CAPÍTULO TRÊS

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Caminhamos pela estrada seca. Como os sóis já haviam nascido, tudo que era vivo, se tornou morto. Andávamos com passos mansos, estávamos tentando fazer o menor ruído possível, já que dali se ouvia urros grotescos.

Quando percorri meu olhar entre as árvores, notei que vários olhos grandes e esverdeados me encaravam.

– Professor...

– Sim?

– Eu acho que tem alguma coisa ali. – apontei com certo receio o dedo para nossa esquerda.

O Professor segurou a minha mão. Engoli em seco para não gritar. O que quer que fosse aquilo, com certeza não era nada amigável.

Quando tentamos recuar, pisei sem querer em um galho seco, bastando um pequeno ruído para que a fera se mostrasse, ela saiu de dentro das árvores e avançou para cima de nós. Quando corremos, a criatura urrou. Seu peso era tanto que a terra tremia.

Eu já estava perdendo o fôlego, meus passos ficavam lentos à medida que corria. Senti uma de suas garras rasgarem minhas costas, a dor era sufocante, fiz de tudo para continuar, mas a dor latejava me pedindo para parar. Droga... me segurei na árvore mais próxima, estava tão nervosa e frustrada, não havia notado antes que a fera estava atrás de mim se não fosse seu rosnar ameaçador. Mesmo assim olhei para trás e lá estava, era muito maior e com a mesma cor de um elefante, quatro patas pesadas e grossas, com garras afiadíssimas, além de ter três olhos enormes e uma boca extremamente cheia de dentes pontiagudos. Sua cauda chicoteava o chão de um lado para o outro, à medida que seus passos ficavam cautelosos. Levei uma de minhas mãos para a cabeça, sentia que a ferida era profunda, se eu não morresse devorada, com certeza seria por essa ferida. Queria também poder vomitar e gritar bem alto, poder arrancar essa dor formigante que a ferida causava.

A fera estava apenas alguns centímetros distantes de mim, já podia sentir seu odor. Eu estava ofegante e com medo também, não quero morrer, não agora. Encarei-a bravamente, seus lábios se contraíram e sua arcaria dentária ficou totalmente amostra, o pavor tomou conta de mim, não conseguia me mexer e ela iria me devorar ali mesmo.

Uma flecha passara de raspão entre nós. Ela olhou na direção da flecha, se assustou e saiu correndo. Fiquei confusa, olhei aonde ela havia olhado e vi uma silhueta se formar entre as árvores. Era um Homem! Seus olhos eram de tom azulado, por algum motivo meu coração disparou, tive esperança que fosse o outro humano, mas sua pele denunciava que era outro ser, de tão branca e impecável.

Ele caminhou em minha direção. Seu olhar se desesperou ao ver a poça de sangue se formar atrás de mim. Correu e conseguiu me segurar antes que eu caísse no chão.

– Você está bem? – umas de suas mãos tocaram meu rosto suavemente.

Senti minha pele queimar, não sabia ao certo se era por causa da febre ou do efeito que ele estava provocando em mim.

– Quem... Quem é você? – finalmente consegui formar as palavras. Estava ficando tonta e corria o risco de ser pega novamente por outro ser.

Seus olhos percorreram pelo meu corpo, e quando seu dedo indicador deslizou sobre meus lábios, vi um desejo súbito brotar no seu olhar.

– Eu prometo tirar você daqui.

Gemi de dor quando sua outra mão deslizou próxima a ferida. Ele relutou em me pegar no colo no começo, teve todo o trabalho de ter cuidado em me segurar sem tocar na ferida.

No começo fiquei confusa se devia confiar ou não, já não estava sabendo distinguir as cores, cheiros e sons, apenas adormeci em seu colo.

Acordei assustada, não estava conseguindo me levantar, deslizei minha mão sobre a ferida, notei que algo estava ali, talvez fosse uma faixa. Semicerrei meus olhos para me olhar melhor, meus seios também estavam cobertos com a faixa. O que me deixou mais aliviada.

Os Gladiadores do Universo - A Viajante - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora