Capitulo 3

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     Voltamos para casa a pé e, como sempre, o universo está sempre conspirando contra mim.  Começou a chover. Poise, isso mesmo que você deve estar pensando " Nossa, que clichê". Sim, muito clichê. Mas a vida é clichê, nossas atitudes são clichês e o que seria de nós sem os clichês?
 
   Corremos juntos pelo caminho inteiro até a minha casa. Apostamos corrida no meio do caminho
  – Quem chegar por último tem Cara de bode e cheiro de cocô – As vezes ele tinha uns surtos de infantilidade que quem visse pensava que era uma criança de cinco anos. Por isso que somos amigos. Na entrada de casa, vi o carro dos meus pais estacionado. Fudeu. Foi a primeira coisa que veio na minha cabeça. A unica palavra que definia o meu momento agora. Eu e Juan trocamos olhares. Ele já sabia o meu status agora.
   – É melhor eu ir para casa. Nós nos encontramos amanhã na escola.
   – Claro que não, você está todo molhado. Você vai entrar ai dentro e se secar e aproveita e janta conosco.
   – Agora?
   – É idiota, Agora. Vamos logo! Não tenho o dia inteiro.
   – Calma, calma, já estou indo.
   Abri a porta de casa, já esperando o pior. Meus pais estavam sentados no sofá. Assim que fechei a porta e os nossos olhares se encontraram, percebi que as minhas suspeitas estavam confirmadas. Eu estava muito fudida. Assim que eles viram o Juan, suas expressões se suavizaram.  Ótimo. Meus status subiram um pouco.

   – Oi Juan! Seja bem vindo. Porque vocês estão todos molhados?
   – Mãe, desculpa por ter saído sem falar com vocês, eu sei que minha atitude foi rebelde...
   – Suzan, agora não. Mas me contem, porque vocês estão todos molhados?
   Contei a ela tudo o que havia acontecido. Desde a nossa saida para o James Joyce até a nossa chegada em casa.
   – Meu Deus! Vocês estão bem? A janta já está quase pronta. Suzan, vá se trocar e... Juan, vou pegar umas roupas limpas e secas do primo da Suzan que acho que deixou aqui. Provavelmente caberão em você.
   – Obrigado, senhora mauni.
   – Por nada, meu amor.
  Minha mãe foi pegar as roupas e em instantes entregou a ele as roupas. Levei-o até um banheiro para tomar um banho e trocar de roupa. Fui para o meu quarto fazer o mesmo.

    Na janta, todos comeram calados. Não tinha o que conversar. Juan se despediu dos meus pais e foi em bora. Eles se viraram para mim com uma cara que me queimava na fogueira, como uma bruxa condenada ao sofrimento eterno. Toquei na minha cabeça, onde a Maria já estava quase que completamente desenvolvida.
   – Suzan, nunca mais faça uma coisa dessas. Eu e seu pai chegamos e vimos que você não estava aqui. Ficamos preocupados. O que custa você ligar para nós e nos avisar? Nada! E outra, você não é mais uma criança, você já está se transformando em uma mulher. Os meninos notam e o seu amigo também já está virando um homem e ...
  – Mãe, aonde você quer chegar?
  – Os garotos da idade dele querem sexo e garotas e várias outras coisas! Não gosto dele andando com você! Ele é um amor de menino mas é jovem, e você é uma menina e... tem o sexo minha filha! Jovens transam! E com ele não é diferente.
  – Nossa, a nossa conversa está tomando um rumo meio quente, né?
  – Eu estou falando sério, filha!
  – E eu também mãe! O Juan é o meu amigo e ele é diferente de qualquer outro menino e estou extremamente decepcionada de ouvir uma coisa dessas vinda de você, que conhece os pais dele e sabe o tipo de educação que eles dão para ele. E o que há de errado em fazer sexo? Você já fez sexo!
  – Certo, certo. Você está certa. Eu só estou estressada por causa dessa confusão toda. Nada que um banho quente e uma boa soneca não resolva.
  – Acho bom mesmo.
  – Ah, quase já ia esquecendo. Os seus exames já ficam prontos depois de amanhã. Liguei para o médico e marquei para ele olhar teus exames logo em seguida. Você vai comigo.
  – De que horas?
  – Quando voltar da escola.
  – Sem problema. Vou dormir. Boa noite.
  – Boa noite – meus pais disseram em unissono.

   
    
    

  
  
 
  

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