4 - A Chegada

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Se aquele homem a achava uma boba que acreditava em qualquer um ou qualquer palavra, ele estava enganado. Os quatro meses em que estava vivendo à mercê da vida, mostraram a Melanie que ela não deveria acreditar em qualquer um tão rapidamente.

Sendo assim, passou a noite com os olhos abertos, de olho no tal duque que a havia seguido até ali. Porque, se era um duque mesmo, por qual motivo estaria ali em uma floresta, sendo ameaçado de morte? Não fazia nenhum sentido.

Mas nada ela pôde notar, no entanto. O homem somente ficou sentado durante o tempo que não estava andando de um lado para o outro, enquanto resmungava baixinho sobre os "malditos mosquitos".

Quando o sol começou a raiar, Melanie fingiu acordar. Sentou-se muito preguiçosamente, então o homem a olhou.

Imediatamente ela reparou em como ele era alto e tinha cabelos em camadas lisas, que lhes caíam pelos olhos um pouco. Suas sobrancelhas eram bem grossas e escuras, lhe dando um ar de masculinidade absoluta, e suas roupas eram de nobreza, ela constatou. As botas pretas, junto com a calça bege e a blusa branca, por baixo do terno que mais parecia uma capa na cor dourada e preta.

Oh, ele era mesmo um duque!

"Bom dia, milady", ele sorriu, junto à porta. "Vejo que acorda bem cedo."

Melanie tentou sorrir, desviando o olhar daquele homem que agora ela sabia que realmente poderia lhe ajudar.

Levantou-se e foi até Christopher, que estava parecendo tão inerte como em todos os dias.

Soltou um suspiro forte, então pegou a bolsinha e tirou um mamão de dentro, usando sua espada para cortá-lo em dois. Depois, juntou mais lenha debaixo da cabeça do irmão, para que conseguisse dar-lhe a fruta.

"Está fazendo isso sempre? ". A voz do homem estava junto a ela.

"Sim, ele não tem tido muitas forças."

"Imagino que precise de mais calor. Me espere aqui", pediu. "Quando voltar, será com uma carruagem para levá-los."

Melanie o olhou.

"Obrigada, milorde." Tornou a agradecer-lhe. "Deverei minha vida ao senhor se nos ajudar."

O duque somente virou-se e saiu, deixando uma jovem esperançosa para trás.

. . . .

Era mesmo verdade que agora Melanie estava em uma carruagem com seu irmão. E o duque, é claro. Este estava à frente, enquanto olhava para ela e seu irmão, que estava deitado em seu colo.

Ela nem acreditou que, depois de tanto tempo, estava sentada em um assento tão confortável. Nem parecia que estava em uma carruagem. Com certeza aquela devia ser uma das melhores do país, pois não se dava para perceber que estavam em uma estrada.

"Você está bem?", o duque perguntou.

"Sim, muito obrigada."

"Está chorando, senhorita Johnson."

Melanie levou as mãos ao rosto e o percebeu molhado, então sorriu.

"Desculpe, estou emocionada."

Ele assentiu.

"Pode dormir um pouco. Vamos demorar um pouco para chegar", avisou. "Eu sei que passou a noite de olhos abertos."

De primeiro instante, ela se surpreendeu, mas relaxou em seguida. Ele não poderia culpá-la. Estava amedrontada.

"Não consigo dormir. Estou extasiada."

Duque sorriu.

"Como quiser. Saiba que, quando chegarmos, já haverá um médico para cuidar de seu irmão. Consegui enviar uma carta ao meu mordomo antes de saírmos."

Melanie olhou para o irmão, rindo.

"Ouviu isso, Christopher? Nós conseguimos!". Ela o abraçou, enterrando o rosto nos cabelos do irmão. "Nós realmente conseguimos!".

"Lembre ao seu irmão o por que de terem conseguido." John sorriu e repousou a cabeça no assento da carruagem, cruzando os braços e fechando os olhos.

Ela sorriu para ele, mesmo que não visse. Ele estava salvando seu irmão, e era tudo que ela precisava saber.

. . . .

Quando o duque anunciou que tinham chegado e pudera sair da carruagem, Melanie constatou que já estava escuro.

Logo dois lacaios estavam a postos, prontos para ajudar a levar seu irmão para dentro da casa. Casa essa que ela pôde ver que se tratava de uma verdadeira mansão. Ou muito grande, ao menos.

Era enorme, com três andares e dezenas e dezenas de janelas. A recepção eram de portões de ferro abertos, que davam a estradas de paralelepípedos por dois lados. Essas faziam uma volta ao redor da fonte no centro do local, levando às escadas de pedra polida que davam acesso às duas portas ds entrada, onde já havia um homem em posição. O mordomo, Melanie concluiu.

Ela já estava impressionada com a visão. Sem dúvidas era a maior casa que já vira em sua vida.

"Levem o rapaz para o quarto escolhido por minha governanta, por favor", pediu aos jovens e voltou-se a ela. "Venha, senhorita, imagino que queira estar com seu irmão."

Melanie assentiu e pôs-se a acompanhar John, que andava calmamente pela estrada da direita, até chegar às escadas e subí-las. Ele cumprimentou o mordomo, que antes lhe fez uma reverência, então apresentou-a como sua convidada.

"Peça que Elizabeth providencie roupas para a senhorita Johnson e um banho também, além de uma refeição caprichada", pediu.

O mordomo concordou, fazendo outra reverência e saindo dali.

John tornou a andar, agora entrando na casa e Melanie não estava prestando atenção mais em nada quando se encontram com o médico na entrada.

"O rapaz que passou, imagino que seja o paciente? ", perguntou.

"Sim, efetivamente", o duque afirmou.

"Muito bem, podemos acompanhá-lo então. E a senhorita, também está doente?".

Melanie negou, ao que o duque a olhou.

"Não custa examiná-la também", concluiu.

"Seria bom", o médico concordou. "Ela está muito branca. Mas primeiro, veremos o que subiu."

Dizendo isso, virou-se e começou a subir um lance de escadas, logo sendo acompanhado por John e Melanie, esta parecendo mais preocupada do que qualquer outra coisa.

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