apenas de apreciar... mas aquilo foi diferente e intenso...

foi quando começou a tocar a introdução de fix you - coldplay, que eu me despedi da lembrança, me atentando ao palco... e lá estava ela: sofi... a primeira a se apresentar, assim de cara!

não sei bem o porquê, mas depois do primeiro segundo eu não estava mais nem um pouco surpresa de vê-la ali, ela me parecia mesmo o tipo de mulher capaz de fazer qualquer coisa...

a cor de suas roupas combinavam com a sua pele clara, combriam apenas partes mais íntimas, deixando a mostra algumas pintas espalhadas pelo corpo, pés descalços... estava de cabeça baixa e quando o primeiro verso comecou a ser cantado sua dança ganhou vida... uma espécie de dança contemporânea, mas calma, conforme a música.

céu e mar (romance lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora