Numb

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Uma pequena nota antes de começar. Como alguns sabem e os que não sabem ficam a saber: Chester Bennington, um dos vocalistas dos Linkin Park morreu ontem.

Coincidência ou não, foi ontem que me encomendaram esta música, entre outras para eu fazer um conto. Então eu decidi pegar logo neste êxito dos Linkin Park e escrever.

Desejo a todos uma boa leitura e não se esqueçam de meter a música a tocar antes.

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   "Em criança sempreme disseram para seguir os meus sonhos, acontecesse o queacontecesse, que sempre iria dar certo. Quem disse isto estava emparte certo, mas a minha realidade começou a afigurar-se de outramaneira: promessas quebradas, manipulação misturada com ingenuidadee um sonho à espera de ser perseguido.

    Sempre pensei que eles iriam cumprir com a sua palavra, mas não passava tudo de um esquema para eu fazer o que eles queriam e não seguir o meu sonho.

    Pois porque eu tinha um sonho, e não queria simplesmente trabalhar para sobreviver, eu queria trabalhar em algo que gostasse. Queria encantar todos com a minha voz, encher estádios, mas principalmente fazer aquilo que me fazia sentir feliz: cantar.

    Mas os meus pais não percebiam isso, ou talvez não quisessem perceber, não sei. Quando eu disse-lhes que queria ir estudar para o conservatório eles concordaram, mas antes disso, eu teria que fazer pelo menos o 12ºcom excelentes notas, senão não me deixavam entrar no conservatório.

    Então assim fiz. Sacrifiquei 3 anos da minha vida a estudar, já que não era uma aluna excelente, que foram um autêntico inferno para mim. Aquilo não me fazia feliz, e eu estava sempre cansada da minha cabeça porque estava a fazer uma coisa por obrigação. Mas era um pequeno preço apagar por uma entrada no conservatório, por isso não me queixei.

    No final do ano, tirei perto de 19 valores, deixando os meus pais imensamente orgulhosos. Eu só não esperava o que viria a seguir e que me levaria a tomar uma decisão drástica.

    Tinha acordado cedo essa manhã. Meio ensonada, comecei a preparar o café da manhã, para ver se despertava, quando ouvi uma buzina conhecida de todo o mundo:a buzina da bicicleta do carteiro. Vim cá fora. O carteiro não costumava passar por aqui.

    -Bom dia.

    -Bom dia. - disse eu antes de bocejar.

    -Tem aqui uma carta muito importante. - disse ele mostrando um enorme envelope.

    -Deve ser para os meus pais. Algum processo do hospital ou outra coisa.

    -Não, esta carta está endereçada para si.

    -Para mim? – disse eu pegando no envelope. - Ok obrigada.

    Fui para dentro e pousei o envelope em cima da bancada da cozinha. Abri as gavetas em busca de uma tesoura, abri o envelope e comecei a ler. Não podia acreditar.

    -Bom dia querida. -disse o meu pai

    -O que é que isto significa?! - gritei eu levantando o envelope.

    -Bem... com as notas que tu tinhas, era um desperdício não te inscrever em medicina na universidade mais prestigiada do país!

    -Mas tu sabias que eu não queria! Eu fiz tudo o que vocês queriam para poder ir para o conservatório e vocês fazem-me uma coisa destas! - exclamei já com lágrimas de raiva nos olhos.

The song's bookOnde histórias criam vida. Descubra agora