capítulo 8

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Mel narrando:

- Todos diferentes, todos respeitados. Acho que isso é só mentiras. A sociedade com os seus estereótipos só faz parecer que aceita, porque na verdade não e bem assim. Quer dizer, eu não posso ser quem sou que sou logo acusada de ser gorda, de ser baixa, de não saber cantar, de ser esperta de mais...
Visto de fora quem ia acreditar? Mais parece que afinal nós e que fantasiamos e que acreditamos em tudo.  Mas se virmos sob o ponto de vista de quem sofre, nós é que estamos mal. Pois estamos a colocar ideias pré concebidas na cabeça de alguém que vai interioriza-las e acabar por se desvalorizar.

Acabo de falar isto tudo e estou sem palavras para continuar. Olhar na cara de Tomás parecia agora um pouco constrangedor.
Sinto o olhar de Tomás em mim mas não o quero encarar, prefiro continuar a olhar para o chão.

- Mel, eu sei que não sou o melhor para te dizer isto, mas se tu confias em mim por favor olha para mim e escuta com atenção.

Olho para ele ainda envergonhada, como se tivesse um peso a menos sobre as minhas costas. À dias que o quero encarar e dizer aquilo que se estava a passar. Aquilo que me estava a tornar em alguém que não sou eu.

- Eu sei que é difícil quando alguém, não importa quem, nos tenta deitar a baixo. Mesmo sem conseguir, ou quando nós dizemos que não nos afeta, mas parecendo que não, afeta. E em algum ponto vai cair a nossa armadura, e tudo vai ruir sobre nós como uma avalanche. Mas o importante é que tu és forte, e foi preciso muita coragem para contares o que se passa na tua cabeça, e eu estou extremamente orgulhoso por isso. Obrigado. Mas por mais difícil que seja a tua jornada vai haver sempre momentos de prazer e momentos de aflição, de tristeza, de alegria. Sei que isto é um conselho muito utilizado e difícil de cumprir mas eu quero que me prometas uma coisa.
- O quê?
- Por mais difícil que seja não te deixes influenciar pelos outros, mantém-te fiel ás origens porque todos os teus imperfeitos tornam-te naquilo que tu és, e não mereces mudar isso.
- Mas a mudança é uma coisa boa.
- Se não está estragado porquê que vamos arranjar?

Sorri. Pela primeira vez em muito tempo eu sentia que podia ser eu mesma e que podia libertar-me.

Deslizo uma das minhas mãos até ao rosto de Tomás e aproximo-me. Os nosso lábios estão a centímetros de distância mas nenhum de nos avança. Ficamos simplesmente ali a olhar um para o outro, de testa encostadas e respirações sincronizadas. Posso não ter muita experiência sobre o que é gostar realmente de alguém mas eu sei que estando longe eu continuaria a gostar de Tomás, na mesma dimensão que agora ou de quando partilhamos momentos mais íntimos.

Tomás narrando:

- Todos diferentes, todos respeitados. Acho que isso é só mentiras. A sociedade com os seus estereótipos só faz parecer que aceita, porque na verdade não e bem assim. Quer dizer, eu não posso ser quem sou que sou logo acusada de ser gorda, de ser baixa, de não saber cantar, de ser esperta de mais...
Visto de fora quem ia acreditar? Mas parece que afinal nós é que fantasiamos e que acreditamos em tudo.  Mas se virmos sob o ponto de vista de quem sofre, nós e que estamos mal. Pois estamos a colocar ideias pré concebidas na cabeça de alguém que vai interioriza-las e acabar por se desvalorizar.

Quando Mel acaba de falar aquilo, olho para os seus olhos que estão à beira de lágrimas mas que ela luta para não descerem ao longo da sua carinha perfeita como um anjo.  Não sei o que deu em mim, mas ouvi-la a dizer tudo isto que se estava a passar com ela fez-me entender que eu se calhar não devia estar com ela, para não a fazer passar por tanta pressão, mas eu não ia abandonar o barco quando se aproximava uma tempestade. Como bom marinheiro eu sabia que tinha de me manter por perto para apoiar, e se a tempestade chegar, tirar a água do navio e consertar os mastros.
Eu devia ser aquele que a ia apoiar não importa as decisões. Mas olhando por tudo aquilo que ela já passou fiquei com um nó na garganta. Ela não merecia. Mas eu não consigo impedir tudo.
Olho para ela mas ela está de olhos postos no chão envergonhada. Tive de medir cuidadosamente as minhas palavras porque sabia que nestes momentos tudo conta. Finalmente conseguir arranjar um discurso decente que podia usar. Para isso precisava que ela olhasse para mim.

- Mel, eu sei que não sou o melhor para te dizer isto, mas se tu confias em mim por favor olha para mim e escuta com atenção.

Ela finalmente levantou os olhos e olhou para mim. Eu sei o que lhe estava a custar e não podia estar mais orgulhoso dela por saber o quanto confiava em mim.
- Eu sei que é difícil quando alguém, não importa quem, nos tenta deitar a baixo. Mesmo sem conseguir, ou quando nós dizemos que não nos afeta, mas parecendo que não, afeta - sorri. - E nalgum ponto vai cair a nossa armadura, e tudo vai ruir sobre nós como uma avalanche. Mas o importante é que tu és forte, e foi preciso muita coragem para contares o que se passa na rua cabeça, e eu estou extremamente orgulhoso por isso. Obrigado - fiz uma breve pausa.-Mas por mais difícil que seja a tua jornada vai haver sempre momentos de prazer e momentos de aflição, de tristeza, de alegria. Sei que isto é um conselho muito utilizado e difícil de cumprir mas eu quero que me prometas uma coisa.
- O quê?
- Por mais difícil que seja não te deixes influenciar pelos outros, mantém te fiel as origens porque todos os teus imperfeitos tornam-te naquilo que tu és e não mereces mudar isso.
- Mas a mudança é uma coisa boa.
- Se não está estragado porquê que vamos arranjar?

Neste momento senti que todas as nossas inseguranças tinham se ido embora como se nos estivéssemos totalmente expostos. Sem medos e sem rodeios, só nós.


Taram!!!! Votei  sei que demorei e peço desculpa mas tive um bloqueio! Lamento qualquer erro ortográfico porque estou sem computador e escrevi no telefone.
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