capitulo 10

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O dia começou cinzento e frio. Olhei pela janela e logo me arrependi. 

- Típico de Novembro - murmurei para mim mesma.

Rapidamente me arranjei e desci para tomar o pequeno almoço com a minha família.

-Bom dia querida - disse a minha mãe.

-Boas manhinha. 

- Olá família!

Ainda eram sete e meia da manhã e todos constavam com plena energia enquanto eu parecia um morto vivo.

- Querida, hoje eu e os teus irmãos vamos ao centro comercial para trocar umas coisas e fazer as compras de natal. Queres vir connosco?

Pensei seriamente. Por um lado teria oportunidade de passar tempo com os meus pais e irmãos, mas por outro, teria de enfrentar os olhares e perguntas dos meus irmãos sobre o facto de ter passado a hora do recolher, ou o quê que lhes ia oferecer para o natal.

-Eu gostava muito de ir mas acho que passo desta vez. Assim depois posso ir sozinha com calma e ninguém espreita nada.

- Manhinha, sabes que ninguém faz isso.

Dou um meio sorriso para o Diego mostrando a língua em seguida.

8:30 Trimmmmm
Chego à escola a correr e sem paciência. Logo vejo o Tomás a vir até mim. Ele agarra a minha cintura e aproxima-se para me beijar mas eu rapidamente desvio a cara.

- Então princesa? Ainda estas aborrecida por causa de ontem? Eu sei como posso compensar - diz ele sorrindo.

- Desculpa, eu não estou muito bem hoje.

-Então o que se passou?

-A Fatas ... - não consigo e desabo a chorar.

- O que têm a Francisca?

Não consigo responder, em vez disso apenas encosto-me no peito dele a chorar, esperando que o seu carinho me faça esquecer. A verdade é que por muito que os meus pais e irmãos ponham uma cara feliz para fingir que está está tudo bem, eu não me sinto bem comigo mesma se eu estivesse pelo menos lá para dar apoio quando ela precisou,agora ela não estaria naquele estado, não estaria destruída.  

Embora já tenha tocado à mais de 10 minutos continuamos os dois ali abraçados no meio do corredor, mesmo isso sendo proibido pelos auxiliares que quando passavam ameaçavam-nos.

-Mel vem comigo por favor .

Não me prenunciei apenas entrelacei os dedos nos do Tomás e o segui até ao fundo do corredor sem constatar. Quando notei estávamos numas escadas, que eu nunca tinha visto na vida, perto da sala de música. Tomás fez um sinal com a cabeça para eu o seguir e subir aquelas escadas estreitas.  No final das escadas passámos por uma porta no tecto e comecei-me a deparar com uma paisagem.

-Estamos no telhado?

- Estamos sim, este é um lugar secreto meu quando preciso de pensar. Mas hoje és tu que precisas de desabafar. O que se passou?

-A Fatas foi raptada e violada ontem, não sabemos onde ela está ou com quem.

- Calma, ela era a rapariga das notícias de ontem? 

Aceno com a cabeça num  gesto afirmativo. Apenas me dou conta que estou a chorar quando sinto o polegar do Tomás a limpar um lágrima que corre pela minha bochecha. Detesto sentir-me fraca mas eu não consigo ser mais forte.  Culpo-me por esta relação, só estou a prender o Tomás, só lhe estou a empatar a vida. Ainda absorta em pensamento viro-me para ele e aproximo o meu rosto dando-lhe um beijo casto nos lábios.

-Obrigado por estares aqui, eu não sei o que aconteceria de mim sem ti.

- Amor não tens de te preocupar eu vou estar sempre aqui para ti.

- Eu não sei como posso dizer isto mas eu acho que precisamos de dar um tempo... Eu sinto que só te estou a empatar e nem sequer consigo corresponder ás tuas necessidades. Eu sinto tanto mas eu só não consigo ser mais forte..  Como posso eu amar quando estou cheia de medo de falhar?  - claro que não consigo dizer isto tudo sem desabar em mais lágrimas e encarar o chão.

Quando finalmente levanto o rosto Tomás está a olhar para o horizonte com os olhos cheios de lágrimas.

- Nós estávamos quase lá. Eu pensei seriamente que ontem tínhamos dado um passo na direção certa. Por favor Mel....

- Eu quero, eu realmente quero, mas é mais forte que eu. Eu sinto-me a escorregar para um abismo sem fim e eu não te quero arrastar para isto comigo, eu amo-te demasiado.

- Mas foi por isso que me apaixonei por ti. Por me amares como eu sou por te preocupares comigo! Como achas que devo fazer se não te tenho a ti por perto! Posso parecer egoísta mas eu preciso de ti, preciso que me ames. Deixa-me ajudar, deixa-me entrar no teu mundo..

- O problema é que eu não sei como está o meu mundo, não sei se ele vai aguentar quando tirar o pilar fundamental que és tu.  Mas ambos sabemos que é por nos amar-mos que isto é o melhor.

Tomás não responde, em vez disso apenas me dá um beijo na testa e desaparece escada abaixo. Quanto a mim, continuo sentada olhando para o horizonte ,sem conseguir distinguir grande coisa graças ás nuvens cinzentas que cobrem o céu. Sei que o que fiz foi o que eu acho certo mas não posso acreditar nisso, como pode o certo ser tão doloroso? Será que ele alguma vez irá me perdoar? Eu não me perdoaria, eu não me perdoo com o que eu lhe fiz... 

TRUZMM ouve-se o relâmpago ao longe e logo grossas gotas de chuva estão caindo sobre mim. Até o tempo consegue sentir o meu humor hoje! Decido levantar-me e voltar para casa, não estou com disposição de continuar aqui. 

No caminho para casa a chuva só aumenta, assim como as minhas lágrimas, mas já nem me importo. Acabo caindo numa poça mas nem me importo pois um joelho machucado dói muito menos que um coração partido. 




Voltei meus amores!!! Este capítulo é mesmo bad... Amanhã há mais com mais drama!!! Divulguem muito sff!!

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