CAPÍTULO NOVE

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Minha cabeça lateja. Levanto-me esticando todinha, cada parte do meu corpo dói e muito.

– O que está acontecendo? – murmuro.

–Daya, você está bem?

Abro os olhos, ainda continuo meio zonza, mas... eu me lembro daquela voz...

Alguém toca minha mão.

É Izáquiton!

Recuo com as costas para trás, estou sentada numa cama, olho ao redor, a sala é bem iluminada, as paredes são de tom azul metálico, além de ter uma cama, há armários numa das paredes, também não tem janela, apenas uma porta. A sala é pequena, não há para onde correr, não quando Izáquiton ainda segura minha mão e está agachado na minha frente.

Eu dou um tapa na cara dele e o empurro, ele tomba para trás e eu tento correr e abrir a porta, mas ele é rápido, muito rápido, pois me segura pela cintura.

– Me solte! Agora! – Grito para ele.

– Por favor... Daya, deixa eu explicar.

Ele está calmo como sempre. O que me deixa mais irritada. Não quero ouvi-lo, não quero estar com ele.

– Daya... por favor.

Ele fala gentilmente. Eu finalmente paro de tentar me soltar e respiro fundo.

– Se você me soltar...

– Promete que não vai tentar fugir ou me bater?

Olho de relance para ele e faço que sim com a cabeça. Ele me solta aos poucos. Não vou fugir, preciso de respostas.

– Cadê o Professor? – Pergunto, ainda indiferente com ele.

– Ele está bem, já estão cuidando dos seus ferimentos.

Izáquiton caminha até a cama e se senta nela. Ele bate de leve no colchão para que eu sente ao seu lado.

– Não quero sentar.

Ele respira profundamente e me olha. Eu não desvio o olhar, de jeito nenhum vou me mostrar fraca, não perto dele.

– Me desculpe...

– Te desculpar? – reviro os olhos furiosa e explodo – Pelo que? Por ter mentido para nós? Por ser o futuro rei daqui? Ou por ser tão egoísta ao ponto de me tirar de casa e me trazer pra esse inferno todo aqui? Olha, não sei o que posso desculpar, acho que nada justifica o fato de você ter feito o que fez, nada.

Ele levanta bruscamente e se aproxima de mim, tão perto que posso sentir sua respiração descontrolada.

– Daya eu realmente não queria que isto tivesse acontecido. Eu juro, fiz de tudo para que não escolhessem você, mas meu pai...

Ergui as mãos. Estava totalmente nervosa e pronta para socar o rosto bonitinho dele.

– Não me venha com essa, não culpe o seu pai pelos seus erros.

Ele balança a cabeça negativamente, parecendo estar expulsando algum tipo de pensamento. Mordo meu lábio inferior de nervosismo.

Nossos olhos se encontram e o muro que há em meu coração se desfaz.

– A seleção é feita pelo próprio rei. Nós, os Exploradores, visitamos os mundos e lançamos localizadores. O rei observa todos os seres e seleciona a dedo quem participa dos jogos. Não me pergunte que meios ele usa para escolher os participantes, pois, mesmo sendo meu pai, eu não saberia lhe dizer, e, confesso que em algum canto do meu coração se alegrou quando ele escolheu você, pois a teria perto de mim. Eu já havia visto você muito antes do rei.

Os Gladiadores do Universo - A Viajante - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora