Alguns anos após a suposta morte de Vívian, a situação no condado de Rochester estava horrível, especialmente para o conde. Extremamente falido, se ainda comia, era através do pouco dinheiro que restou da herança de Elizabeth, deixada pelo pai.
Rose, avó de Vívian, continuava a rezar pela neta, ela sentia que ainda, por mais que os fatos mostrassem o contrário, a menininha dos olhos esmeralda poderia estar viva.
Ela estava sem sono, resolveu caminhar pela mansão. Notou, que havia uma vela acesa no depósito de mantimentos, entrou e viu John, jogado no chão com uma garrafa de vinho encarando a parede acompanhado de um triste semblante.
-Porque está aqui filho? - olhou para a garrafa de vinho e a ignorou.
-Porque quer saber? Vai me julgar como sempre fez? Poupe-me mãe. - bebeu mais um gole do vinho.
-Me preocupo com você apenas. Faz dois anos que Vívian se foi daquela forma trágica, mas, sinto que ela pode estar viva.
-Ela está morta. - encara a taça com vinho - Eu a matei, por ser tão orgulhoso. - volta a beber outro gole da bebida.
-Você está reconhecendo seus erros. Está finalmente caindo em si, graças aos céus minhas preces foram ouvidas. - ela beija o terço que havia em sua mão.
-Oh não mãe, pelo contrário, ainda continuo no caminho da tentação. - ele levantou e começou a andar na direção da mãe - O que devo fazer?
-Devia rezar alguns Pai-Nossos e Ave-Marias. - ela o encara tentando repreendê-lo.
-Pai-Nossos e Ave-Marias são insuficientes para a minha alma. Ajude-me mãe. - ele continuou a andar até ela e sua voz estava muito sensual.
-Neste caso, só Deus poderá ajudá-lo, já que vive no caminho da perdição. - ela estava ficando um pouco amedrontada com a aproximação dele.
-Me ajude a sair do caminho da tentação ou entre junto comigo, mamãe. - ele mordeu o lábio maliciosamente e sua mãe saiu correndo - Como sempre fugindo. - sorriu devasso, alisou seu membro e sentiu uma pequena erupção nele - Hm... - ficou pensativo.
Alcock apareceu e notou John com uma cara estranha.
-Aconteceu alguma coisa, meu senhor?
-Algo podre penetrou em minhas entranhas, meu caro Alcock. - continuou com a mão tocando o local onde havia sentido a pequena bolinha.
-Fui eu, meu senhor? - Alcook estava preocupado.
-Não Alcock, ainda não. - suspirou - Ainda não. - saiu do depósito e foi para o seu quarto.
Meses depois John foi diagnosticado com Sífilis, os sintomas que ele sentia eram mal-estar, febre, às vezes dor nos olhos, nos ossos, um pouco de rouquidão e alguns outros.
O mercúrio alivia a dor, mas não cura a dor na alma.
-Isto dói Jane, mas, eu mereço por tudo de ruim que fiz a Vívian. Se ela estivesse viva, eu ao menos poderia lhe pedir perdão por meus atos... - Jane o interrompe e beija sua testa.
-Fique calmo, tente ficar calmo. Não é hora para se exaltar querido. Eu sei que dói, mas tente ficar calmo. - o abraçava enquanto John gemia de dor.
Por não ter o tratamento adequado, as úlceras (feridas), estavam a aparecer mais em sua pele. Culpou Charles II por lhe tirar a migalha de pensão que ganhava do monarca.
-Sem dinheiro, sem sexo. - quebrou uma garrafa de vinho vazia na parede - Alcock me traga a droga do vinho! - gritou furioso.
-Não há mais vinho nas pratileiras, meu senhor. - Alcock sorriu debochadamente.
-Então vá ver na adega seu idiota, me traga este maldito vinho agora! - berrou e sentou na cadeira da sala.
-Como quiser, meu senhor. - fez cara feia e retirou-se.
-Não deves beber, está doente. A bebida o deixará fraco demais. - disse Elizabeth entrando na sala.
-Vá para o inferno! Poupe-me. Por que não cumpre com o seu papel de esposa cuidando da casa enquanto eu estou fora? - falava com desdém.
-Eu cumpro com o meu papel... - John a interrompe.
-Por que não abasteceu o vinho, sua magricela? - gritou.
-Mal temos dinheiro para comer, por que você acabou com tudo na droga desse vinho idiota. - o encarava com raiva - Como eu iria abastecer a adega? Como?
-Ganhando dinheiro abrindo as pernas do mesmo modo que abriu para mim no dia que te raptei. - Elizabeth deu um tapa no rosto de John, como estava lesionado, a dor foi enorme - Me desculpe querido... - John a empurra.
-Não preciso de sua pena! - ele chorava, o rosto estava muito sensível e com o tapa só piorou.
-Quando está vadiando exalta todas aquelas meretrizes e quando elas te esquecem, é aí que se lembra da esposa. - disse chorando.
Alcock entra nesse momento com uma garrafa de vinho.
-Eu achei uma, meu senhor! - estava feliz por ter encontrado uma garrafa cheia.
-Deixe-nos. - disse Elizabeth - Deixe-nos! - gritou e Alcock saiu deixando o vinho em cima da mesa - Porque se lembra de mim quando todos esquecem de você? Isso me machuca. - chorou.
-Não se preocupe, eu estou fazendo de você uma viúva respeitável. - a encarou quase chorando.
-Não quero que morra. - batia levemente no ombro dele - Quero que viva, viva. - encostou o rosto no dele e chorou.
Elizabeth se afastou ficando de costas para John.
-Muito bem, acho que devo provar um pouco também. - Elizabeth olhava para a garrafa e a pegou da mesa.
-Não faça isso Elizabeth! - ela bebe um grande gole da bebida.
-E porque não? Você gosta tanto, eu quero sentir isso também. - disse rispidamente.
-Não quero que acabe com sua vida, olhe para mim.
-Por que ainda faz isso, já que essa droga está acabando com a sua vida? - chorou.
-Eu não ligo para mim, nunca liguei e não vai ser agora que vou ligar. - disse rudemente.
-Se não serve para mim, não serve para você. - ela derrama o líquido alcoólico no chão.
-Não! - se joga no chão bebendo o líquido que está no mesmo e depois começa a chorar.
-Por favor, se tens amor a mim, pare com isso e volte para casa. Sua reputação ficará melhor. - ela o abraçou.
-Saia daqui Elizabeth, poupe-me dos seus abraços. Não preciso de sua compaixão. - ela continuou ali - Saia! - ela saiu correndo e chorando.
John lembrou-se de sua filha.
-Será que você realmente está viva? E se tiver, como deve estar agora? - chorou com as mãos no rosto.
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Vívian
Historical FictionJohn Wilmot casou-se com a brasileira Bárbara e tiveram uma filha chamada Vívian, a criança nasceu com tonalidade mais escura e por esse motivo não teve o amor do pai. Após o falecimento da esposa por envenamento, a filha teve lúpus e ele a aba...