A filha de um escravo foi para a França!

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  —Mas o que está acontecendo aqui? - disse John vendo Vívian desacordada.

—Ela desmaiou e não é de hoje que isto acontece. Devemos chamar um médico. - disse a mãe de John aflita.

—Médico para quê? Ela pode apenas não ter se alimentado bem, só isso. - disse bebendo um gole de vinho.

—Você fala como se não importasse.

—E desde quando achou que eu estava me importando? Eu apenas estava dando palpites, simples assim, a senhora deveria tentar alguma vez. - disse debochado.

—Argh! Não entendo como Deus pode ter deixado você ter sido pai, coisa que você não leva jeito. Está na cara que ela é sua filha, tem o seu gênio forte e é a cara da mãe. Qual é o seu problema? Nunca amou Bárbara de verdade ou você a amou como ama Elizabeth? - disse elevando a voz.

—Eu amei, amo e sempre vou amar Bárbara. - disse com raiva.

—Mas não parece, trata desde que nasceu, a filha que tiveram juntos muito mal. A faz de empregada e anda dizendo que ela estuda na França! Ela é sua filha John e você não quer admitir! - disse e saiu furiosa para chamar o médico.

—Você não é minha filha. - se aproximou da garota - É linda igual a Bárbara. - sorriu e notou manchas brancas - O que andou aprontando Vívian?

Algumas horas depois o médico chega, me examina e sai do quarto para dizer o que tem de errado.

—Então doutor o que ela tem? - perguntou a avó da garota.

—Ao que tudo indica, sua neta está em um estágio quase avançado de Lúpus.

—Por quê quase avançado? - John quis saber.

—Pois as manchas estão pequenas e são poucas e a febre não está tão alta. Se estivesse avançada as manchas seriam maiores e muitas, a febre seria constante e se piorasse ela poderia ter alucinações, delírios e depressão.

—Oh meu Deus. - disse a mãe de John fazendo o sinal da cruz e John revira os olhos.

—Devem comprar os remédios para não deixar que o lúpus tome conta dela ou eu lamento muito, mas ela pode perder a razão.

—Tudo bem doutor, obrigado e boa noite. - disse John dando um aperto de mão no doutor olhando dentro dos seus olhos. O médico rapidamente tira sua mão.

—Senhora Wilmot. - o médico beija a mão da mulher.

—Eu o acompanho até a porta. - a mãe de John leva o médico até a porta.

—Deve ser macia... - sussurrou John a respeito da bunda do médico e morde o lábio.

Alguns dias se passaram, John ainda me fazia limpar a casa quando sua mãe não estava perto.

Não podia visitar o rei Charles e nem ele, já que estava brigado com meu pai e o havia desprezado devido aquela sátira sobre o seu reinado.

George me visitava no jardim, ele não gostava da ideia de mesmo doente fazer o trabalho pesado de cuidar da mansão em Rochester.

A doença foi se avançando, minhas manchas ficaram maiores que passei a usar uma capa com um capuz, pois as manchas foram para o meu rosto também.

Era horrível!

John e sua mãe brigavam direto por minha causa ela dizia pra ele coisas como "se nao desmoralizasse o rei sua filha estava com saúde" ou "tome providências a respeito da doença de Vívian". Ele estava de saco cheio de ouvir aquilo e passou a voltar para o pequeno vilarejo onde transa com suas prostitutas, especialmente Jane.

—Tão cedo Lorde Rochester, o que vai querer? - sorriso malicioso da loira meretriz.

—Tudo! Me faça esquecer um pouco dos problemas. - gole de vinho.

—Como quiser... - ela sentou-se em cima de John que começou a beija-la vorazmente apertando seus seios grandes já tirando seu vestido.

Eu estava na cozinha, havia acabado de acordar e estava fazendo o café quando aquela vadia da Elizabeth aparece para me atormentar.

—Está conseguindo fazer o café com este capuz? Saiba de que não quero o café tão doce e nem muito amargo. - sorriso.

Se você falar uma só palavra se quer, eu vou acabar com a sua cara.

—Está com raiva... filha de um escravo? - assim que ouviu, a garota empurrou Elizabeth e a fez bater a cabeça na parede e pegou uma faca.

—Estou cansada de que me chamem assim! -abaixou o capuz e a mulher fechou os olhos - Olhe pra mim! - a mulher olhou e a garota passou a falar cada palavra chorando - Este é o rosto de quem sofre desde o nascimento, de quem perdeu a mãe e se culpa por ter entregado aquele maldito chá, de quem teve virgindade rasgada pelo membro do amigo do pai, de quem agora está com essa doença que desfigura o meu rosto e corpo! - ela levanta a faca e passava levemente no rosto de Elizabeth que agora chorava de medo.

—Me larga! - tentou empurrar a garota sem sucesso.

—E que tal eu não ser a única com o rosto desfigurado? - passou a sussurrar - Poderia ser um pequeno risco na pálpebra dos olhos... Na bochecha... Ou na boca, eu deixo você escolher e por eu ser boa, eu poderia fazer um em seus seios, seu marido poderia adorar... - ela passava a faca sem cortar a mulher -

John chegou pela porta dos fundos e viu a cena assustado. Furioso, puxou Vívian e tomou a faca.

—Está ficando louca?! - disse sacudindo a garota que ria.

—Ela começou, a culpa não é minha, eu estava fazendo o café. - disse tentando controlar o riso.

—É mentira! Ela me arrastou até cozinha com esta faca dizendo que iria mata-lo se não viesse com ela. - mentiu.

—Já chega! - pega a garota e a leva para fora.

—O que está acontecendo meu senhor? - disse Alcock vendo Vívian ser arrastada contra sua vontade.

—Prepare a carruagem só isso! - gritou.

—Sim meu senhor. - saiu olhando pra trás e depois volta - Já está pronta meu senhor, quer ajuda?

—Vá cuidar da sua vida! - entrou empurrando a garota na carruagem - Não aguento mais você! Somente me atrapalha! Não sei por que deixei você ficar em casa?! - gritava John enquanto a carruagem saía de casa.

—Eu não pedi pra você me aguentar! O único que se atrapalha é você, que é um libertinozinho de merda! - ele esbofetea a face da garota.

—Não fale assim comigo filh... - se calou ao se lembrar do que a mãe disse.

Está na cara que ela é sua filha, tem o seu gênio forte e é a cara da mãe.

—FILHA DE UM ESCRAVO?! ESTOU CANSADA DE VOCÊ! EU FUI UMA BOA FILHA, TE OBEDECI COMO MINHA MÃE DISSE QUE EU TENHO QUE OBEDECER! SE EU PUDESSE VOLTAR NO TEMPO IMPEDIRIA MINHA MÃE DE SE CASAR COM UM CANALHA FEITO VOCÊ!!! - ele bate de novo na face da garota.

—NÃO LEVANTE O TOM DE VOZ COMIGO!

—EU LEVANTO! COMO VOCÊ MESMO DIZ, EU SOU FILHA DE UM ESCRAVO!!! - ele iria bater de novo na face da garota - VAI! BATE! É SÓ ISSO O QUE SABE FAZER, NÃO É MESMO?!

—CALA ESSA BOCA!!!

—VOCÊ NÃO É MEU PAI!!! E EU TE ODEIO COM TODAS AS MINHAS FORÇAS!

—VOCÊ NÃO É A PORRA DA MINHA FILHA!!!

Tudo vai ficar bem meu amor, John é realmente seu pai... - a mãe de John estava lendo - Mas o que é isso? - olhou para a capa para saber do que se tratava - O diário de Bárbara. - começou a ler - Oh Deus, John vai se arrepender tanto. - começou a chorar.

—EU QUERIA QUE VOCÊ NÃO FOSSE A PORRA DO MEU PAI!

—Para essa droga aqui! - a carruagem parou no mesmo vilarejo onde estava mais cedo. Ele abriu a porta da carruagem e jogou a garota na lama do vilarejo - Este é o seu lugar, perto dos serviçais e dos porcos, você não passa de uma negrinha filha de um escravo! - disse olhando para a garota com ódio.

—Me odeia por que acha que sou fruto de uma traição, não é mesmo meu caro? - a garota já estava toda suja de lama e chorando - Mas não quer acreditar não é? E por isso me maltrata pra aliviar a droga desse seu suposto chifre! Garanto que um dia você vai ficar doente e todos vão lhe virar a cara, você ficará sozinho, e quando descobrir a verdade espero que não seja tarde, pois se for não há vinho, dinheiro ou sexo que cure sua consciência pesada. Não vai ter um minuto de paz lembrando-se do que fez comigo Lorde Rochester. - disse falando também com ódio.

—Isso é uma ameaça? - sorriso irônico.

—Só estou falando o que vai acontecer por você ser o canalha que sempre foi. - dizia a garota com dificuldade.

—Vai pro inferno filha de um escravo, eu quero que você morra! - disse ao cocheiro - Vamos embora! - ele saiu dali com um sorriso no rosto.

—Você ainda vai precisar de mim... Papai. - estava fraca e acabou deitando próxima aos porcos.

George estava no mesmo vilarejo onde John havia acabado de abandonar Vívian acompanhado de outro senhor.

—Lamento pela sua perda Monsieur Lacroix. - disse George puxando assunto.

—Merci Monsieur Etherege. - o marquês francês viu Vívian jogada quase sendo pisoteada pelos senhores que passavam. Rapidamente foi até a menina - Ma chérie, o que houve com você?

—Nada senhor... - Vívian quase não falava.

—Conhece essa menina Monsieur Etherege?

—Sim eu a conheço.

—Ela tem pai? - o francês olhava pra George e Vívian balançava a cabeça para George dizer que não.

—Ela é orfã de mãe e pai Monsieur Lacroix.

—Ela não pode ficar aqui, pode morrer no estado em que está. Você vem comigo. - o marquês a colocou no colo.

—Não senhor, você vai se sujar. - dizia a garota.

—Eu não me importo. De hoje em diante não me chame de senhor. - ele fala sorrindo - Pode me chamar de pai. - a menina fica espantada com o que ouve e uma lágrima cai de seus olhos - Por que está chorando ma chérie?

—Por que eu esperei tanto alguém me dizer isso um dia, mas por que está sendo tão bom comigo?

—Por que assim como você eu perdi alguém que amava muito. Minha esposa estava grávida e morreu no parto e o bebê morreu horas depois. - uma lágrima escorreu pelo rosto dele.

—Bom... então pode me chamar de filha. - disse e o marquês a abraçou ficando sujo de lama.

—Vamos pra casa. - a carruagem já estava perto dele.

—E onde moramos? - quis saber.

—Em Lacroix, França. - disse já dentro da carruagem - Até mais monsieur Etherege.

—Tchau George, vai me visitar... Hm... Ele pode visitar a gente? - perguntou com medo ao marquês.

—É claro que pode, se ele puder ir... - disse o marquês e Vívian olhou para George.

—Eu vou assim que puder. - disse George sorrindo bobo e a carruagem começou a sair dali.

—Qual o seu nome? - perguntou Maurice e depois sorriu.

-Hm... Eu não lembro, desculpe. - disse olhando pra janela da carruagem - Qual o seu nome?

—Maurice, Maurice de la Tour, eu sou marquês de Lacroix. Eu posso dar um nome a você?

—Pode! - disse animada.

—Eu vou te chamar de... - ele pensou - Suzette, Suzette de la Tour. - ambos sorriram.

VívianOnde histórias criam vida. Descubra agora