Capítulo 10

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Quando Clark Luthor acordou, várias horas depois, sentia-se profundamente confuso. Sua vista turva foi tomando forma até perceber que estava em um lugar escuro e fechado, um galpão. Uma forte luz verde imanava de baixo e ele finalmente percebeu que estava de pé, pendurado na verdade. Não podia ver o que o segurava, mas o barulho das pesadas correntes esclareceu a questão no instante em que ele tentou se mexer. Olhou para baixo, contudo: dois a três círculos verdes emanavam do chão, kryptonita. Era aquilo o que o estava enfraquecendo. Clark tentou se soltar lembrando-se que já havia sido vitorioso sobre a kryptonita uma vez, mas foi em vão. Seu corpo estava praticamente dormente pela dor que o tomava, a quantidade da rocha ao seu redor era infinitamente superior à que Oliver Queen utilizara.

 “Finalmente”, uma voz conhecida soou a alguns metros a frente de Clark. Ele levantou a cabeça engolindo em seco e percebeu a cabeleira avermelhada se aproximando na escuridão. Uma pequena luz foi acesa perto dela e Clark pôde ver Tess com absoluta nitidez.

 “Tess...” Clark disse ainda tentando se soltar. Estava sem camisa e parecia ter levado umas porradas enquanto estava inconsciente, a julgar pelo gosto de sangue em sua boca. Percebeu que havia outras pessoas na parte escura do galpão, os seguranças da LuthorCorp que o contiveram no telhado da LM. Ele se voltou para a irmã, “Você foi longe demais..”

 “Não faz idéia do quanto”, Tess respondeu se aproximando mais, “Mas estou fazendo isso por você, Clark. Eu ainda não acredito que você jogou tudo o que tinha fora... E tudo por uma mulher que mal conhece”

 Clark sorriu com o canto de boca, “Não espero que entenda, Tess... Com os poderes que tenho qualquer um me teria como um Deus entre os homens, então esse ‘tudo’ que você fala é nada para mim... A única coisa que eu poderia querer nesse mundo teria que ser maior do que eu, não é?... E o amor é maior do que tudo”

 “Juro que te ouço e não te reconheço falando”, Tess disse fitando-o, “Se não fosse pela cicatriz, eu diria que você ainda é o outro”

 “Posso não ser o outro, mas com certeza sou outro”, ele respondeu.

 “Poderíamos ter ficado juntos, Clark. Mas você me trocou por ela. E agora eu vou te mostrar que não valeu a pena, porque ela não te ama. Ela nunca disse que te amava, já disse?”

 Clark manteve-se calado, já que ainda que os dois tivessem se amado por toda a noite, Lois nunca emitira aquelas palavras. Ele compreendia que ainda levaria muito tempo para que ela pudesse aceitar uma idéia como aquela, mas também estava convicto de que teve Lois de corpo e alma na Fortaleza e a alma não conseguiu esconder que havia algo sim. Algo que a fez lutar por Clark quando nem mesmo ele acreditava que era possível mudar.

 “O que você quer, Tess?” ele enfim questionou, sem compreender as reais intenções da meia irmã com tudo aquilo.

 “Mostrar que você cometeu o maior erro de sua vida me traindo, me trocando por ela. Ela não o ama como eu, nunca amará. Para ela, você sempre será o Ultraman, o assassino do verdadeiro amor dela, Oliver Queen... Um homem sem coração que a mataria na primeira chance. Ela não esqueceu quem você é, Clark, quem você é de verdade... E eu vou te mostrar.”

 Tess fez um sinal para um dos capangas e ele acendeu a luz da parede atrás de Tess. Na verdade era uma grande vidraça, mostrando um outro aposento. Clark enfim reconheceu o lugar onde estava, era um dos galpões da LuthorCorp. Aquilo diante de si não era um vidro comum, mas uma janela espelhada para o outro aposento. Mais luzes se acenderam, dessa vez dentro do outro aposento visto através da janela espelhada, e a silhueta dela enfim se mostrou para seu olhar temeroso.

  “Lois?!” Clark disse contendo o grito, procurando entender o que acontecia. Uma última luz foi acionada sobre a morena e ele enfim interpretou toda a cena. Lois estava pendurada, da mesma forma que ele, sua camiseta suja pelo sangue que escorria de sua boca. A jornalista deu dois fortes suspiros mostrando estar acordada, ainda que não pudesse ver nada a seu redor por conta de uma venda preta que cobria seus olhos. Clark não teve dúvidas que a julgar pelos machucados no corpo de Lois, ela havia sido brutalmente torturada.

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