14

570 73 13
                                    

— Nós precisamos conversar...

— Pois então apareça aqui fisicamente para que possamos tratar de nossos assuntos, finalmente!

— Vou comprar minha passagem de volta assim que o marido de Greta chegar de viajem. Eu e minha irmã somos sozinhas no mundo e não vou deixá-la com um bebê recém-nascido e uma cicatriz de cesariana na barriga...

— Quem ouve pensa realmente que você está aí apenas para cuidar de Greta... Seu cunhado é milionário e disponibiliza tudo o que ela e o menino precisam! Se está na Espanha ainda é porque odeia o meu país... Aliás, o nosso país! Você ainda é brasileira...

— Tenho dupla nacionalidade e ponto final! Não sou obrigada a te seguir para esse país atrasado de terceiro mundo!

— Mas foi aqui onde nos casamos e precisa estar aqui para nos divorciarmos!

— Quando vai entender que nunca irei te dar o divórcio, Santiago?

— Quando vai entender que não poderá me obrigar a ficar casado com você para sempre, Amora?

— Claro que eu posso... E quando conversamos duvido muito que irá querer se separar... Tenho algo importante a dizer!

O interfone soou e Santiago caminhou até o mesmo para atender. O porteiro anunciava a chegada de alguém, mas não conseguiu ao certo compreender as palavras do mesmo pelos altos gritos de Amora.

— Nada no mundo irá mudar minha decisão! Não sinto mais nada por você e a vida segue... Já tentamos muitas vezes e não tem volta, Amora. Por favor... Vamos ser amigos, ao menos, em consideração a seu pai!

— Já disse... Quando ouvir o que tenho a dizer não irá querer se divorciar!

— Pois então diga! — A campainha soou mais rápido do que Santiago pensava. Caminhou até a porta ainda contrariado pelos gritos da esposa, nervoso e desajeitado.

— Pessoalmente. Te conheço e sei que terá de ver para crer.

— Ótimo... Já tenho as coisas acertadas com meus advogados e os papéis do divórcio estão em andamento. Assim que chegar teremos muito a por em dia — Santiago abriu a porta e o celular quase escorregou de seus dedos quando se deparou com a recém-chegada.

Luz estava parada ali segurando alguns papéis em mãos e nitidamente desconfortável pela falta de camisa por parte dele, que tinha o peito desnudo e apenas usava calças de moletom.

— Certamente. Aproveite bem seu tempo, Santiago. Seus dias de farra no jardim de infância com aquela menininha estão contados!

Desligou o telefone sem ao menos ouvir corretamente o que havia dito Amora. Seus olhos estavam ocupados na bonita loira parada a sua frente.

— Luz... Oi — Falava segurando a porta e olhando-a de cima a baixo — Não pensei que você viria de fato... Nós não confirmamos nada.

— Ah! Me desculpe, Santi, pensei que ainda estava de pé o nosso ensaio! Me desculpe, eu... — A mão dele agarrou o pulso dela delicadamente quando começou a se afastar.

— Espere, por favor. Fico feliz que esteja aqui... Entre e vamos ensaiar! Estou mesmo fazendo isso, você me ajudará muito!

Luz hesitou um minuto e tentou encará-lo apenas nos olhos, evitando a todo o custo fixar o olhar em seu peito forte e desnudo. Que corpo era aquele? Nunca havia visto algo assim ao vivo e sentia-se totalmente envergonhada e corada.

Falsas Intenções (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora