Ela não estava conseguindo dormir, apesar de estar tentando há horas. Decidiu levantar-se e ir ler algo na biblioteca.
Levantou-se e saiu do quarto. Com a auxílio de uma vela, andou o corredor, desceu as escadas e pegou o caminho estreito que dava às portas do cômodo.
Estavam entreabertas e uma luz fraca já se fazia aparecer.
Melanie suspirou e empurrou um pouco, o suficiente para entrar.
A luz estava vindo da lareira e ela não viu ninguém no recinto, então fechou a porta e caminhou até a mesa de mogno, onde colocou a vela.
Deu uma olhada ao redor e resolveu aproximar-se da prateleira ao lado da porta, onde pegou um livro de Filosofia. Não gostava muito e sempre lhe dava sono, então achou ser a melhor opção.
Calmamente, ela caminhou até a poltrona marrom que ficava bem à frente da lareira, com os olhos nas letras douradas da capa do livro vermelho.
"A Filosofia e o Amor" leu em um sussurro e, quando achou estar próxima o suficiente, sentou-se no estofado, mas imediatamente levantou-se de novo em um pulo, o coração acelerado, quase saindo pela boca. O livro foi ao chão, em um barulho oco.
"Meu Deus" ela gemeu, sem fôlego, olhando para a poltrona e vendo o duque sentado. Ele não parecia nada menos que… à vontade.
Ele sorriu, olhando para a lareira e inclinou a cabeça para o outro lado.
"O que faz acordada a essa hora, senhorita Johnson?", perguntou.
Ela levou a mão ao peito, ofegante, tentando controlar a respiração.
"O senhor me assustou, milorde" disse, a voz arrastada.
"Deveria olhar onde senta, antes de sentar" ele riu. Um riso baixo e grave.
Ele achava aquela situação engraçada? Pois ela não. Estava quase sem ar que precisou dar alguns passos para trás, até encostar-se em uma prateleira de livros, para buscar apoio.
"O que faz acordada?", ele insistiu.
"Não consegui dormir e resolvi ler algo, para o sono chegar mais rápido."
"Sugiro que vá para seu quarto."
"Eu prefiro ler aqui" ela revelou. "O ar é mais quente."
John riu de novo. Dessa vez, ainda mais baixo.
"De fato, é" concordou.
"Desculpe, eu não sabia que estava aqui."
"Sei que não."
Ela mordeu o lábio e se perguntou por que ele estava olhando tanto para o fogo. Acaso estava com muito frio?
"O que achou do baile?", ele perguntou.
Ela se endireitou, a respiração normalizando.
"Foi ótimo" sorriu. "A marquesa Kendrick, sua irmã, é uma ótima companhia." E era mesmo. Um pouco alienada e extrovertida, mas muito agradável. Havia apresentado Melanie para diversas pessoas. Tantas que ela já não lembrava o nome de nenhuma.
Sorriu ao perceber isso. Precisaria se esforçar mais se quisesse mesmo fazer parte da sociedade.
"Está lembrando de Simon?", a voz do duque veio cheia de seriedade.
Ela balançou a cabeça.
"Como disse?" perguntou. Estava distraída.
"Você estava sorrindo. Lembrou-se de Ralston?".
"Oh, não" ela sorriu. "Estava apenas lembrando que…".
"Você o achou agradável?", John a interrompeu.
"Sim", Melanie admitiu. "Ele é um verdadeiro cavalheiro e nem mesmo riu de mim quando pisei em seu pé durante a dança, ao contrário, me confortou dizendo ser normal."
Ele assentiu.
"Considera-o um possível pretendente?".
"Não, de verdade" ela suspirou, então também olhou para a lareira, querendo ver o que de tão interessante havia ali. "Ele é muito perfeito para mim. Pelo menos, foi o que pareceu."
"Perfeito para você?".
"Sim. Me senti uma verdadeira estranha ao seu lado, como se eu não chegasse nunca à sua altura. Não é a sensação que quero ter com um esposo."
"Mas acabou de dizer que ele é uma boa companhia."
"Disse que é um cavalheiro" corrigiu ela. "E é mesmo, mas apenas como um amigo, talvez. Não o vi como um marido."
"Pareceu que estava bastante feliz em estar na companhia dele."
"Sim, eu estava. Mas não totalmente. Não é como se eu estivesse com você, milorde".
Ela censurou-se por admitir aquilo em voz alta, mas não adiantou de nada, porque o duque ouviu.
"Comigo?", ele a olhou então.
Melanie pensou em sair depressa, mas não fazia sentido, então maneou a cabeça com um sim.
"Eu me sinto…" pensou um pouco, "sinto leveza. Não preciso fingir saber algo que não sei e que não sou, porque você já sabe de onde eu vim. Estando com Simon eu percebi que ser da sociedade exige um quê de teatro também."
John riu e ela não percebeu em que momento havia se levantado, porque logo ele estava à sua frente, os cabelos castanhos se tornando escuros por causa da pouca luz. O cheiro masculino que emanava dele logo a atingiu e ela olhou para cima, encontrando o olhar brilhante.
"Você é perfeita assim como é", ele falou e ela prendeu a respiração quando sentiu seus dedos percorrerem sua face. Aqueles dedos grandes e cheios de calor, enviando mil ondas de sensações pelo corpo dela.
Era possível sentir-se tão vulnerável com apenas um toque daqueles? Era, sim. Porque era exatamente como ela estava.
"Ninguém pode dizer ao contrário" John continuou, um sussurro baixo, inclinando a cabeça em direção a ela e então desviou para o lado, até conseguir falar contra sua orelha. "E se disserem, não acredite, porque você é sim maravilhosa."
Ela exalou a respiração presa, que pareceu mais um pedido do que qualquer outra coisa. Um pedido pelo toque dele. Mais. Ela queria mais daqueles toques, com certeza.
Ele respirou contra seus cabelos, a respiração quente, e ela fechou os olhos, apoiando-se ainda mais na estante atrás de si.
Ele estava tão perto… Ela só precisava erguer a mão e iria tocá-lo. Só isso…
Então o duque se afastou, o suficiente para que ela sentisse frio de novo.
"Aqui está" ele falou, estendendo o livro que havia caído para ela. "Faça boa leitura e não demore a ir dormir."
Dizendo isso, ele lhe deu as costas e saiu pela porta, sem olhá-la mais.
Melanie suspirou e foi sentar-se na poltrona, que estava tão quente como seu dono.
Estava inquieta e assim ficou por vários minutos, olhando o fogo e perguntando-se o por que de não tê-lo tocado. Porque, se o tivesse feito, talvez não estivesse sentada ali, sozinha, mais uma vez… Como sempre.
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Noites Proibidas
Romanzi rosa / ChickLitESTA ESTÓRIA NÃO SERÁ POSTADA REGULARMENTE. Lorde John caiu em uma emboscada e, de onde menos esperava, a ajuda lhe veio. Mas ela estava em meio ao nada e pouca coisa lhe disse. De uma coisa ele tinha certeza no entanto, procuraria saber mais sobre...