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- Mãe, eu estou bem. - murmurou Louis, provavelmente pela vigésima vez em cinco minutos.

- Você tem certeza, Louis? Não quer que eu chame a enfermeira? Você está pálido demais.

- Vá tomar uma água e se acalmar, por favor. - pediu o garoto, grudando seus olhos azuis nos de sua mãe, que assentiu e começou seu caminho para fora do quarto.

- Você tem certeza que...

- Tenho. - cortou-a, antes que pudesse perguntar novamente se Louis não queria chamar a enfermeira. - Vá se acalmar.

De uns tempos para cá, sua mãe está surtando por tudo. O pequeno garoto entende que ela está preocupada com sua atual situação, mas não tem nada que Jay possa fazer.

A não ser esperar. Que é basicamente o que Louis e sua família estão fazendo nos últimos dois meses. Eles esperam, esperam e esperam mais um pouco.

E o momento nunca chega.

Já chegou perto. Certo dia, a médica de Louis entrou em seu branco e - quase - espaçoso quarto, dizendo que acharam um doador para o garoto.

Foi o mais perto que Louis já chegou de conseguir o que precisa. Algumas coisas simplesmente não são para ser.

É óbvio que a cada dia e a cada novo problema que aparece em seu coração que, mesmo jovem, já não funciona direito, sua esperança morre um pouco. Às vezes morre muito.

Louis já viu tantas pessoas entrarem e saírem, enquanto outras entravam para nunca mais sair e ele via o sofrimento de cada familiar. É impossível não ver.

Mas tem um garoto que está aqui há tanto tempo quanto Louis. Harry Styles, um garoto gentil, amigável e lindo com seus belos olhos verdes e cabelos que um dia já foram longos e cacheados.

Nas vezes em que os dois conversaram, Louis se viu perdido na beleza dos lábios do garoto, enquanto Harry se perdia no mar que eram os olhos do mais velho.

Tomlinson não sabe o que Styles tem, bom, nem os médicos sabem. A história é que Harry sempre voltava com os mesmos sintomas e os médicos resolveram interná-lo até descobrirem o que há de errado.

Na última semana, Harry foi ao quarto de Louis todos os dias. O mais novo está mais saudável e disposto que o de olhos azuis, que mal consegue dar três passos sem sentir-se cansado ou tonto.

Hoje não vai ser diferente.

Logo após o almoço, quando Jay deixou Louis por algumas horas para que pudesse trabalhar, uma batida foi ouvida na porta e, poucos instantes depois, Harry entrou, com seu sorriso enorme e o cabelo curto bagunçado.

- Boa tarde, Tomlinson.

- Olá, Styles.

- Como está se sentindo hoje? - perguntou Harry, imitando todas as enfermeiras daquele enorme hospital.

- Bem, na verdade. - Louis deu a mesma resposta que dava todas as manhãs, mesmo que se sentisse muito mal.

- Isso é ótimo. - sussurrou o mais novo, encarando Louis.

Eles ficaram tanto tempo se olhando que o pequeno quase sentiu o azul e verde de seus olhos se misturando enquanto Harry sentava na poltrona ao lado da cama.

- É bom, no máximo. Ótimo só vai ser quando eu arrumar um novo coração. - retrucou Louis, olhando para a parede a sua frente. - Mas e você? Já descobriram o que está acontecendo?

- Ainda não e eu fico cada vez mais preocupado.

- E onde estão seus pais?

- Vamos só dizer que eles não ligam muito para mim. Eu tenho vinte anos, posso me virar.

- Mas é sempre bom ter alguém.

- Eu tenho você. - murmurou. E essa frase foi suficiente para tirar o fôlego de Louis. - Não preciso deles, Louis.

- Tudo bem, não vou discutir. - sussurrou o de olhos azuis, sentindo-se cansado como não se sentia há muito tempo.

- Está tudo bem? - perguntou Harry, esticando a mão e tocando a de Louis.

- Sim, só estou cansado.

- Quer que eu vá embora para você dormir?

- Não, não quero.

- Mas você precisa descansar. - sussurrou, passando os dedos pela pele de Tomlinson, fazendo o menor fechar os olhos e suspirar.

- Fique comigo. Sabe, até eu pegar no sono. Por favor.

E Louis não pôde conter o sorriso quando Harry sussurrou um sim.

Two Hearts | l.sOnde histórias criam vida. Descubra agora