Clark encarou aquele manto atônito. Era o ‘S’ de sua família, da casa de El. Como poderia ser?
“Onde conseguiu isso?” ele perguntou tomando o manto das mãos de Lois, “Onde?”
“Com Jonathan e Martha Kent”, ela respondeu, “Eles te encontraram enrolado neste manto... Eles te salvaram, Clark.”
“Você está louca,” Clark se negou a acreditar, “Lionel me encontrou, foi ele que me resgatou!”
“Não, ele te roubou dos Kent, Clark” Lois segurou Clark percebendo-o confuso, levou a mão ao queixo dele de modo que ele a encarasse, “Lionel percebeu o que você poderia representar, por isso te tirou da fazenda Kent, para que você fosse criado sob o brasão dos Luthor, sob a imagem distorcida dele!”
“Eu SOU um Luthor!” Clark protestou jogando o manto no chão irritado, mas Lois não se intimidou,
“Você foi criado por Lionel, mas isso não significa que você tem que ser como ele!”
“E o que espera que eu seja? Então era isso o que queria? A coisa com o outro Clark, era esse o ponto? Ele foi criado pelos Kent, se tornou um caipira idiota no lugar de ser quem eu sou?”
“E o que você é?”, Lois o questionou quase ironizando o rumo grotesco que a vida dele havia tomado, “O outro Clark teve a oportunidade de ser amado pelas pessoas que o criaram, eu não tenho dúvida nenhuma disso. Mas você, tudo o que deve ter recebido de Luthor foi ódio.”
“Você não sabe nada sobre mim!”, Clark se colocou na defensiva, mas seu olhar transpirava raiva.
“Eu não quero saber sobre o Luthor que há em você”, Lois respondeu, “Mas sobre o lado que sobreviveu a Lionel, que te trouxe a mim... Eu sei que ele está em algum lugar...”
Lois fitou os olhos azuis de Clark buscando ali a resposta que procurava, mas ele se fechou, confuso diante da perda de referências pelo seu passado. A fitou de volta rangendo os dentes,
“Saia da minha cabeça...”
E tomou vôo, sumindo nos céus de Metropolis. Lois parou a olhar para o alto por um longo momento, até que respirou pesadamente, como se houvesse prendido todo o ar durante a conversa. De certa forma, estar diante de Clark Luthor era como um interlúdio para a sua respiração, pois ela nunca sabia o que viria depois. O fato de ela estar viva era um fator positivo, mas o manto havia ficado para trás. Lois o recolheu no chão e ponderou se aquilo ainda poderia ter um final feliz. Talvez não estivesse mesmo destinado a ser.
***
Alguns andares abaixo do telhado, Tess seguia firme para o escritório de Clark na LM. Trancou a porta por dentro e voltou-se para a sessão de arquivos pessoais, mas a pasta que procurava não estava lá. Olhou para a mesa de Clark, cheia de arquivos e alguns documentos para assinar e voilá.
“Lois Lane...”, a ruiva disse para si mesma ao ver o arquivo que procurava sobre a mesa de Luthor. Folheou a pasta lendo algumas informações por alto, mas não pretendia fazer aquilo ali, precisava ir embora. Enfiou os arquivos de Lane dentro de uma pasta de couro contendo outros papéis e seguiu novamente para a porta, destrancando-a. O que ela não esperava era dar de cara com Clark Luthor parado do outro lado ao abrir a porta.
O moreno fitou a irmã com os braços cruzados de uma maneira perigosamente calma.
“Com pressa, Sis?”
“Clark...”, Tess sorriu um pouco sem graça, mas logo adentrou em sua perfeita máscara, “Eu vim aqui ver se você...”
“Se eu estava? Por isso trancou a porta, para que eu fizesse uma entrada triunfante pela janela?”