5° Capítulo

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Dois dias depois...

Não bastava morar em rua...não bastava não ser amada...não bastava ter mãe nem pai...não bastava perder aquilo que mais ama. Eu tenho que apanhar e trabalhar todo dia. Minhas costas estão doendo de tanto carregar caixas pesadas. Eu quero a Mel, eu quero sair daqui.

  Nesse momento alguém abre a porta do quarto e um homem me puxa. Do lado de fora, eu vi o Keven. O garoto que virou o meu amigo, e mais algumas outras  crianças.

- Aê mulecada! A parada é a seguinte...precisamos que vocês carreguem aquelas sacolas lá até o caminhão.

  Olho pra janela que havia no corredor onde estavamos e vejo muitos sacos de carvão. O homem colocou todos nós do lado e fora e cada um foi pegando uma sacola. O caminhão estava do outro lado da casa. Eu estava cansada, suada e minhas mãos estavam pretas, acho que era do carvão.

  Depois que carregamos todas as sacolas, o homem nos deu várias outras coisas para a gente fazer. Meu braço esta dolorido e minhas costas estão travando de tanta dor. Quando comemos um dos caras cuspiu na minha comida e depois deu risada. O dia foi tenso, mas não importa o que eu fazia, eu sempre pensava na Mel. E ainda penso. O que será que ela esta fazendo agora? Será que alguém a pegou? Será que eu irei encontrar ela de novo? São perguntas que ficam.

Dia Seguinte...

  Como sempre...esse foi o meu dia! Trabalho, trabalho, cansaço, dor, e o resto. Eu quero ir embora, mas nada posso fazer. Estou sentada agora comendo minha comida e vejo uma mulher entrando onde estavamos comendo. Ela deu uma olhada no local e depois para mim. E ela deu uma piscadinha. O que será que isso quer dizer?

  Depois de comer, eu estava saindo do refeitório, quando a mesma mulher que eu havia visto no refeitório segurou meu braço e me puxou pra um canto.

- Qual o seu nome?_ Fala a mulher.

- Jeny

- Quantos anos você tem?

- 9.

- Agora me diz Jeny...o que o yago faz com vocês?

- Yago? Quem é Yago?

- Eu sabia!

  Nesse momento ela levantou e me puxou junto. Eu estou com medo do que pode acontecer. Será que ela vai poder nos tirar daqui?
A moça pegou o telefone e começou a falar algumas coisas que eu não entendi. Eu continuei a andar com ela até uma sala estranha, e lá eu pude ver que era o cara que cuspiu na minha comida ontem!

- Ora, ora, Dona Lindy? Não esperava a senhorita por aqui!_ Fala o homem.

- Esqueça Yago! O acordo acabou! Fazer vingança tudo bem, agora...escravizar crianças...

- Escravizar? Quem falou que eu estou escravizando? Foi essa Merda aí?_ Fala Yago ( Acho que é o nome dele ) se referindo a mim.

- Ela só me deu uma ajudinha! Hoje você vai para a cadeia!

  Nesse momento ele pegou uma arma e deu um tiro. Ela abaixou, e logo em seguida arrombaram a porta. Era a polícia. Tinha uns 4 homens políciais na sala. Dois deles pegaram o Yago que tentou fugir e os outros dois ajudaram a moça que estava com o ombro sangrando. Eu não sabia a minha reação para o momento. Eu queria chorar, mas também cantar vitória. De dentro da sala eu pude ouvir uns barulhos de  tiro e nesse momento uma das policiais que estavam cuidado da moça, foi lá pra fora. Só ficou eu, a moça e o policial.

- Chamei reforços, policial ferido._ Fala um policial que havia acabado de entrar na sala. Nesse momento tudo ficou confuso pra mim. Assim que o policial que estava cuidando da moça foi embora, eu fiquei com ela para ajudar e vi que o ombro dela ainda sangrava. Fui até a mesinha que havia na sala e achei um casaco. Peguei uma tesoura que havia em cima da mesa e cortei a manga do casaco. Amarrei a manga do casaco no ombro dela e o sangue foi parando aos pouquinhos.

A menina das ruasOnde histórias criam vida. Descubra agora