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   Parece um cenário romântico... é como se visse aquele jardim pela primeira vez, embora isso não seja verdade.

    Parece, porque ele está sentado no banco, embora esteja a olhar para os pés como se eles fossem os culpados do crime mais hediondo.

    Puxo o vestido para cima para poder andar sobre as pedras da calçada sem o sujar, e sento-me ao pé dele, olhando também para os meus sapatos.

    -Porque é que estás assim?

    Ele olha para mim com surpresa. Estava tão concentrado que nem se apercebeu que eu estava ali.

    -Pensei que estava sossegado aqui.

    -Este não é o melhor esconderijo do mundo, se pensares bem.

    -Pois não. - diz ele dando um sorriso fraco. - Sabes... eu pensei que esta fosse a melhor coisa a fazer...mas agora tenho as minhas dúvidas em relação a tudo isto. - diz envergonhado.

    -Como assim? - pergunto eu, puxando levemente o seu queixo para cima, de modo a olhar para mim.

    -Eu... acho que isto é um erro. Eu tenho medo de voltar a magoar-te...

    -Thomas, tu nunca me magoastes. Onde é que fostes buscar essa ideia?

    -É verdade! Eu às vezes sou uma besta contigo Ellen, e tu não mereces isso!

    -Às vezes as pessoas são assim. Eu própria já fui assim algumas vezes. Nós apenas temos que aprender a lidar com isso, como qualquer casal. Os relacionamentos não são mares de rosas, também existem problemas!

    -Mas...

    -Nós já passamos por muito juntos e eu vou provar que é um erro pensares assim! Apenas preciso que me ouças.

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   "Todos os casais têm discussões, às vezes por motivos fúteis, mas não é por isso que eles não se amam.

    Outras vezes, porque estão stressados e têm que descarregar, mas não fazem isso para magoar o outro.

    Nós sempre passámos por todos os problemas juntos, não precisas guardar esta insegurança dentro de ti. Eu estou aqui para tudo.

    Houve maus momentos,mas também houve bons momentos e são esses que temos que aproveitar.

    Não te lembras daquela noite de inverno? Daquela em que eu fiquei presa dentro de um café?De certeza que te lembras.

    Tínhamos combinado encontrar-nos lá para bebermos aquele café com creme delicioso!

    Mas o que parecia um encontro tornou-se rapidamente numa missão de resgate quando o limpa-neves e o telhado barraram a única saída com um enorme monte de neve.

    Eu entrei logo em pânico e estive a uma distância muito pequena de partir uma das janelas de lá, se não fosse o dono a impedir-me. Pelos vistos o seguro não cobria estragos feitos por clientes no limiar da loucura.

    Felizmente, estava lá um homem que tinha uns calmantes à mão, senão eu ia ceder à minha claustrofobia e ia ceder também uma carrada de dinheiro para pagar o vidro.

    -Já está mais calma?- perguntou ele sentando-se à minha frente.

    -Sim, melhor. Mas não é a minha calma que nos vai tirar daqui.

    -Pode ter razão, mas já é um passo na direção certa. - disse ele, empurrando gentilmente um copo de água com açúcar.

    -Obrigado. Espero que ele chegue depressa.

The song's bookOnde histórias criam vida. Descubra agora