Muito mais do que uma festa |Paulicia|

Muito mais do que uma festa -15

Após Paulo sair do quarto eu me senti um lixo. Não conseguia parar de chorar e me perguntar o porque eu não tinha ido perguntar a ele antes de tudo. Tomei decisões de cabeça quente. Esse era um dos meus maiores ceifeiros: não pensava antes de fazer os meus atos. Paulo já tinha me alertado sobre isso mas nunca dei muita atenção. Até agora. Passei longos minutos chorando, o que pareceram horas. Na hora do jantar eu apareci, não queria estar lá, mas mesmo assim desci. A vermelhidão no meu rosto atraiu alguns olhares conforme eu ia passando pelas mesas. Sentia os olhares dos meus amigos pesarem sobre mim e sabia que quando me sentasse, um turbilhão de perguntas seriam feitas. Não queria me lembrar de nada. Tinha certeza que ia chorar ao tentar explicar o que estava acontecendo. Queria esquecer o que eu tinha causado.
Cheguei na mesa e me sentei, ninguém se atreveu a falar nada. Me surpreendi, já que estava esperando todo mundo começar a fazer tantas perguntas que não entenderia nada do que estivessem falando. O silêncio foi quebrado por Mário.

- você e o Paulo brigaram de novo ? - todos os olhares estavam divididos entre mim e ele - cheguei no quarto e ele estava chorando.
- como assim ? - Valéria indagou - nunca vi o Paulo chorar ?
- Alicia, o que aconteceu ? - Majo perguntou, preocupada.

Resolvi explicar toda a história, desde o começo da semana, que foi o período em que começamos a brigar. Chorei menos do que imaginaria, talvez não existisse mais lágrimas dentro de mim. Todo mundo me olhava com olhares famintos por quererem saber mais. Vi o olhar de decepção de Marce e de Mário caindo sobre mim enquanto contava a questão da traição.

Nunca pensei que essa frase fosse sair da minha cabeça. Eu traí. E daria de tudo para voltar atrás.
Resolvi voltar para o quarto e quando deitei na cama, dormi.
Na manhã seguinte, Paulo não apareceu no café. Fiquei preocupada, o conhecia o suficiente para saber que quando ele se trancava em algum lugar a vontade dele era de fugir dos sentimentos. Achava que se isolando do mundo, os sentimentos frustrantes que sentia também se isolariam.
Avistei ele na classe, estava de cabeça baixa com os olhos vermelhos. Passou a aula toda assim. Por mais que nossos amigos tentassem conversar com ele, ele nem respondia, o que era estranho, já que ele era um dos mais falantes do grupo.