29. De uma moça bonita, palavras bonitas.

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Aurora Grace.

Texas, Dallas.08:13 a.m, 30/09/2015

No dia seguinte, eu acordei mais cedo do que o Justin, ele só veio acordar meia hora depois. A mesa do café da manhã estava cheia, talvez cheia até demais para duas pessoas. Antes de descer, tomei banho e vesti uma roupa adequada. O que eu acabei encontrando na cozinha, foi um loiro com o rosto amassado e com cara de sono sentado na cadeira dali. Ele ainda veste a samba-canção preta, e nota minha presença depois de limpar os olhos.

— Bom dia. - ele diz rouco.

Não respondo, apenas balanço a cabeça e sento na cadeira a sua frente.

Meu mau humor matinal está gritante, e piora ainda mais quando lembro da noite anterior. Os olhos do Justin estão vermelhos, e apesar da distância, consigo sentir o cheiro de ressaca.

Me remexo e pego uma torrada, depois uma faca para passar a geleia de morango. O olhar de Justin em mim me incomoda, mas eu procuro não demonstrar nada e ajo naturalmente. Ele não faz nada, apenas espera que eu o encare de volta, algo que eu não faço durante bastante tempo.

— Não é do seu feitio ignorar as pessoas. - diz baixo.

— Sério? - debocho entortando levemente a cabeça.

Seus olhos claros me observam com cuidado, até que ele percebe que eu ainda estou bem chateada com o ocorrido.

Justin umedece os lábios ressecados, e apoia os antebraços na mesa. Seus ombros estão tensos, e o que me faz vacilar são suas tatuagens expostas do peitoral. Engulo em seco, e volto a olhar para minha comida.

— Aurora, olhe pra mim. - pede calmo, mas eu não obedeço. - Por favor, me olhe. - suplica.

Fecho os olhos massageando minhas têmporas, e suspiro devagar. Eu não podia encará-lo, isso me faria fraquejar, porque é exatamente isso que acontece quando nós nos encaramos. Eu fraquejo, e agora não é bem a hora ideal para isso acontecer.

Antes de eu pensar em abrir os olhos, o celular no bolso da minha calça jeans vibra. O nome do Scooter brilha no ecrã.

— Hm... Bom dia? - digo sugestiva.

— Justin. Conseguiu tirá-lo de lá? Eu não vi nenhuma noticia. - questiona ofegante.

— Ahã. Nós saímos pela porta dos fundos. - digo. Meu olhar acaba esbarrando com o de Justin, que escuta tudo atento.

— Ele está bem? - diz.

— Você? Preocupado com a saúde dele?

Ouço alguns resmungos do outro lado da linha, e depois o barulho de algumas buzinas.

— Pode não parecer, Doutora Grace, mas eu me importo de verdade com esse garoto. O que acontece, é que às vezes estou focado demais nos problemas profissionais. - explica ríspido.

Decido não implicar, porque isso seria como descontar meu aborrecimento em relação ao Justin nele. Lá no fundo, bem lá no fundo, eu sabia que Scooter se importava com Bieber, afinal, eles estão juntos nessa caminhada há anos.

— Está chegando?

— Em pouco minutos. Esse engarrafamento miserável está um inferno. - bufa.

— Certo.

Não demoro muito tempo na mesa, e então acabo deixando o loiro sozinho na cozinha.

❖❖❖

— Você sabe que esse lance de ignorar as pessoas não dá muito certo, não é? - Jeffrey diz do outro lado da tela. - Sem falar que isso não é bem o que uma pessoa como você deveria fazer. É idiotice.

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