ODAXELAGNIA

It's too cold outside, for angels to fly

Louis tentou abrir os olhos, mas eles simplesmente não abriram.

Então ele tentou de novo, pensando qual mecanismo do seu cérebro devia avisar que ele realmente queria abrir os olhos.

Pelo jeito, nenhum deles.

Em último caso, ele resolveu grunhir abafado, tentando avisar que seu corpo que “Surpresa! Ele estava acordado”, mas isso também não funcionou, embora ele tivesse certeza que estava mexendo os olhos dentro das pálpebras. Era só abrir, do tipo, abrir. Abra. Abra!

– Louis? – Ele ouviu a voz grossa de Zayn.

A única coisa que conseguiu fazer foi grunhir de volta como se estivesse sendo desmumificado depois de milhões de anos embalado a seco. Ainda assim, seus olhos pareciam insistir em ficar fechados e seu corpo estar amarrado a bigornas. Todo movimento doía, todo movimento era difícil.

– Louis, você acordou? – Liam disse, e com isso, Louis sentiu suas mãos suadas em seu braço, apertando a pele.

Isso ele conseguia sentir. Ele grunhiu mais alto para ter certeza de que não estava sonhando, então ouviu o som de um botão ser apertado ao seu lado.

– Você chamou a enfermeira? – Liam sussurrou dessa vez, as mãos ainda no braço de Louis.

– Chamei, ele acordou – Zayn resmungou – Até que enfim.

Como até que enfim? Enfermeira? Que porra estava acontecendo no final das contas?

– Zayn, ele só grunhiu, quem sabe é só um pesadelo – Liam suspirou, fazendo com que Louis grunhisse ainda mais alto em resposta, porque não, ele estava ali, acordado e desmumificado e pronto para acordar se seus olhos os respondessem.

Para sua surpresa, dedos fortes beliscaram sua cintura e como um truque, seus olhos pareceram lembrar como funcionavam e se abriram. O brilho de uma lâmpada alógena fez seus olhos arderem como se estivesse há dez anos sem olhar para qualquer tipo de luz.

Ei. Por quê?

– Louis! – Liam disse contente enquanto ele estava totalmente desconsertado, piscando inúmeras vezes para se acostumar com a claridade e levando uma das mãos sob os olhos com cuidado e muita dor, até sentir uma coisa esquisita nas costas da mão.

Louis grunhiu mais uma vez, porque de alguma forma ele parecia ter voltado pra idade das cavernas onde só sabia grunhir e se impressionar com coisas tipo a luz, e ainda com... Soro?

Louis arregalou os olhos assustado, ignorando a voz de Liam por completo e tentando se mover com agilidade, sentindo seu corpo inteiro doer e arranca um grito despreparado de sua garganta. Ele cerrou os dentes pela dor dos músculos fatigados, desistindo de se apoiar em seus cotovelos ao sentir a mão de Zayn em seu peitoral, o empurrando deitado novamente.

– Louis, você é um idiota – Zayn rosnou do fundo da garganta, se inclinando para olhar Louis diretamente nos olhos, tampando a claridade direta da luz.

Malik continuava igual, com a mesma barba, com o mesmo rosto. Então, talvez não tivessem passado dez anos.

– O qu-

Louis tentou falar, sentindo sua garganta extremamente seca arranhar, logo desenvolvendo para uma crise de tosse forte que fazia com que os músculos de seu abdômen e ombros parecessem estar sendo arranhados direto na carne viva.

– Zayn! A enfermeira disse pra ele ficar em repouso, não pra você assu-

– Isso mesmo – Uma voz feminina se fez presente, junto com um clique que parecia ser da porta fechando. Louis não se interessava quem estava ali na verdade, ele só queria saber por que seu corpo parecia ter passado por um rolo compressor.