15¤- Alívios

18 3 4
                                    

Depois que a enfermeira saiu do quarto, estiquei-me para pegar o bilhete que deixaram para mim, ansiosa para saber quem era o remetente.
   Peguei o bilhete - que aliás era uma folha de caderno dobrado - e abri, ficando  surpresa na mesma hora.

Oi anjo. Fiquei muito triste por você ter quebrado uma de suas asinhas perfeitas. Mas, falando sério, levei um choque ao receber a notícia. Eu não te conheço muito bem, mas vendo a quantidade de pessoas ao seu redor e o quanto elas se importam em te proteger, sei que te amam muito.
Espero que essas pessoas saibam valorizar o que tem. E se não souberem, minha Amélia, lembre que você nunca estará sozinha. Sempre terá alguém que te ame.

 Thiago.

Sentir uma sensação entranha tomar conta do meu peito. Esta carta me fez sorrir. Isso o que isso pode significar ? Meu subconsciente não será capaz de responder agora. Ainda não estava completamente recuperada.

 Eu já estava cansada de ficar nessa cama e nesse quarto com cores desbotadas. Meu estômago ficou embrulhado depois de tantas surpresas.
 
Quando consigo ficar de pé ao lado da cama e levanto meu olhar, eu o vejo. Seu olhar era o mesmo daquela noite em que me abraçou tão fortemente. Seu rosto estava mais vermelho do que o normal e senti como se eu fosse desabar se ouvisse sua voz. Eu não havia percebido até agora, como havia sentido sua falta.
 Ele se aproximou de mim em passos rápidos e me toma em seus braços. Seu beijo é forte e intenço. Ele prende minha cintura na dele como se eu fosse desaparecer a qualquer momento. Nesse momento sinto minhas costas doerem, mas não ligo. Neste momento me lembro de uma coisa que desejaria ser mentira. Eu precisava saber.
 Me afasto devagar, dando dois passos para trás sem olhar para ele. Quando levanto meu olhar, vejo que ele ficou confuso com meu movimento. Eu quase me arrependi de ter me afastado.

 - O que foi? - ele estava realmente preocupado.

 Será que ele não tinha noção de nada? Ou havia se esquecido que beijou outra garota?

 - Você está sentindo alguma coisa? - ele continuou, com o cenho franzido - Quer que eu chame uma enfermeira?

 Depois ele tenta tocar meu braço, mas eu me esquivo. Dessa vez ele fica surpreso, e se afasta, colocado as mãos no bolso da calça. Ele fica de cabeça baixa, esperando que eu fale alguma coisa. Suspiro.

 - Eu sei...de você e Rebeca. - digo como se aquilo estivesse me sufocando.

 Ele rapidamente olha para mim, perplexo. Era verdade.

 Sinto as lágrimas querendo descer pelo meu rosto, mas as seguro. Ele não precisava dizer mais nada, o silêncio já bastava.

 - Quem te disse? - ele pergunta, mas eu não respondo.

 Ele balança a cabeça negativamente e se aproxima novamente de mim, eu me afasto, mas ele segura meu braço.

 - Amélia - ele suplica, mas continuo sem olhar para ele - Acha que eu te trocaria por ela? Não é Rebeca que vai acabar com tudo o que temos. Eu...eu te amo.

 Olho para ele, irritada.

 - Vai me dizer que vocês não se beijaram?! - puxo meu braço abruptamente.

 Ele pisca várias vezes e desvia o olhar, mordendo os lábios.

 - Não. - responde firme - Mas não é do jeito que você está pensando.

 - Então me explica, porque eu vi  foto de você e ela, e os dois pareciam bem felizes.

 Ele balança seus cabelos ruivos e segura meu rosto, me fazendo olhar para ele.

 - Foi ela quem me beijou! Não significou nada para mim! - seus olhos estavam cheios de lágrimas, mas ele não deixava elas caírem. - Você não me ouviu, sua bobinha? Eu te amo.

Então eu sorriu. Como não acreditar nessas palavras sinceras? Eu sabia que tipo de gente é Rebeca, e acho que nunca senti tanta raiva dela como agora. Mas ela nunca acabaria com o que eu tenho com Rafael. Eu o amo. Então ele me beija. Mas um beijo de saudades.

Depois de alguns minutos, Lucy entra no quarto e encontra eu e Rafael sentados na cama abraçados. Solta um suspiro de alívio, colocando a mão no peito. Vem em nossa direção e para em nossa frente.

- Você está maluca? Quer nos matar de susto ? Eu quase morri. Quando me disseram que você tinha sofrido um grave acidente e estava entre a vida e a morte - diz Lucy passando suas mãos em seu rosto.
Rafa olha para mim achando graça.

- Essa é minha prima - diz ele dando uma piscadela para Lucy.

- O que seria de mim sem vocês! - falei com uma voz fraca.

- Ownt - Falou Lucy antes de nos abraçar tomando cuidado com meu braço.

Já faltando poucos minutos para 21:00 da noite. Chega a enfermeira para me dar a melhor notícia do meu dia. Eu já poderia ir para casa.

☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆

Quando entro em casa vejo minha tia adormecida no sofá. Entro em seu quarto e trago um cobertor para ela. Após, vou para meu quarto deito em minha cama. Estava exausta, mas me sentia feliz por está em casa, sã e salva, apenas com um braço quebrado, que doía. Deitei-me com cuidado na cama para não piorar minha situação. Fechei meus olhos e tentei dormir.







Diário de AméliaOnde histórias criam vida. Descubra agora