Quase 14 anos.

97 9 0
                                    

Mudamos para uma casa maior, ele conseguiu construir com a nossa ajuda uma casa grande.
Felicidade me consumia ia ter um quarto para cada duas irmãs.
Já estava na quinta ou sexta série , não me lembro exatamente.
Minha tia estava grávida e passado alguns minutos em casa, ela quase deu a luz. Mi nha curiosidade acredito que deveria  ser toda menina, sim eu era uma menina ainda, pesava 11 kilos, tinha um metro de dez, roupas só me serviam as de crianças.
Ela foi direto pra maternidade.
E depois de muito tempo soubemos ela tinha já estava com o bebê nos braços.
Mas minha curiosidade ia além disso.
Foi uma pergunta bem simples, e eu levei um tapa na cara e xingamentos sem precisar.
Faltavam 20 dias mais ou menos para eu completar 14 anos, e só pedi pra minha mãe me explicar como usava o absorvente.
Apanhei muito, e ela disse que não era pra eu saber sobre " isso" ainda.
Minhas amigas todas já eram moças e eu não.
Mas quando fiz 14 anos , três dias depois. Chegou!
Não sabia como usar um absorvente, imaginem a minha vergonha e a dor de puxar pelo lado errado. Depois de dois dias fui perguntar a minha amiga como usava. Ela me olhava como se eu fosse de outro mundo.
E perguntou se minha mãe nunca tinha explicado o motivo daqueles dias.
Sério, só fui descobrir sobre menstruação , sexo e filhos já estava com 16 anos.
Eu nunca entendia o por quê, o que eu tinha feito de tão errado?
Será que foi porque eu nasci?
Sempre fui chamada de feia , horrorosa , magrela, mas ainda não tinha descoberto o motivo.
Enquanto ela sempre me menosprezava, as outras irmãs eram idolatradas, era lindas, mesmo sendo uma delas cleptomaníaca.
Ia demorar mais uns anos, eu ia descobrir, só não queria que fosse da forma que foi.
Levantavam os muito cedo as cinco da manhã para irmos ao trabalho, pai, mãe, irmã e eu.
Eu trabalhava em três apartamentos era bem corrido e conseguia dar conta.
Primeiro ia para o apartamento da Gisele, fazia de tudo pela manhã, preparava o café, e já ia lavando tudo com o menos de barulho possível ,eles ainda estavam dormindo. Quando levantavam tomava! Café as pressas e ela me deixava o que era pra ser feito para o almoço, eu já sabia cozinhar desde os 11 anos de idade.
Quando eles saiam eu corria pra mesa comer, estava faminta, morria de vergonha de comer perto de alguém.
Depois de encher a barriga eu corria como uma louca pra dar conta do apartamento limpo, almoço pronto, e roupas de molho.
Já estava perto de eles chegarem, e como tinha muita vergonha mesmo eu dizia que não estava com fome e  corria pra outro apartamento no mesmo condomínio.
Nesse apartamento não tinha móveis, mas armários brancos embutidos até o teto nos quartos era imprescindível em todos os apartamentos.
Um fogão, uma geladeira, uma TV e em um dos quartos tinha somente um colchão no chão.
Era tudo mais fácil de limpar, mas as roupas eu tinha que lavar bem antes de colocar na máquina. E tudo isso eu fazia na hora do almoço.
Voltava pra o apartamento da Gisele, ela estava já dormindo um pouco, era a hora perfeita pra eu comer ou melhor engolir a comida.
Lavava a louça terminava todo o restante, as roupas brancas eram impecáveis, ela era dentista. Deixava tudo pendurado já era hora de voltar ao outro apartamento.
No verão a roupa secava muito rápido, então eu aproveitava o que já estava seco e passava tudo e guardava. Agora terminava de limpar a cozinha e estava exausta.
Sentava no chão da sala e assistia um pouco de TV antes de ir a aula.
No início eu agüentava bem , não me cansava.
Até que entre um apartamento e outro fui obrigada a ajudar  minha irmã mais nova em outros apartamentos fazendo faxinas,antes que o próximo dono viesse conhecer. Era a FAXINA.  Usavamos ate thiner pra deixar tudo sem um rastro de sujeira se quer.
Nos primeiros meses foi tranquilo, mas após um ano eu já não assistia as aulas, eu dormia a aula inteira.

Sangrando aos poucosOnde histórias criam vida. Descubra agora