Capítulo Quatro

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Com um pulo de gato eu corro em disparada a porta do homem que me ajudou horas antes, com um grande desespero ao ver os homens se aproximando eu bato repetidamente forte contra a porta.

Ele a abre com o rosto assustado, passo por ele rapidamente. Vejo que ele os percebe os homens na rua e fica ainda mais sério e fecha a porta com força e a tranca.

Ele vira para mim e eu fico envergonhada. Ele está cheirando a sabão e um perfume próprio de homem. Viro meu rosto vermelho para longe dele.

- Eles me viram de longe e acho que estavam bêbados. - Eu digo nervosa.

- Tudo bem, venha. - Ele diz pacientemente e eu o sigo.

Passamos por um pequeno corredor e chegamos até a cozinha da casa que praticamente era do tamanho do meu antigo quarto.

- Me espere aqui por um instante. - Ele diz e vai embora através do corredor.

Olho com curiosidade para a casa e fico pensativa ao pensar que um homem possa morar em um lugar tão simples como esse. Não tem nada sofisticado, nada atraente.

Ele está segurando uma roupa e uma toalha.

- Toma. - Ele dizentregando-as. - Você precisa de um banho. - Ele diz sério, mas percebo entãoque no fundo ele está se divertindo com a situação.

- Obrigada. - Eu gaguejo.

local que ele aponta e suponho que seja o banheiro, tão pequeno que quase não consigo me locomover. Passo um sabão comum e jogo agua nos cabelos. Nunca pensei que fosse passar por isso na minha vida.

Visto uma blusa e grande que parece um vestido em mim que talvez seja dele, não pergunto e me embrulho com a toalha que mal usei.

Sinto um cheiro bom e ao sair do banheiro o vejo de costas cozinhando. Acho aquilo muito charmoso, nunca tinha visto um homem antes fazendo tarefas domesticas.

Sento em um banco que fica ao lado da mesinha de jantar e ele me entrega um ovo mexido com farinha em um prato simples. Eu agradeço sorrindo e como tudo rápido, nunca pensei que um ovo mexido seria tão bom assim, deve ser a fome.

Comemos calados e ele faz de tudo para não me olhar nos olhos e eu não sei por quê. Quando termino ele pega o meu prato e coloca na pia, e em seguida recusa o meu pedido para lavá-los. Ele me faz ir até um cômodo da casa que eu não queria ir. O quarto dele.

Entro no quarto sem jeito ao olhar a cama, mas ele vira de costas e vai para fora do quarto.

- Espere!- Eu o chamo. - Para onde você vai? - Eu pergunto nervosa.

- Vou dormir na sala. - Ele diz se apoiando na parede. A luz é fraca, mas eu posso perceber cada traço do seu rosto, e que belo homem é. - A proposito, meu nome é Guilherme. Boa noite Isabela. - Ele diz e se vai.

Tento captar a troca de olhares que tivemos segundos atrás e o meu coração acelerado ao ouvir o nome dele e sua voz dizendo meu nome.

- Boa noite Guilherme. - Eu sibilo baixinho e deito na cama.

Com certeza eu não conseguirei dormir essa noite. Nunca pensei que acabaria assim meu aniversário de vinte anos, na cama de um desconhecido.

- Acorda Isabela! - Acordo assustada ao ver Guilherme me balançando na cama para eu acordar. Mas estou tão cansada que meus olhos se fecham novamente. - Eles estão aqui. - Ele diz baixinho e eu fico lucida imediatamente.

- Como assim? - Eu pergunto desesperada.

- Se esconda em algum lugar. - Ele diz rápido olhando para o corredor. - Agora!- Ele diz enquanto olha para mim novamente e então ouvimos batidas fortes na porta e a voz do meu irmão Marcos me faz ficar em pânico.

Sem pensar eu me inclino para baixo para me esconder em baixo da cama, mas ele pega no meu cotovelo apressadamente e faz uma careta.

- Vá para o banheiro. Lá é menos óbvio!- Ele diz baixinho irritado e eu corro para o banheiro sem pensar em mais nada além de me esconder.

Não ouço nada da conversa deles, mas momentos depois eu começo a tremer ao ouvir barulho de botas circularem pela casa. Respirações fortes de homens com raiva e um silêncio assustador. Sinto-me tão criminosa, tão errada.

Grito quando abrem a porta do banheiro com pressa, mas fico em choque ao ver que só era o Guilherme.

- Pronto. Eles já foram. - Ele diz me olhando nos olhos com determinação.

- Você me assustou!- Eu brigo com ele. - Mas obrigada por me salvar deles mais uma vez. - Eu digo sem jeito e não consigo capturar nenhuma emoção dele.

- Já que ajudei você agora quero que você me pague e vá embora. - Ele diz sério e meu coração se acelera mais vez.

- Guilherme, por favor, eu não tenho para onde ir. - Eu digo choramingando. - Eu. - Procuro as palavras que me salvem agora. - Posso ficar só mais essa noite e amanhã eu prometo que irei embora. - Eu digo rápido

Ele fecha os olhos com força e quando os abre estão muito irritado.

- Quem você pensa que eu sou? - Ele diz se aproximando. - Você não sabe nada sobre mim, me faz te ajudar sem que você pague meus serviços. - Ele diz determinado e nunca tinha visto um homem tão furioso tão de perto. Eu sem querer bato a bunda na parede do banheiro e ele não para de se aproximar e os meus olhos ficam arregalados. - Eu poderia fazer o que quisesse com você agora. - Ele diz baixinho me deixando em pânico. - Mas eu não sou esse tipo de cara.

- Posso não te conhecer a muito tempo, mas sei que você é um homem bom.- Eu digo e ele ri das minhas palavras. - Você não tinha motivos para meajudar, mas mesmo assim o fez duas vezes. - Eu digo baixo. - Eu confio emvocê!- Eu digo olhando séria para ele, nossos olhares estão conectados pela primeira vez.



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