Muito mais do que uma festa -21

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Alguns meses depois |

Estou de 8 meses e 2 semanas, minha barriga está enorme. Não consigo mais colocar um tênis sozinha. Neste final da gravidez, minhas amigas se revezavam para ver quem ia ficar comigo, já que Matheus não para em casa. Me sentia um peso, mas elas falavam que adoravam.
Já era de noite e eu tentava dormir, sabia que Matheus estava pra chegar. Ele sempre chegava por volta de 3:00 e 3:30. Ouvi a portar abrir e ser fechada, com certa força. Desci e subi com ele apoiado no meus ombros, o que tornava a tarefa difícil, porque ele soltava todo o peso e eu tinha que subir todos aqueles degraus.
Coloquei ele na água gelada e ele me chamou para ir junto, falava o quanto eu estava gostosa naquele pijama. Tenho certeza que ele não se divertiu o suficiente essa noite, já que falava que queria transar comigo. Falei que não ia me relacionar com ele nunca mais e isso começou uma discussão. Saímos do banheiro e eu achei que ele iria ficar no quarto. Estava prestes a descer quando sinto alguém me empurrar, cai degrau por degrau e senti uma pressão muito forte na minha barriga. Depois disso, não me lembro de mais nada.

Acordei em um lugar que demorei um pouco para reconhecer. Estava em um hospital e, Marce e meus pais estavam sentados nas cadeiras perto da cama.
Perguntei o que tinha acontecido e pude ver nos olhos de meus pais a gratidão por eu ter acordado. Marce tratou de me contar que quando ela chegou em casa, estranhou o silêncio e entrou, se deparando com o meu corpo esticado no chão. Ela falou que chamou a ambulância e.. -minha amiga não consegui terminar de falar, já que o médico entrou no quarto.

- fico contente que você acordou, Alicia - sorrimos um para o outro - infelizmente, a notícia que tenho para te contar não é tão boa. Você deu entrada no hospital já com um sangramento e não havia nada que pudéssemos fazer. Sinto muito, mas você perdeu o bebê. Logo te levarão para a retirada do bebê.

Aquilo me atingiu, estava ansiosa com a chegada do bebê. Ia ter um passatempo e não passaria tanto tempo pensando em Paulo e em Alicia. Quem sabe, poderia seguir em frente com o bebê que iria nascer.

Uma enfermeira apareceu logo em seguida que o médico saiu, me levou para um outro quarto. Enquanto faziam o procedimento, me permiti chorar. Preferi chorar longe dos meus pais e Marce. Queria transparecer que aquilo não tinha me magoado o quanto realmente magoou.
Tive muito tempo para pensar e cheguei na conclusão que não nasci para ser feliz. Nada estava dando certo na minha vida. E tudo por conta de um erro miserável.

Muito mais do que uma festa |Paulicia|Onde histórias criam vida. Descubra agora