16 de agosto 8:30 pm
Já era oito e meia da noite, eu e George estávamos nos arrumando. Coloquei um típico vestido azul marinho que é aberto atrás. Coloquei meus sapatos e acessórios. Peguei minha bolsa colocando um maço de cigarro dentro junto com um isqueiro. Fui até a sala esperar George se arrumar para podermos ir. Ouvi ele cantarolar pelos cômodos enquanto o mesmo se arrumava, ri da situação e aproveitei pra ver dava pra eu comer um dos biscoitos do mesmo. Quando eu me atrevi a pegar um, lá estava ele na minha frente tomando o pote de biscoitos de minha mão.
Esse seu amor por biscoitos é obsessivo! –Disse eu.
Que eu saiba meus biscoitos não se sentem oprimidos! –Disse George.
Revirei meus olhos indo até a sacada olhando as ruas pouco luminosas.
Esperei George se arrumar por pouco tempo que pareceu muito para mim.
Já podemos ir ou você ainda quer se admirar? –Perguntei.
Podemos ir sim!–Disse George.
Eu fui até ele e caminhamos até a casa de John, chegando lá de primeira eu não o vi,porém fui me acomodando ao lugar até que cheguei a cozinha onde sentei em uma das cadeiras bebendo uma latinha de cerveja. John apareceu atrás de mim, não tinha percebido sua presença .
Como vai, estrangeira?–Perguntou John.
Confesso que meu coração errou uma batida ali mesmo, senti borboletas em meu estômago, um arrepio que nem eu pude explicar a mim mesma!
Vou bem. E você, garoto de Liverpool? –Perguntei.
Vou bem também, porém melhor agora. Que tal irmos lá fora fumar?–Perguntou John olhando pra mim.
Vamos. –Respondi.
Fomos até fora da casa de John onde tinha um gramado. Acendi meu cigarro colocando o mesmo na boca e acendendo em seguida, John fez o mesmo.
Me fala sobre você. –Disse John
Bom, eu tenho vinte anos e sou uma ex modelo francesa, que agora estuda artes plásticas e que tentou vida fora do país mas só conseguiu um apartamento dividido com um amigo de dezessete anos de idade e mentalidade de dez. –Disse eu tirando o cigarro de minha boca.
E isso é tudo sobre você?–Perguntou John.
Acho que é, não sou tão interessante quanto pareço. –Disse eu o olhando.
Desde o dia que eu te vi te achei bem interessante. –Disse John.
A gente se viu ontem, John. Nem tivemos um diálogo interessante. –Disse eu desviando meu olhar para frente ainda tragando o cigarro.
Mas pelo o que George diz para mim nos conhecemos até demais. –Disse John.
Tá bom, você me conhece, porém eu não te conheço então me fale sobre você. –Disse eu olhando John. Não queria me perder naquele olhar tão doce, então mantive foco no que ele estava prestes a dizer.
Eu sou um garoto normal de Liverpool, tenho vinte anos e toco numa banda bem maneira de rock. –Disse ele.
Muito interessante sua história de vida, dava um filme. –Disse eu ironicamente.
Ah, e eu sei tocar banjo, aprendi com minha mãe. –Disse ele jogando seu cigarro no chão.
Que interessante, meus pais nunca me deram esse tipo de atenção. –Disse eu olhando para baixo.
Na verdade sou criado pela minha tia Mimi, meu pai me deixou e minha mãe faleceu. –Disse John de um jeito triste.
Sinto muito pela sua mãe. –Disse eu.
Mas...Vamos entrar? –Sugeriu John, eu assenti.
Por fim nós entramos de volta na casa, trocamos olhares a festa toda, dançamos ao som de várias músicas não sabia dizer se estávamos bêbados ou só felizes.
O pessoal da festa foi saindo aos poucos e no final só estava eu e John, jogados no chão em um tapete que cheirava a cerveja de tanto derrubarmos a bebida nela. Olhamos um pro outro novamente e rimos, só que agora ele estava próximo demais, senti um clima ali mesmo. Eu pensei que ele ia me beijar pois estava muito perto.Você está muito bonita, estrangeira. –Disse John.
Estrangeira era meu novo nome, gostava disso. Sorri depois de John dizer isso a mim.
Realmente, eu estou mesmo. –Disse eu.
Rimos com a minha resposta até que adormecemos ali mesmo, no meio de tantas conversas e risadas. Dormimos no tapete que cheirava a cerveja e com uma música calma. Saberia que no dia seguinte enfrentaríamos uma dor de cabeça forte, porém não tinha ligado para isso.