Capítulo 14

1.2K 141 15
                                    

Ana.

Mal consigo dormir a noite, Marcos passou a metade acordado, me olhando, me mimando, me amando. Em nenhum momento me senti sozinha ou carente. Seus olhos estavam tristes e me olhavam com medo e sofridão.

Acariciei seu rosto tenso em seu sono me perguntando se a noite passada realmente aconteceu. Fecho os olhos tentando controlar as lagrimas. As palavras da mãe de Marcos ainda me consomem. Meu celular toca em algum canto do quarto, Marcos abre os olhos assustado e me puxa contra ele.

- É so meu celular, eu ja volto.

Saio da cama rapidamente e pego meu celular em cima da poltrona de descanso, olho para Marcos e o vejo me olhando meio assustado.

- Quem é amor? - Ele sussurra.

Olho para a tela e vejo um numero desconhecido. Franzo a testa.

- Não sei. - Ando ate a cama e me sento, logo sentindo os braços de Marcos me abraçarem.

- Merda. - Escuto seu rosnado.

- O que? - Paro de falar quando ele toma meu celular.

- Pai! - Ele grunhe e logo coloca o celular no viva voz.

- Bom dia filho. O seu celular esta dando desligado então eu liguei para Jordan e pedi o numero de Ana. - Sua voz parece triste. - Filho...

- Se me ligou para falar sobre Rute, pode parando...

- Calma. Podemos ir ate sua casa hoje? Ela tem algo para falar. - Suas palavras ficam duras no final.

Marcos me olho esperando minha opinião. Eu nunca iria afastar uma mãe de seu filho, mesmo que ela me odeie. Aceno com a cabeça confirmando qualquer coisa.

- Tudo bem. - Marcos resmunga e beija minha testa, eu sei que é dificil para ele, Marcos ama sua mãe, e me ama, e nao sabe o que fazer ou como agir.

- Estaremos ai na hora do almoço, quero resolver isso o quanto antes.

- Claro. Tchau, pai.

- Ate meu filho.

***

Fabio Agostini

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Fabio Agostini.

Desligo o celular e o jogo em cima da cama. Passo a mão em meu rosto sentindo a barba e o cansaço.

- Amor... - Escuto o fungar e o choro de minha mulher. A mulher que eu mais amo em todo esse mundo, ainda não sei lidar com a decepção.

- Voce tem ideia do que fez ontem a noite, Rute? - Sinto meu corpo cansado quando olho em seu rosto coberto pela angustia e dor.

- Me desculpa, eu so nao quero ver meu filho sofrer...

- Quem é voce? No que voce se transformou? - A encaro sentindo a angustia me dominar. - A mulher que eu conheci era doce, amorosa, vivia pelo amor... Não se importava com dinheiro, era simples.

Seu olhar de choque me diz que ela nem percebeu.

- Amor...

- Voce mudou, a forma de agir, de se vestir, de falar, de olhar para as outras pessoas, isso mudou. Cade aquela inocencia linda que me fascinava sempre que eu te olhava? Cade aquele sorriso vivo e brilhante que voce sempre teve? Quando eu te conheci, eu era um estudante pobre, que so queria terminar a faculdade, ser um bom e honesto advogado, casar, ter filhos e ser feliz. E voce compartilhava dos mesmo sonhos que eu. Crescemos juntos financeiramente, amadurecemos juntos e construimos cada pequena coisa que temos juntos. Somos advogados conhecidos e respeitados, somos pessoas importante, mas isso não era pra ser um problema, era pra continuarmos sendo os jovens apaixonados de 30 anos atras, Rute! - Suspiro fechando os olhos. - Eu não o que mudou no caminho, mas pelo amor Deus, a minha menina nunca falaria daquela forma com uma garota como a Ana! Voce cresceu sem mãe, seu pai era um alcoolatra. Eu cresci num orfanato sem ter esperança no futuro, mas consegui me reerguer. Enfrentei cada obstaculo, como voce, e eu pensei que voce se lembrava disso, eu pensei que o dinheiro, a fama, tudo isso, não importava para voce, como não importa para mim.

- Fabio... - Ela soluça.

- O que aconteceu nesse caminho, Rute? Voce se transformou em alguem ignorante, uma dondoca metida sem limites. Meu Deus, como eu pude ser cego? - Passo as mãos pelo meu cabelo.

- Fabio, por favor.

- Chega, Rute! Quem é voce? No que voce se transformou? Porque? Eu não te reconheço mais. Eu so quero chegar em casa, jantar, ir pra cama, fazer amor com voce e passar o resto da noite me acalmando no corpo que eu sempre amei. Eu so quero abraçar voce, mimar voce, dar carinho, amor, atenção, mas... Mas sempre tem um jantar importante, um baile, uma festa, eu não gosto disso e há 30 anos atras voce tambem. Voce passa milhares de porras no rosto para dormir, eu nem sinto mais seu cheiro. O seu cheiro! Qual foi a ultima vez que deitamos na cama com moletons, pipoca e um filme de comedia, e acabamos suados, nus, e sorrindo? - Minhas mãos vão para minha cintura, e minha cabeça cai para frente. - Eu so quero minha mulher de volta, e a mulher que eu vi ontem não é a minha. Não é a mulher pela qual eu morreria e mataria so para ver feliz. Voce não é mais a minha mulher, Rute!

Meus olhos embaçam pelas lagrimas e eu caio sentado na poltrona atras de mim.

- Foda-se o dinheiro, foda-se a porra dessa casa, a fama, o reconhecimento, FODA-SE TUDO SE EU NÃO TENHO A MINHA MULHER DO MEU LADO, CARALHO! - Soluço e tento me acalmar. Vejo seus ombros balançarem com seus soluços.

Ficamos em silencio por um tempo tentando nos acalmar e por os sentimentos no lugar.

- Sairemos daqui a quatro horas. Esteja pronta. - Fungo e saio do quarto sem olhar para tras, sentindo meu coração bater contra minhas costelas. Ando ate meu escritorio e me jogo contra a cadeira de couro.

Olho em volta e sorrio pela minha amargura.

Comprei essa casa pensando que seriamos felizes, que veria meus netos correndo pelo jardim, churrasco em familia, risos, felicidade, amor... Ilusão. Nos primeiros anos foi incrivel, depois tudo desandou e eu fingi não vêr, porque achei que estava fazendo minha mulher feliz, então tudo bem. Ela feliz, era o que importava.

Suspiro e ando ate meu bar, pego um copo e a garrafa de whisky e volto a me jogar na poltrona de couro.

- Patetico. - Sussurro me sentindo acabado.

Esse casamento ja se afundou de uma forma sem retorno. Eu posso ama-la, mas ja estou tão cansado, que a unica coisa que eu quero é tirar ferias e descansar, apenas isso e somente isso.

Suspiro e me encosto contra o sofa. O divorcio ja estava acenando em nossas caras, acho que estava na hora de cada um seguir sua vida.

Ao Seu Lado. Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora