1 - A Armadilha

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Lorde John, décimo primeiro duque da linhagem dos Roussel, estava encurralado. Ou ele avançava e se entregava de uma vez, ou retrocedia e corria risco de morte. Não haviam mais opções. Tudo não passava de estratégia, coisa que ele não havia percebido. E já não importava perceber agora, porque tudo já estava acontecendo.

Dois dias atrás, quando recebeu uma carta de Lorde Kenedy, seu cunhado, o Conde de Berkshire, ele não fazia ideia de que seu pedido para que fosse ao seu encontro era uma armadilha. Uma armadilha de seu próprio cunhado.

O Duque sabia que seu cunhado era envolvido com bandidos e por isso tratou de alertar bem a irmã. Mas não foi ouvido. Lady Eloise era, sem dúvidas, muito apaixonada pelo tal homem e o quis mesmo assim.

Sendo assim, nada sobrou ao irmão, a não ser apoiá-la e comparecer a datas importantes em sua casa quando se era devido, mesmo sendo óbvio a inimizade entre seu marido e ele.

"Vamos lá, John, nós não queremos que aconteça algo", o cunhado relinchou, enquanto limpava o cano de sua arma. Dois de seus homens estavam ao seu lado e dois por detrás. "Por que não me diz onde você escondeu o tesouro de Eliot?".

Claro. John deveria saber. A irmã deve ter dito sobre o ouro de seu pai.

Quando morreu, Eliot Roussel deteve para si uma quantidade exorbitante de ouro, mas escondeu. Escondeu e somente John recebeu uma cópia do mapa original, que o advogado do pai lhe passou.

Mas a verdade é que nem o próprio duque teve coragem de ir até o lugar, pois era somente um jovem libertino quando o pai se foi e nunca se achou digno de tomar aquela riqueza para si. Fato era que já tinha muito. Era um duque, no final de tudo. Porém, sabia que com o ouro de seu pai, poderia se tornar cinco vezes mais rico.

"Não seja tolo, Kenedy. Deixe-me ir. Nós dois sabemos que não vou lhe dar nada", declarou. Estava um pouco nervoso, é claro. Mas não iria dar o braço à torcer; afinal, o cunhado não poderia matá-lo tão esnobamente. Ou poderia?

"Eu acho mesmo engraçado o quanto você pode ser corajoso, meu cunhado, visto que tenho quatro homens armados ao meu dispor."

"Pense em Eloise. O que ela diria se soubesse que me matou?".

Nitidamente o Conde pensava no bem-estar de sua mulher.

"Bem, Eloise nunca saberia. Ela é uma mulher muito ingênua ou por qual outro motivo teria se casado comigo?".

John cerrou os punhos ao lado do próprio corpo e contou até cinco, temendo fazer algo que poderia causar a própria morte. Era de sua irmã que ele estava desdenhando, ora essa!

"Mas não me entenda mal", o cunhado continuou. "Eu realmente tenho muito respeito por sua irmã. Ela me suporta e é a única. No entanto, é uma tolinha. Me contou tudo que eu precisava saber, e nem precisei fazer muita coisa", deu um sorriso, que não agradou em nada John.

"Não vou lhe dar nada, já disse. Deixe-me voltar e ninguém nunca saberá o que ocorreu esta noite", John insistiu.

"Você é um cretino irredutível", Kenedy rosnou e se aproximou do cunhado, o agarrando pelas lapelas do terno. "Diga-me agora onde está o ouro!".

"Socorro! Socorro! Ajudem-me!".

Todos os homens se petrificaram ante os gritos femininos alvoroçados. Eles estavam no meio do nada.

Que mulher poderia estar ali? Era perigoso. Estava de noite.

"Senhor…", um dos capangas começou, mas Kenedy o fez se silenciar com a mão e voltou os olhos para a gigantesca floresta escura, tentando procurar um vestígio de vida.

"Oh, não! Meu marido é do exército e está morrendo! Ajudem-me!". Mais uma vez a voz feminina gritou. Estava desolada.

"Ora essa", Kenedy resmungou e deu um passo para trás, soltando o cunhado como se ele estivesse pegando fogo. "Vamos embora daqui. Podemos ser pegos. É um militar."

"Mas, senhor, é uma mulher e está precisando de ajuda." Outra vez um dos homens tentou ser solícito.

"Nem pense nisso. Tomem seus cavalos. Partiremos imediatamente."

Dizendo isso, o Conde montou em seu cavalo marrom, lançando um último olhar de raiva ao cunhado, e partiu aos galopes dali, sendo acompanhado por seus homens.

John Roussel soltou um suspiro longo, de alívio e apreensão, e imediatamente se voltou a olhar para o escuro, procurando sinais de gritos ou ao menos barulhos.

Esperou um pouco e depois de uns instantes, ouviu um farfalhar de folhas e, para sua surpresa, uma mulher apareceu, do meio daquela mata escura.

Ele retrocedeu um passo assim que viu ela desembainhar uma espada.

"Quem é você?", ela perguntou, em um tom de voz firme e que deixou bem claro que era uma mulher sem qualquer medo.

"Sou o Duque Roussel. E você, quem é?".

"Não importa. Por que um duque estava sendo quase morto?".

"É uma longa história, milady. Como está o seu marido? Posso chamar um médico, se quiser."

Ela riu. Um som melódico e que deixou John desentendido.

"Não é à toa que estava em uma situação assim", murmurou. "Foi só um método que achei de libertá-lo de seus inimigos."

"Oh!", Lorde John se surpreendeu. "Sendo assim, eu agradeço. Um gesto bem nobre de sua parte, senhorita, visto que nem me conhece."

A mulher deu de ombros.

"Você estava parecendo um ratinho encurralado, não fiz nada demais. E agora, visto que já está bem", ela fez uma reverência, "Com licença."

"Já está indo?", ele perguntou, apressado e curioso.

"Meu serviço aqui está feito."

"Posso ao menos saber o nome dessa mulher misteriosa que acabou de me salvar?".

Ele não viu, mas pode imaginar pelo tom de voz, que ela estava sorrindo ao responder.

"Não. Não pode. Até nunca, senhor."

E assim ela se entranhou pelo escuro novamente, sumindo pelo mato da mesma maneira que apareceu. E deixando Lorde John muitíssimo intrigado.










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Olá, meus amores!

Esta estória é para as fãs do nosso Gael haha <3

Não terei dias certos para postar, mas tentarei não demorar muito.

Decidi fazer não envolvendo nenhum personagem anterior, porque achei melhor rs

Espero que gostem.

Beijinhos e fiquem com Deus <3

Noites ProibidasOnde histórias criam vida. Descubra agora