CAPÍTULO QUATRO

20 3 0
                                    


Aquela noite parecia ter sido bem mais longa do que as outras, talvez fosse pelo fato de que as folhagens e os tecidos estivessem bem quentinhos e confortáveis.

Arrumamos nossos poucos pertences, não sei ao certo se podia chamar de pertences, afinal só era uma bolsa feita de retalhos e nela só havia frutas comestíveis.

E como sempre, aquele calor maravilhoso, a Joyce e a Val vão ficar morrendo de inveja do meu super bronzeado.

– No que está pensando Kabuchinki?

Olhei para o Professor que caminhava ao meu lado.

– Nada demais. – digo sorrindo. Izáquiton olha de relance para nós, ele caminha a nossa frente, sempre com o arco e a flecha, pronto para acertar qualquer coisa que queira nos atacar.

– Izáquiton, foi você que fez este arco? – ele para de caminhar, e me olha com um sorriso nos lábios.

– Ganhei da minha mãe, ela era boa com arcos, me ensinou tudo que sei.

Antes de eu sequer dizer algo, ouvimos um barulho agudo, paramos de caminhar e algo pequeno voa em minha direção, o impacto é tão grande que faz com que eu caia no chão, suas garras cravam em minha costela, encaro a pequena criatura e ela parece assustada. Tento tira-la com as mãos, é impossível, suas unhas só se afundam ainda mais em mim.

– Fique parada Daya! – grita Izáquiton.

– Calminha amiguinha. – tento tocar a criatura levemente. Nós duas nos olhamos, seu pêlo é longo e vermelho, parece uma bola de lã. Seus três olhos azuis são enormes, chega a ser desproporcional ao seu tamanho.

Izáquiton pega ela com cuidado e ela simplesmente vai com ele sem hesitar, o abraçando.

Eu me levanto devagar, ainda olhando atentamente para criatura, ela chega a ser fofinha e engraçadinha, suas quatro patas são tão pequenos e finos, mas possuem garras afiadas e escuras.

– O que é isso? – pergunto, tentando me aproximar para perto dela.

Izáquiton começa a fazer cafuné e ela solta um gemido mais engraçado ainda.

– É um Gloshen, uma criatura desta floresta, com certeza algo a deixou assustada.

– E cadê o Professor? – passei meus olhos entre as árvores e vi que ele estava se escondendo atrás de uma pedra gigantesca.

– Curioso... – ele sai de fininho detrás da pedra e ajeita seu óculos. – Um Gloshen, quem imaginaria!

– Posso pegar? – digo com brilhinhos nos olhos. Izáquiton me entrega ela, parece muito dengosa e não recusa quando a pego, ela me abraça delicadamente e se esfrega sobre meus ombros. Suas patas traseiras são mais curtas do que as dianteiras, aparenta ter uns 45 centímetros de comprimento. – Você é muito fofa sabia? – digo baixinho.

– Acho que ele gostou de você – Izáquiton diz.

– Ele?

– É um macho.

Sorrio envergonhada.

– Podemos ficar com ele então?

– Acho melhor não.

– Curioso... Concordo plenamente com Izáquiton, essa criatura pode ser minúscula, mas acredito que nos dará grandes problemas. – o Professor diz, ainda distante de nós.

– Não me diga que está com medo? – o encaro com as sobrancelhas arqueadas.

– Daya não podemos: Gloshen só são assim pequenos por dois dias, depois desse tempo, eles ficam 10 vezes maiores que isso e devoram a gente. Deixei-o aí e vamos em frente. – Izáquiton diz com desdém, voltando a caminhar.

Os Gladiadores do Universo - A Viajante - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora