Aquela noite parecia ter sido bem mais longa do que as outras, talvez fosse pelo fato de que as folhagens e os tecidos estivessem bem quentinhos e confortáveis.
Arrumamos nossos poucos pertences, não sei ao certo se podia chamar de pertences, afinal só era uma bolsa feita de retalhos e nela só havia frutas comestíveis.
E como sempre, aquele calor maravilhoso, a Joyce e a Val vão ficar morrendo de inveja do meu super bronzeado.
– No que está pensando Kabuchinki?
Olhei para o Professor que caminhava ao meu lado.
– Nada demais. – digo sorrindo. Izáquiton olha de relance para nós, ele caminha a nossa frente, sempre com o arco e a flecha, pronto para acertar qualquer coisa que queira nos atacar.
– Izáquiton, foi você que fez este arco? – ele para de caminhar, e me olha com um sorriso nos lábios.
– Ganhei da minha mãe, ela era boa com arcos, me ensinou tudo que sei.
Antes de eu sequer dizer algo, ouvimos um barulho agudo, paramos de caminhar e algo pequeno voa em minha direção, o impacto é tão grande que faz com que eu caia no chão, suas garras cravam em minha costela, encaro a pequena criatura e ela parece assustada. Tento tira-la com as mãos, é impossível, suas unhas só se afundam ainda mais em mim.
– Fique parada Daya! – grita Izáquiton.
– Calminha amiguinha. – tento tocar a criatura levemente. Nós duas nos olhamos, seu pêlo é longo e vermelho, parece uma bola de lã. Seus três olhos azuis são enormes, chega a ser desproporcional ao seu tamanho.
Izáquiton pega ela com cuidado e ela simplesmente vai com ele sem hesitar, o abraçando.
Eu me levanto devagar, ainda olhando atentamente para criatura, ela chega a ser fofinha e engraçadinha, suas quatro patas são tão pequenos e finos, mas possuem garras afiadas e escuras.
– O que é isso? – pergunto, tentando me aproximar para perto dela.
Izáquiton começa a fazer cafuné e ela solta um gemido mais engraçado ainda.
– É um Gloshen, uma criatura desta floresta, com certeza algo a deixou assustada.
– E cadê o Professor? – passei meus olhos entre as árvores e vi que ele estava se escondendo atrás de uma pedra gigantesca.
– Curioso... – ele sai de fininho detrás da pedra e ajeita seu óculos. – Um Gloshen, quem imaginaria!
– Posso pegar? – digo com brilhinhos nos olhos. Izáquiton me entrega ela, parece muito dengosa e não recusa quando a pego, ela me abraça delicadamente e se esfrega sobre meus ombros. Suas patas traseiras são mais curtas do que as dianteiras, aparenta ter uns 45 centímetros de comprimento. – Você é muito fofa sabia? – digo baixinho.
– Acho que ele gostou de você – Izáquiton diz.
– Ele?
– É um macho.
Sorrio envergonhada.
– Podemos ficar com ele então?
– Acho melhor não.
– Curioso... Concordo plenamente com Izáquiton, essa criatura pode ser minúscula, mas acredito que nos dará grandes problemas. – o Professor diz, ainda distante de nós.
– Não me diga que está com medo? – o encaro com as sobrancelhas arqueadas.
– Daya não podemos: Gloshen só são assim pequenos por dois dias, depois desse tempo, eles ficam 10 vezes maiores que isso e devoram a gente. Deixei-o aí e vamos em frente. – Izáquiton diz com desdém, voltando a caminhar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Os Gladiadores do Universo - A Viajante - Livro 1
Fiksi IlmiahNa Terra sempre houve relatos de pessoas que foram abduzidas e que foram usadas para experimentos, mas até onde isso seria verdade? Ser abduzida não estava nos planos de Daya. Não quando se tem que lutar pela sua própria liberdade numa Arena. Úton...