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- Alguém pode me explicar o que está acontecendo? Harry sumiu e vocês duas estão de segredinhos. - pediu Louis, provavelmente pela vigésima vez na semana.

O garoto não vê o namorado desde a noite antes da cirurgia e isso tem mais de uma semana. No começo, estava preocupado, mas agora está desesperado. Styles não atende ao celular, não responde às mensagens e muito menos aparece para visitá-lo.

Tomlinson começou a pensar que tudo o que tiveram foi uma mentira.

- Não está acontecendo nada, filho. - insistiu Jay, dando a mesma resposta de sempre. É como se ela fosse um robô que é treinado para dizer isso quando Louis pergunta sobre Harry.

- Lottie, me conte. - implorou, encarando a irmã. - Sei que tem algo acontecendo e tem a ver com Hazzy. Me fingi de cego nos últimos dias, mas chega. Preciso saber.

- Lou, querido...

- Não me venha com essa, só me conte de uma vez.

- Harry não virá te visitar. Não vai atender o celular ou responder as mensagens.

- Por que não?

- Porque Harry morreu, querido.

Louis gostaria de dizer que seu mundo não desmoronou. Gostaria de dizer que não passou dois minutos inteiros encarando a mãe tentando descobrir se ela estava falando sério. Gostaria de dizer que impediu as lágrimas de saírem e gostaria de dizer que não gritou até seus pulmões doerem.

Mas seria tudo uma mentira.

Quando ouviu as três palavras proferidas da boca de sua mãe, colocou a mão na barriga como fazia quando passava mal e chorou.

Chorou até sentir sua cabeça doer e em seguida gritou até seu pulmão pedir por uma pausa. Depois voltou a chorar e só então se deu conta dos braços de Lottie e Jay ao seu redor, segurando-o enquanto tudo parecia ruir.

Louis não quer parecer ser dependente de Harry, pois não é, mas é dependente de seus toques, abraços e beijos. É dependente de todas as sensações que percorriam seu corpo quando estava com o mais novo e é dependente das covinhas e do cabelo macio do garoto que amava - que ama.

Implorou para que Lottie e Jay o deixassem sozinho durante a noite, insistindo que precisava pensar. Elas o fizeram, mesmo um tanto hesitantes.

O que Louis fez durante a madrugada? Chorou até soluçar, até sentir suas lágrimas secarem e então levantou da cama, indo até o armário no canto do quarto e tirando de dentro um moletom que Harry havia lhe dado.

Era um moletom novo, que Styles havia comprado para ele mesmo, mas, quando Louis o vestiu, sentiu como se a peça de roupa pertencesse a ele e pediu para o mais velho mantê-lo. Mas Tomlinson ainda conseguia sentir o cheiro do namorado no tecido e o abraçou durante toda a noite, tentando segurar as lágrimas.

Foi inundado pelas lembranças: quando eles se conheceram, a primeira conversa, o primeiro olhar e até mesmo o primeiro toque de mãos. Tudo voltou como uma avalanche e Louis sentiu como se seu novo coração fosse explodir.

Foi difícil, mas ele conseguiu sobreviver a madrugada, provavelmente uma das piores de toda a sua vida. Pior do que aquelas em que ele acordava com falta de ar ou sem conseguir se mexer direito por estar fraco demais. Pior do que quando acordava de madrugada com pesadelos sobre seu enterro. Pior do que quando passava horas esperando Fizzy voltar de algum encontro - e sua irmã sempre demorava um pouco mais, só para irritá-lo.

Quando Jay entrou pela porta naquela manhã, com um grande copo de café na mão, Louis não poderia se sentir mais aliviado por ter alguém.

- Como você está? - perguntou, acariciando os cabelos do filho.

- Sentindo como se fosse morrer. Achei que isso fosse mudar depois da cirurgia, mas eu me sinto do mesmo jeito. Sufocando aos poucos, me afogando ou sei lá.

- Não fale essas coisas.

- É a verdade. Agora que estou um pouco mais calmo, você pode... me contar como ele morreu?

- Lou...

- Eu preciso saber, Jay.

- Em primeiro lugar, eu gostaria de dizer uma coisa. Seu novo coração...

- Eu não quero saber sobre ele. Me fale sobre meu namorado.

- Harry... ele morreu num acidente. Estava voltando do hospital quando um cara bêbado bateu em seu carro.

- E ele sofreu?

No fundo, Louis não queria saber. Não sabe como se sentiria caso sua mãe respondesse sim, ele ficou agonizando dentro do carro por horas. Não quis nem pensar nessa hipótese.

- Disseram que a morte cerebral foi instantânea. Não, eles não acham que ele tenha sofrido. Encontrei com a mãe dele hoje cedo e ela disse que encontrou isso aqui no apartamento de Harry. Tem seu nome.

Tirou do bolso um pequeno envelope branco com o nome de Louis escrito na caligrafia bonita de Styles. Abriu e desdobrou o papel, lendo toda a carta três vezes. Sentiu seu chão abrir novamente ao ler aquelas palavras e tentou ao máximo não molhar a folha com suas lágrimas.

- Eu o amo tanto, mãe. - murmurou, abraçando o próprio corpo novamente e soluçando, sentindo sua garganta arranhar e implorar por água.

- Não fique assim, querido.

- É impossível. Sabe quando... você olha para alguém e seu mundo fica mais colorido? Como se tudo valesse a pena? Eu me sentia assim com Harry.

Jay entende. Ela se sente do mesmo jeito com o atual marido, Dan, e esperava ansiosamente pelo dia em que o filho se sentisse do mesmo jeito. Só não gostaria que ele sofresse tanto.

- Preciso te falar uma coisa sobre seu novo coração, Louis.

- Já disse que não quero saber.

- Seu novo coração... - sussurrou, insistindo para o filho ouvisse. Foi quando ela completou a frase que o mundo de Louis pareceu, de certa forma, se iluminar novamente. Não completamente, mas um pouco. Foi quando Jay sussurrou uma frase simples, mas cheia de significados diferentes para o garoto, que ele se sentiu completo novamente.

Sentiu novamente as lágrimas escorrendo por suas bochechas e não as impediu de cair. Deixou-as rolarem livres, sentindo-se orgulhoso por amar a pessoa certa.

E Louis não poderia explicar o que sentiu quando descobriu que o coração que agora bate em seu peito antes batia no de Harry.

Two Hearts | l.sOnde histórias criam vida. Descubra agora