Acordando.

467 22 12
                                    

Abri os olhos , um outro par de olhos negros já me observava, eu sorri eu tinha apenas Seis anos de idade, não conhecia nada , não entendi nada e nunca imaginaria o que iria acontecer.
Seu nome Marcos ou baiano como todos em casa o chamavam, moreno cabelos crespos e alto.
Ele sorriu quando eu me despertei, ele me puxou perto de sua boca e tentou me beijar , eu não sabia como era um beijo, ele passou a mão em minhas partes íntimas, e eu morrendo de medo , com vergonha não gritei e agüentei tudo quietinha, ele puxou minha blusa pra cima e mordia meus mamilos, eu não tinha seios , sentia dor e nojo, não entendia ,mas também não gostava de nada do que estava acontecendo.

Ele sorriu quando eu me despertei, ele me puxou perto de sua boca e tentou me beijar , eu não sabia como era um beijo, ele passou a mão em minhas partes íntimas, e eu morrendo de medo , com vergonha não gritei e agüentei tudo quietinha, ele puxou ...

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Essa foto eu tinha seis anos.

Fui salva por alguém que mexeu na maçaneta da porta da sala.
Lembro me que alguém me colocou pra dormir na sala junto com o esse sujeito, colocaram minhas tias pra dormir na minha cama e me deixaram com esse monstro por uma noite. Nessa noite em questão fui molestada, ele não chegou a terminar o que tinha iniciado.
Desde esse dia em diante comecei a minha automutilação. Não me cortava, simplesmente tirava as unhas aos pedaços sempre sangrando, a dor parecia que melhorava . A vergonha e o medo de contar para qualquer pessoa, era inconcebível.
A dor e o sangue sempre melhorava a outra dor que tinha se instalado dentro do meu corpo, meu pensamento, dentro da minha alma.
Passado algum tempo, o mais estranho foi o meu suposto pai ter aparecido com uma Vespa, uma moto antiga na época.
Mas eu estava muito feliz, pensando que um dia ele pudesse andar comigo na vespa. Ledo engano, isso nunca aconteceu.
Ele começou a jogar baralho demais, andava com mulheres para cima e para baixo, e passava noites fora de casa.
Começamos a passar fome.
Minha suposta mãe chamou minhas tias para cuidar de mim e minha irmã mais nova.
Para não passarmos fome ela foi trabalhar e dar o que comer, roupas , meus cadernos e lápis e um dia ganhei de presente uma canetinha elas vinham numa caixinha com a tampa transparente. Vocês não imaginam numa criança feliz, essa era eu!
Sempre fui uma menina inteligente, aprendi a ler e a escrever sozinha, minha letra era enorme. Por esse motivo eu sempre ouvia gritos dos meus supostos pais, meus lápis sempre gastavam mais rápido, eu sempre apontava muito, pois gostava das letras mais finas e bem redondinhas . E os gritos dele não cessavam , sempre dizendo que eu usava lápis demais ou ainda eu devia comer os lápis. Que ele não era banco para comprar lápis , cadernos e borrachas.
Eu sempre usava roupas de outras crianças quando alguém não queria mais , e com certeza serviam em mim, e o que não servia era costurado aqui ou ali até que serviam. Roupas novas não me lembro de ter ganho nem em aniversário e Natal, eu nem sabia o que era, sabia sim que era o nascimento de um ser iluminado.
Até essa idade de seis a sete anos eu dormia no sofá, adorava quando meu pai me pegava no colo e colocava na cama, era algo confortante. Acredito que para a maioria das crianças sintam se assim, queridas, amadas e cuidadas.
Mas passado algum tempo minha mãe começou a achar ruim de eu ou minha irmã dormimos na sala e o meu pai nos levar pra cama. A partir desse momento tudo mudou. Minha mãe me chamava de feia, magrela e outros adjetivos que aqui não vem ao caso.
Eles viviam feitos cães e gatos sempre brigando por tudo e eu não entendia muito bem o por quê, ou o motivo pelas brigas constantes.
Mas passado alguns meses minha mãe engravidou pela terceira vez. Acordei cedo pelas contantes discussões , quando parei na porta ele pegou um bule de café fervendo e jogou na barriga dela . Gritos de Dor! E eu corria para rua, ou casa de alguma amiga . Mas eles sempre voltavam as boas e eu estava tão feliz, mais um pequenino ser ia nos abençoar, nossa vida ia mudar, tudo iria ficar bem e todos ficariam felizes para sempre.
Passaram os nove meses o bebê não nascia de parto normal, as irmãs de caridade não aceitavam que fizesse cesariana, e passou tempo demais, o bebê nasceu morto. E o pior estava por vir, minha mãe chorava muito pela perda do bebê, e com isso os pontos foram infeccionando e tiveram que abrir a cesariana sem anestesia e deixar que cicatrização fosse feita sozinha, sem pontos totalmente aberta.
Iniciei minha automutilação, arrancava pedaços das unhas até sangrar, sentir alguma dor era melhor do que não sentir nada.
Lembro também da morte de uma pessoa muito querida , sua filha até hoje somos grandes amigas , mas nunca contei detalhes da minha vida. A vergonha é muito ruim de sentir. E o pior é você achar o que a outra vai pensar de você.

Sangrando aos poucosOnde histórias criam vida. Descubra agora