Two Hearts | l.s

six

Harry entrou no quarto de Louis no mesmo horário de sempre. Só não esperava encontrar o pequeno dormindo profundamente.

Tomlinson tem um daqueles tubos de respiração no nariz e um soro cheio preso ao seu braço direito; ele está pálido e é possível ver claramente as olheiras embaixo dos olhos. O pequeno parece mais fraco do que o normal e mais frágil que nunca, como se um toque pudesse quebrá-lo.

Styles sentiu uma dor profunda em seu coração. É dolorido ver o garoto que gosta - que ama, na verdade - desse jeito. Harry é realista e, nesse momento, sabe que Louis pode não ter muito mais tempo. E tudo o que o de olhos verdes quer é fazer o de olhos azuis feliz pelo tempo que puder, mesmo que não seja muito.

E foi por isso que Harry levou sua mão até a de Tomlinson, sentindo a pele quente contra a sua e os ossos contra sua palma, lembrando-o de quando isso ainda não era possível. Durante os meses no hospital, Styles pôde ver Louis emagrecer cada vez mais, seu rosto cada vez mais fino e ossos mais aparentes a cada dia.

Segurou levemente a mão magra do mais velho e levou-a até a boca, depositando um beijo rápido na superfície cheia de veias saltadas. O menor se mexeu na cama e abriu lentamente os olhos, tentando focalizar a imagem borrada em pé ao seu lado.

Sorriu quando viu que era Harry e finalmente despertou por completo, sentando na cama com certa dificuldade, recebendo uma pequena ajuda de Styles.

- Como se sente?

- Sinceramente? - o mais novo assentiu, segurando a leve mão do outro um pouco mais forte. - Mal, péssimo, morrendo.

- Lou... não fale assim.

- Eu estou morrendo, Hazzy.

- Podemos mudar de assunto? - Louis concordou, preferindo não falar sobre seu inevitável destino. - Ontem sua irmã foi até meu quarto e nós conversamos.

- Sobre o quê?

- Ela me perguntou uma coisa e me fez um pedido. Mas... não sou só eu quem tem que aceitar.

- Como assim?

- Você pode... fechar os olhos? Por favor.

Louis o fez, mesmo que hesitante. Não entendeu o pedido, mas confia cegamente em Harry e sabe que o maior não fará nada demais.

Styles aproximou seu rosto do de Tomlinson e levou uma de suas mãos até sua fina cintura, enquanto a outra ia até os cabelos do menor.

O de olhos azuis prendeu a respiração em surpresa com os toques, mas não protestou. Harry estava tão perto que Louis podia sentir o ar saindo de seu nariz. A distância entre os dois finalmente acabou e seus lábios se juntaram num beijo calmo de início, que se aprofundou quando Tomlinson deixou Styles inserir a língua em sua boca.

O mais novo exalava desejo e beijava o menor com necessidade, mesmo sabendo que não poderiam passar disso. Não poderiam passar de meros beijos e toques, pois Louis foi terminantemente proibido de fazer algo que o deixasse ofegante.

Mas, mesmo que ambos soubessem disso, não conseguiram separar seus lábios ou línguas enquanto Harry usava seu braço ao redor da cintura do menor para puxá-lo mais para perto.

Foi necessário um longo tempo para finalmente se afastarem e, após tal ato, ficaram minutos se encarando, Louis tentando entender como foram de falar de Lottie a beijarem-se.

- O que foi isso?

- Ontem... sua... sua irmã me perguntou se tem alguma chance de eu sentir algo a mais por você. Eu sei que não me sinto como deveria, não deveria te querer tanto quanto te quero, mas eu quero. E eu precisava saber se você também se sente assim.

- Não era mais fácil perguntar?

- O beijo foi tão ruim assim?

- Foi maravilhoso. Harry... eu não quero te prender a mim, a alguém que morrerá em breve, alguém que não pode te fazer feliz por muito tempo. Não posso fazer isso com você.

- E se eu quiser? Se eu não me importar com o tempo de vida que você tem? Se eu te disser que o que eu mais quero, depois desses dois meses ao seu lado, é te fazer feliz pelo tempo que eu puder?

- Você não pode estar falando sério.

- Eu estou. Por favor, Lou, me deixe ficar ao seu lado enquanto posso. Por favor. - pediu Harry, quase como se estivesse implorando por uma chance.

- Hazzy... você é impossível, sabia? Tudo bem... eu aceito.

- Pelo tempo que for possível.

- Pelo tempo que for possível.